A imprensa regional é determinante nos dias de hoje, porém, nem sempre lhe reconhecemos a sua devida importância e vai até passando despercebido no nosso quotidiano.
Contudo, se analisarmos esta questão em profundidade, percebemos que efectivamente a imprensa regional assume um lugar de destaque no nosso dia-a-dia enquanto cidadãos e habitantes de uma determinada região. Basta para isso atender a toda a dinâmica de trabalho que esta imprensa emprega, nomeadamente, naquilo que é o seu trabalho de proximidade com as comunidades locais o que, consequentemente oferece um conhecimento mais profundo e completo sobre as matérias, dando por isso uma maior credibilidade e honestidade na difusão da sua informação. Pode mesmo afirmar-se que chega a prestar verdadeiramente um “serviço público”, valorizando sempre mais o local e a região onde actuam, espelhando os verdadeiros problemas, preocupações e necessidades, bem como todos os méritos que devem ter um reconhecimento público e que, por falta de oportunidade ou de meio de comunicação, não são devidamente prestados, contribuindo, de modo ímpar para a preservação do património cultural, histórico e social local e regional.
Ainda de acordo com um estudo promovido pela Associação da Imprensa Não Diária, os jornais regionais passaram a ser mais lidos do que os diários nacionais em todos os distritos de Portugal, excluindo Lisboa e Porto. Ora, deste segmento facilmente se extrai duas ideias fundamentais: o relevo e o papel que este género de imprensa assume e ainda que os leitores continuam a privilegiar a qualidade que é oferecida por esta tipologia de imprensa, por conseguir obter com fidelidade as informações prestadas pelo contacto mais directo e estrito que têm.
Deve entender-se que o jornalismo regional proporciona e oferece informações que não costumam circular nos grandes órgãos de comunicação, nem com a mesma credibilidade na fonte, uma vez que, quem produz a notícia procura-a necessariamente no terreno e por isso mesmo, esta metodologia de trabalho produz uma estreita afinidade entre a comunidade e o próprio jornal.
Tudo isto traduz a própria voz dos leitores, espelha verdadeiramente o dinamismo da vida das comunidades, dando “voz” aos talentos desconhecidos e esquecidos, privilegiando as raízes e tradições que se vão diluindo no tempo.
Esta qualidade na informação prestada é a principal e forte característica da imprensa regional nos dias de hoje e é aqui que reside a grande diferença. É um forte argumento e verdadeiramente uma “arma de arremesso” para combater os grandes meios de comunicação, não conseguindo estes obter a mesma qualidade e segurança na fonte como a imprensa regional dispõe.
Não obstante, a imprensa regional confronta-se com uma grande dicotomia e um desafio próprio do século XXI. O facto de hoje vivermos já numa era digital, onde a própria sociedade actual está cada vez mais exigente e prefere “consumir” on-line, ao invés de comprar o tradicional jornal de papel, pela rapidez, pragmatismo e eficácia que oferece.
Será, naturalmente, esta a maior exigência com que o jornalismo regional se pode confrontar. E parte da sua “sobrevivência” dependerá da capacidade que terão de se afirmarem perante esta necessidade, bem como pela forma como vão corresponder e acompanhar as exigências do público que, sem dúvida, hoje prefere aceder à informação da forma mais imediata possível, sem que, para isso tenham de generalizar as notícias e a informação obtida. Não devem assim abdicar daquilo que lhes é reconhecido como característica essencial: a sua qualidade e honestidade na informação dada.
Porém, não cabe somente à imprensa regional adaptar-se e adequar-se às necessidades exigidas pela sociedade actual, de forma a subsistir e corresponder às exigências dos cidadãos, acompanhando toda a evolução tecnológica que é próprio do nosso tempo. Importa não esquecer que cada um de nós também assume um papel preponderante nos dias de hoje para a imprensa regional, cabendo também em nós parte da sua subsistência e longevidade, devendo sempre privilegiar a qualidade e a relação intersubjectiva que existe entre o cidadão-local e a imprensa regional.
Esta proximidade é de facto o pulmão da existência destes humildes mas valorosos meios de comunicação que precisam de, cada vez mais de vendas, apoio e sobretudo, leitura!
* Advogada
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