Sónia nem queria acreditar quando naquela manhã de Setembro último chegou à loja comercial que dirige no centro da Granja do Ulmeiro. Porta arrombada, malas, carteiras, mochilas e outro material de papelaria haviam “voado” às mãos dos amigos do alheio. Eles que desde o início do Verão espalham um clima de insegurança naquela localidade e arredores, com uma série de assaltos que continua a deixar preocupada aquela gente.
A loja de Sónia foi apenas mais um. Não o primeiro e muito menos o último. “Ainda me custa falar nisso”, diz. As autoridades estiveram no local, mas até agora nada quanto aos autores. Não sabe quem foi e “até prefiro não saber”. Lamenta ainda que “ninguém faça nada” quando se trata de casos como este que “chamam de pequenos furtos”.
Uma das maiores vítimas dos larápios tem sido o Grupo Desportivo Ulmeirense (GDU) e o pavilhão municipal que serve de albergue às suas actividades, nomeadamente à prática do futsal. Desde Julho já lá vão quatro (!) assaltos, o último dos quais na noite do passado dia 9.
“Este mexeu mais connosco, porque tocou na parte afectiva e implica com a nossa actividade principal que é a prática do desporto”, salienta João Meco, vice-presidente da colectividade, contabilizando o desaparecimento de “perto de 30 equipamentos de jogo, personalizados e facilmente identificáveis, comprados na sua maioria pelos próprios jogadores”.
Nas “visitas” anteriores desapareceram bebidas, produtos alimentares, máquinas de café, duas televisões e… uma carrinha, que viria a ser localizada e recuperada depois.
No GDU, a factura dos furtos já ronda os 2.500 euros, “valor por baixo”, realça o dirigente.
O pavilhão fica localizado junto à EN 347, numa zona mais isolada em relação à área habitacional, tornando menos visível a acção dos assaltantes e facilitando a sua actuação.
Portas e grades danificadas têm sido substituídas, por conta da Câmara Municipal de Soure, proprietária do equipamento. O autarca Mário Jorge Nunes lamenta a demora em colocar a mão aos causadores dos prejuízos.
“Isto está a começar a tomar proporções de insegurança e de algum medo na população”, refere, por seu turno, João Meco, adiantando que por agora têm sido visadas associações e estabelecimentos comerciais, “poupando” as habitações, mas “é natural que as pessoas com casas um pouco mais isoladas comecem a ter algum receio”.
“Quatro ou cinco”
Na Granja do Ulmeiro não há quem não conheça a(s) história(s) desta onda de assaltos que teve início há cinco meses. Todavia, são poucos os que estão dispostos a dar a cara. A reportagem do TERRAS DE SICÓ andou por ali e percebeu o medo de represálias. Há quem fale, sim, mas “não ponha o meu nome”.
Porquê? A explicação pode ser simples. “Toda a gente sabe quem eles são. Malta nova, quatro ou cinco, aqui das redondezas, que sabe bem as rotinas dos locais que assalta e se move muito bem na Granja e arredores”.
Um, já com histórico, terá sido apanhado em flagrante delito poucos dias antes do último assalto ao pavilhão e detido. Com ele preso, os furtos continuaram…
Cabe às autoridades deslindar o(s) caso(s) e validar, ou não, estas informações.
Impotência da GNR
O presidente da Junta de Freguesia da Granja do Ulmeiro mostra-se “muito apreensivo”. Manuel Aires afirma que se nota na população “um sentimento de preocupação e até medo das próprias habitações serem assaltadas”.
“Até agora têm sido lojas comerciais e associações desportivas, mas amanhã pode começar nas habitações”, receia.
O autarca assinala “uma impotência da GNR” perante as ocorrências, sublinhando que a autoridade “faz o que é possível, mas o trabalho que tem feito é infrutífero”.
O TERRAS DE SICÓ procurou junto da GNR mais esclarecimentos sobre o número de situações reportadas nos últimos meses e as diligências em curso, mas esbarrámos na burocracia das “autorizações superiores” e as respostas não chegaram.
Alfarelos também sem sossego
Em Alfarelos, paredes-meias com a Granja do Ulmeiro, também não tem havido sossego nos últimos meses. Um laboratório de análises, a extensão de saúde, uma peixaria e um café, este duas vezes, já foram assaltados. Também aqui dinheiro, tabaco, bebidas e produtos alimentares estão entre os alvos preferidos dos larápios. “As pessoas andam muito preocupadas e acho que ninguém consegue entender o que se passa. Coisas roubadas têm sido encontradas, há todos os indícios e depois não se conclui nada. Não digo que a culpa seja da GNR, mas se calhar é das instâncias superiores”, afirma a presidente da Junta de Freguesia de Alfarelos, Rosa Colaço, denotando também ela inquietação com o sucedido.
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM