Já lá vão 75 anos. O Grupo Musical Gesteirense (GMG) festeja amanhã as ‘bodas de diamante’, com um programa simples mas repleto de significado perante tão importante data.
Longe vão os tempos que deram origem à filarmónica, desde a embrionária Banda da Gesteira, regida por Venceslau Madeira, à legalização do GMG naquele Junho de 1944.
E a música soou. “Com muito trabalho e ajuda de pessoas de influência foi conseguida aprovação eclesiástica em 1947. Apareciam muitas festas que se faziam com agrado das populações, mas faltava o fardamento. Após muito trabalho quase gratuito conseguiu-se o fardamento, mas faltava a sede. Com a ajuda da população, nomeadamente da juventude e da direcção da época, conseguiu-se uma sede em 1955”, relata a página da Internet da colectividade.
A guerra colonial e a emigração não permitiu honrar compromissos e em 1965 a banda entra num período de inactividade que se estende até 1983, altura em que uma nova direcção liderada por Manuel Nunes Cordeiro e sob a batuta do maestro António Varino “conseguiu pôr novamente a escola de música em funcionamento e, consequentemente, a banda recomeçou as actividades que desde então não mais pararam”.
“Há três anos o GMG passou por momentos um bocado mais baixos, mas agora felizmente, desde há um ano e meio, que estamos a recuperar bastante, com muitas crianças e jovens na escola de música. Estamos num momento bom, ideal para assinalar uma data que é significativa ”, congratula-se ao TERRAS DE SICÓ o presidente da direcção Henrique Silva, ainda na memória com o período difícil vivido em 2016 com o abandono de vários músicos. O dirigente e seus pares tomaram posse em 2018, apostados em fazer crescer a filarmónica.
Valor às filarmónicas
O GMG conta com 30 alunos na escola de música e quatro dezenas na filarmónica. “Claro que queremos sempre mais, mas é um número significativo”, afirma Henrique Silva, confirmando também que a banda tem tido um crescimento de actuações em festas religiosas e concertos. “Nós e também as outras filarmónicas éramos contratados para festas, arruadas e procissões, mas concertos muito poucos. Agora estamos a notar um aumento das solicitações para concertos. Se calhar as pessoas estão a dar mais valor às bandas filarmónicas”, refere.
Sem problemas de instalações, pois a sede foi ampliada e requalificada recentemente, o presidente da direcção aponta a vertente financeira como aquela que é preciso prestar mais atenção. “Manter uma filarmónica exige algum dinheiro, porque entre maestro, água, luz e outras despesas são sempre à volta de 1.000 euros por mês. Felizmente, a Câmara de Soure apoia-nos, os sócios do GMG também nos vão apoiando, mas é sempre difícil, pois ao fim do ano, pelo menos, são precisos 12.000 euros, isto sem a aquisição de instrumentos e fardamento”, constata Henrique Silva.
A escola de música é a “menina dos olhos” dos directores. Os ensaios decorrem ao fim-de-semana ou durante a semana, ajustando aos horários lectivos dos alunos, cujo “recrutamento” é feito em “idas às escolas, sobretudo, primárias, fazendo actividades como a escola de música aberta, para que as crianças possam experimentar instrumentos e se lhe tomarem o gosto continuem connosco”, explica o dirigente.
Soure tem um passado e um presente rico em filarmónicas, tendo actualmente cinco bandas em actividade, duas das quais na União de Freguesias de Gesteira e Brunhós (GMG e Banda do Cercal). “Não há rivalidade, somos todos amigos, precisamos todos uns dos outros”, salienta Henrique Silva, elogiando o programa ‘Filarmonias’, que a autarquia sourense realiza anualmente levando concertos das bandas do concelho às diversas freguesias.
Domingo de festa
O programa comemorativo do 75.º aniversário está marcado para este domingo (22), com início pelas 9h00. O hastear da bandeira e a habitual romagem ao cemitério dão começo à festa. Para as 10h15 está marcada a missa em sufrágio dos executantes, directores e sócios falecidos. O almoço comemorativo que se seguirá juntando a ‘família GMG’ vai permitir recordar vivências de décadas e perspectivar os dias de amanhã.
Para as 15h30, na Igreja Matriz da Gesteira, está programado um dos momentos altos da jornada festiva, com o concerto pela Filarmónica do GMG, dirigida pelo maestro Ricardo Gabriel.
LUÍS CARLOS MELO
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM