Era uma vez um homem já com alguma idade que gostava muito do Natal. Gostava tanto do Natal que todos os anos se voluntariava para ser um Pai Natal. Sim! Um Pai Natal de barba branca, vestido de vermelho e com o seu saco de prendas às costas.
Gostava da época. Gostava da árvore enfeitada de luzes a piscar. Gostava de olhar para o presépio, tradição que toda ou quase toda a gente tem num cantinho da sala.
Não raras a vezes que ficava a olhar as luzes numa qualquer casa. As figurinhas ali colocadas enterneciam-no pela ingenuidade da sua colocação. É que em quase todos os presépios as figuras retratam artes e ofícios nos bonequinhos que se compram na feira.
Além da gruta com o Menino, S. José e Nossa Senhora, há o pastor e as ovelhas, o homem da flauta, a lavadeira junto do moinho que com um pouco de habilidade do dono do presépio, move as velas mesmo sem vento por perto.
Isto tudo admirava o Pai Natal quando entrava pelas chaminés.
Este ano, ainda de pijama vestido, foi ver se o seu fato vermelho estava colocado na cadeira do costume. Tudo direitinho! Sentou-se no sofá, pensou mais uma vez onde iria levar as prendas. Pensou no que podia levar do armazém. Era no armazém que se juntavam à noite. Já se imaginava a dar presentes. Muitos presentes. Ficou por casa a dar mais umas voltinhas. Com toda a calma vestiu-se. Foi até ao espelho observar se estava tudo bem. Perfeito! Não olhou para o relógio colocado no centro da sala. Nem se lembrou!
Chegou ao armazém e com grande espanto, viu que todos dormiam. Pé ante pé procurou um cantinho, mas não havia. Procurou mais até que ouviu uma voz:
– Caramba! É sempre a mesma coisa! Sempre atrasado! Todos os anos! Já era tempo de olhares para o relógio antes de saíres de casa.
Lá se acomodou. Ainda fizeram shiuuuuu. Já estava quentinho e não disse nada. Adormeceu.
Dormiu e sonhou. Quando acordou viu que todos já tinham partido.
Esfregou os olhos ainda ensonado. Ninguém!
Levantou-se e quando se dirigiu ao monte onde estavam as prendas também já pouco restava. Apenas umas bolas, uma boneca de pano e um carrinho de lata. Eles, os outros Pais Natal tinham levado tudo, ou quase tudo!
Agarrou no saco quase vazio e saiu do armazém. Não tinha transporte. Tinham-no levado também. Pronto! Ia a pé. Desceu as escadas do armazém e foi andando. Foi vendo que as chaminés já tinham sido visitadas pelos outros. Foi espreitando. Sempre o mesmo.
Sentou-se num banco do jardim, muito cansado. Colocou a cara entre as mãos, desalentado. Algum tempo depois, levantou a cabeça, disposto a voltar para casa.
– Este ano não visitei ninguém!
Muito desanimado, olhou mais uma vez e viu que uma janela estava iluminada. A única com luz.
Dirigiu-se até lá. O que viu? Uma avó que contava uma história aos netos. Já que não tinha prendas ouviria a história. Subiu ao telhado e desceu pela chaminé.
Depois de descer olhou em redor. Todos muito admirados de ver ali o Pai Natal. Não era costume ele chegar com as pessoas acordadas. Bem! Este era um Pai Natal muito especial. Sentou-se num cadeirão pousado em frente à lareira. Abriu o saco e deu o que tinha: umas bolas e uma boneca e o camião de lata.
Adormeceu! E mais uma vez sonhou que tinha dado muitas prendas. As mãos dos meninos no ar à espera. Este ano tinha sido diferente. Deu o que tinha, ouviu a história contada pela avó e dormiu um belo sono.
Acordou já o dia ia alto, mas com a sensação de alegria. Para o ano iria cedo… ou não!
Que bom Natal eu tive este ano!
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