A Académica merece um corpo directivo esclarecido e que saiba esclarecer. A Académica tem hoje uma situação desportiva inesperada e difícil, e uma situação financeira que é o resultado da falta de estratégia e de trabalho consequente. Bem sabemos que a 2.ª Liga traz sempre situações mais exigentes, mas, por isso mesmo, deveria trazer gestão mais cuidada, mais criativa e mais laboriosa.
Feito o intróito, alguns meses após umas eleições onde a lista vencedora adoptou uma estratégia de esconder ao que vinha e, lembro-me bem, só a um par de dias do acto eleitoral, depois de ter sido reiteradamente desafiado, o então candidato a Presidente da AAC veio dizer que tinha uma proposta de conversão da SDUQ em SAD. Nunca falou em maioria de capital externo. É verdade que também não disse o contrário. Ou seja, omitiu o modelo e ainda teve tempo para afirmar que havia plano B.
Ao que parece, pelo que tem vindo a público, numa semana, a actual Direcção pretende fazer uma alteração de estatutos que, hoje, não permitem que haja uma SAD em que o Clube tenha minoria, para na semana seguinte, aprovar o dito modelo societário porque, agora, é a única solução para a Académica. Portanto, não há plano B.
É surreal que a Académica esteja a ser tratada desta forma. É falta de transparência que este plano, que existe há muitos meses, não tenha sido tornado claro durante a discussão eleitoral para que todos tivessem decidido na clareza das opções. Esta “inevitabilidade” que resulta numa solução a “mata cavalos”, a passar nas Assembleias de sócios, conduzirá a uma mudança de nome e de símbolo, uma vez que a Direcção- Geral da AAC já tomou posição clara sobre o assunto. Se a SAD a constituir tiver maioria de capital externo, a Académica deixará de existir, tal como a conhecemos.
Uma decisão desta importância não pode ser conduzida desta forma. A ideia de que a SAD é a única solução é uma narrativa que faz caminho proporcional com os insucessos desportivos, e esta Direcção percebeu-o. E nem sequer sabemos qual foi o negócio que, entretanto, já deve ter sido “falado”. A SDUQ tem um passivo grande, mas cerca de 60% das dívidas são ao Clube, ou seja, essa parte facilmente se resolve com um mero aumento de capital. A restante situação terá de ser resolvida com competência e com tranquilidade porque a fragilidade de uma das partes, jamais trará bons resultados.
Isto tudo para não perguntar quem é que defende a posição da AAC , em todo este processo. Infelizmente, havia razões para ter havido uma lista opositora cujo móbil principal era exactamente a soberania da Académica. Não é filosofia ou utopia. É sim, responsabilidade porque a Académica não se pode deixar de chamar Académica. É sim, bom senso, porque este negócio, ao que se sabe, é ruinoso para o clube e chorudo para uma das partes. A marca Académica vale muito dinheiro, mas o Banco de Minas Gerais já sabe que provavelmente, será dono de 72% do capital de um Clube cujo nome não pode ser esse, pelo que desvalorizou em conformidade.
Esperamos todos que as instituições da cidade, os sócios e os conimbricenses percebam, agora, o que está a ser arquitectado porque esta SAD é feita à medida. À medida da inépcia desta direcção e do interesse de uma entidade que nem sabe que Coimbra tem um Clube com simpatizantes espalhados pelo mundo. Aqui, quando se canta que Coimbra tem mais encanto na hora da despedida, quando se grita FRA e quando se chora a ouvir um fado, não há lugar para “isto”.
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