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Paulo Júlio

Aproximar ou entreter?

6 de Março 2020

As portagens da A13 voltaram à agenda do dia. É um tema pertinente, desde logo, porque o preço das portagens é demasiado elevado e porque supostamente esta via poderá ser uma alavanca de desenvolvimento do Pinhal Interior.

Quando se fala de desenvolvimento, de alguma forma dever-se-ia falar de aproximação a um território que é caracterizado pela sua baixa demografia. Quando se fala de desenvolvimento aqui, fala-se de alguma actividade industrial, logística, turística e de aproveitamento de recursos endógenos. Se assim é e se se pretende agir através de medidas de descriminação positiva, o que faz sentido é reduzir substancialmente o preço das portagens para todos os que lá passam em vez de inventar uma medida absurda que condiciona um desconto a um determinado número de passagens, lembrando aqueles cartões de fidelização utilizados em vários serviços.

A medida proposta não faz sentido porque não beneficia os turistas que possam vir ao território, a não ser que venham várias vezes por mês. A medida proposta não faz sentido porque não promove o desenvolvimento e a utilização de uma via estruturante para a região. Percebo que medidas desta tipologia podem ser replicáveis em várias regiões de Portugal, mas se, agora, até temos direito a uma pasta ministerial para o Interior, ou esta se se justifica com medidas claras e estruturantes ou se continuamos com estas meias-tintas, jamais haverá o impacto pretendido.

Todos já perceberam que medidas para valorização do interior têm de ser simples e impactantes, ou não terão nenhum resultado. Para atrair pessoas para estes concelhos do Pinhal Interior é preciso tomar decisões que os aproximem, em tempo, dos centros urbanos principais, nomeadamente Coimbra e Castelo Branco. Uma pessoa que saia de Pedrogão Grande para Coimbra, se vier pela A13, gastará 40 minutos, mas se vier pelo IC3, nunca fará menos de uma hora, para além dos ganhos de segurança rodoviária. Se falarmos de uma vinda a uma consulta, o que nos propõem é que têm de repetir a viagem para ter um desconto. Quando uma empresa calcula um preço de um produto, incluirá sempre o custo logístico, pelo que o eventual benefício de descontos generalizados nas portagens têm impacto directo nas empresas da região e indirecto quando recebem produtos provenientes de outras origens, por via rodoviária.

Com descontos generalizados haverá melhores acessibilidades e a região pode realmente beneficiar nas suas várias vertentes económicas, porque mesmo uma família que vem passar um fim-de-semana, gastará menos e poderá vir mais vezes. Se não percebemos isto, fica difícil. Se não queremos tomar medidas com impacto, diria que, vale mais estarem quietos.


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