Soure poderá vir a ter em funcionamento uma escola avícola se avançar um projecto do grupo Lusiaves para um terreno de 200 hectares na freguesia de Samuel.
A intenção desta aposta na formação académica e técnica foi revelada pelo presidente daquele grupo, Avelino Gaspar, na conferência Invest Soure 2020, organizada pela Lusiaves, no passado dia 28 de Outubro.
“Temos um projecto avícola para um terreno, onde também queríamos fazer uma escola avícola para leccionar cadeiras em contexto de sala de aula, com professores para dar formação teórica e depois teríamos a formação prática nas actividades avícolas que o grupo tem no concelho”, explicou o administrador.
A Lusiaves está instalada em Soure desde 2009, com núcleos de produção avícola nas quintas da Cruz, São Tomé e Guerres, e mais recentemente através da empresa Lusiterra, que se dedica à produção agrícola e florestal, gerindo as várias quintas do grupo.
À margem da sessão, Avelino Gaspar adiantou ao TERRAS DE SICÓ que aquela pretensão é “um contributo que demos ao concelho de Soure para a revisão do Plano Director Municipal”, que terá de sofrer uma alteração para o projecto poder vir a seguir em frente.
“Temos um projecto avícola para uma pequena parte da propriedade de 200 hectares que adquirimos recentemente e no resto [do terreno] gostaríamos de fazer uma escola avícola”, confirmou o responsável máximo do grupo, reforçando o vector da formação como essencial para o desenvolvimento da actividade naquele sector e merecedora de “investimento constante”.
Avelino Gaspar refere que o projecto avançará “logo que se consigam reunir as condições”.
Ao TERRAS DE SICÓ, o presidente da Câmara, Mário Jorge Nunes, salientou que a autarquia está aberta a propostas que assumam um carácter inovador e diferenciador, sublinhando que o executivo “está a estudar” a proposta apresentada pela Lusiaves.
O líder daquele grupo revelou ainda que foi igualmente apresentado à Câmara de Soure um outro projecto para “uma unidade de transformação mais avançada de refeições prontas, de produtos elaborados, na ponta final da indústria de transformação da carne” que aguarda ainda localização.
Falta mão-de-obra
A conferência Invest Soure 2020, promovida pelo grupo Lusiaves, ficou marcada pelo debate em torno de como acelerar a economia local, moderado pelo jornalista Camilo Lourenço.
A falta de mão-de-obra para recrutar foi um dos pontos críticos assinalado como um dos constrangimentos ao desenvolvimento empresarial, com Avelino Gaspar a defender uma redução dos incentivos “para que as pessoas não façam nada”. “Se damos um subsídio às pessoas muito próximo do salário que teriam a trabalham, estamos a convidá-las a ficar em casa”, frisou. Para colmatar o défice de recursos humanos, a Lusiaves foi apontada pelo moderador do debate como um bom exemplo de recrutamento de cidadãos estrangeiros, recém-chegados a Portugal, para trabalhar nas suas empresas.
Fernando Carlos Alves, director regional de Agricultura e Pescas, aludiu ao facto de no sector que tutela haver empresários que “cerceiam os seus investimentos por falta de mão-de-obra”.
Camilo Lourenço indicou ainda a baixa produtividade lusa como um obstáculo a ultrapassar. “Nós fazemos em 40 horas o que os alemães fazem em 32”, exemplificou.
No evento foi ainda apresentado, por Pedro Saraiva, um estudo realizado pela Universidade Nova e já anteriormente referenciado pelo TERRAS DE SICÓ, sobre o impacto da Lusiaves em Soure. O documento mostra que a presença da empresa representa um acréscimo anual de mais de dois milhões de euros à economia do concelho e um incentivo à produção agrícola, nomeadamente de milho.
Segundo o mesmo estudo, mais de 2% da população activa de Soure trabalha para aquele grupo, contribuindo para a fixação de população.
Na média dos últimos três anos, o valor acrescentado bruto gerado pela Lusiaves no concelho é superior a 11,5 milhões de euros, e o montante pago anualmente em impostos, taxas e licenças municipais é de 113.000 euros.
A conferência que decorreu no pavilhão multisusos local “foi uma oportunidade que tivemos para mostrar algumas das muitas coisas que fazemos, mostrarmos à comunidade sourense o que temos para fazer, o que queremos fazer, com respeito por toda a sociedade envolvente”, sintetizou Avelino Gaspar, realçando que o grupo Lusiaves é “100% português” e denota quotidianamente “uma preocupação com a sustentabilidade ambiental”.
LUÍS CARLOS MELO
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM