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Condeixa: Novo quartel teima em não sair do papel

23 de Novembro 2019

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários comemora o 42.º aniversário da corporação no próximo dia 1 de Dezembro, mas os motivos para festejos para os lados da avenida Visconde de Alverca parecem ser poucos. “Não foi um ano fácil, bem pelo contrário. Perdemos tempo demais com os projectos do novo quartel”, assume o presidente da direcção, Gustavo Santos.

Um ano depois do “convite” para a inauguração da obra a 24 de Julho de 2020, feito nas comemorações do aniversário em 2018, o projecto teima em não sair do papel e “vou ter de pedir desculpa às pessoas que convidei”.

“Estamos numa situação em que nem sabemos quando vai ser inaugurado, se é que vai ser inaugurado”, dramatiza o dirigente, ainda à espera que a obra seja licenciada pelos serviços camarários, quando “esperávamos já ter lançado o concurso público”.

Gustavo Santos adianta que “não podemos pensar no financiamento da obra sem ter o projecto licenciado. E antes disso ainda temos de reunir com a câmara municipal para clarificar algumas situações que estão menos claras neste momento”, afirma.

“Os Bombeiros não podem ir buscar um crédito bancário sem ter as ‘costas quentes’ pela Câmara e o grande problema é que não há disponibilidade financeira para cumprir o protocolo assinado”, salienta o líder da associação humanitária, sublinhando que “temos de focar todas as nossas forças no desbloquear da situação”.

“Triste e revoltado”, Gustavo Santos recusa ter dado ‘passos maiores que a perna’ num projecto de tal envergadura. “Todos os passos que demos foram medidos com cabeça, tronco e membros, os outros é que depois falharam, porque se fosse cumprido tudo o que estava falado, estávamos muito bem”, frisa.

Com o novo quartel a marcar passo, também as finanças da associação se começam a ressentir. “Já estamos numa altura em que não podemos brincar muito com o dinheiro, porque começa a escassear. Não podemos esquecer que pagámos 200.000 euros por um terreno e um projecto que vai em 47.000 euros mais IVA. Quando temos um saco de onde começamos a tirar dinheiro e não entra nenhum é uma carga de trabalhos”, afirma o dirigente, lembrando, no entanto, a “conta grande” que a associação tem a receber de dívidas, sobretudo dos hospitais.

Por todas estas razões, as comemorações de mais um aniversário, no próximo dia 1, “vão ser singelas”. Pela manhã, há a tradicional romagem aos cemitérios de Anobra, Condeixa-a-Velha e Condeixa-a-Nova, missa na igreja matriz (9h30) e desfile motorizado por algumas aldeias do concelho. À tarde, a sessão solene tem início pelas 16h00, com destaque para as habituais condecorações aos bombeiros por anos de bons serviços prestados. “Vão receber o ‘ordenado’ de vários anos de trabalho”, refere Gustavo Santos.

 

Incentivos ao voluntariado e formação preocupam comandante

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Condeixa partilha das preocupações quanto aos atrasos na construção do novo quartel, sublinhando os constrangimentos que o actual colocam à operacionalidade da corporação. A renovação da frota é outra das inquietações de Fernando Gonçalves, sobretudo ao nível de ambulâncias e veículos de combate a incêndios florestais, cujo mais novo “tem 20 anos”, mas há que aguardar por dias mais desafogados. Este ano as comemorações de aniversário não terão a bênção de qualquer viatura.

O corpo activo conta com 110 elementos, já contabilizados os 11 estagiários que no próximo dia 1 serão promovidos a bombeiros de 3.ª classe. “Dentro do panorama nacional é um número de efectivos muito bom”, sublinha. Em curso está também mais uma escola de formação com 15 elementos.

As indefinições nacionais em torno dos incentivos ao voluntariado criam algum desgaste nos operacionais, reconhece o comandante da corporação de Condeixa. “Enquanto não se parar e se rever o processo do voluntariado em Portugal, o corpo activo vai perdendo a motivação, porque praticamente não existem incentivos”, afirma Fernando Gonçalves.

O comandante regista ainda a necessidade de alterar o financiamento na formação de bombeiros em novas áreas de intervenção, como ocorrências com veículos eléctricos, escoramentos ou incêndios em matérias perigosas, “a maior parte dela a ter de ser paga”.

“São matérias muito específicas e as entidades competentes não estão a financiar esse tipo de formação”, denuncia.


  • Director: Lino Vinhal
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