A presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere, Célia Marques, está convicta de que o paradigma do concelho vai mudar em breve. Os próximos anos serão de desenvolvimento potenciado pelos muitos projectos que vão avançar até ao final do mandato, mas também pela actividade empresarial em crescendo.
TERRAS DE SICÓ (TS) – Está a meio do mandato. Está satisfeita com o trabalho desenvolvido?
CÉLIA MARQUES (CM) – Ainda há muito trabalho a fazer. Existem muitos projectos que estão em desenvolvimento e outros que nem estão iniciados fisicamente. Nesse sentido, sinto que ainda não conseguimos mostrar grande parte do trabalho que estamos a realizar. A minha expectativa é que, ao longo dos próximos dois anos, ainda se consiga concretizar grande parte deles.
Neste quadro comunitário sentimos uma grande diferença. Afinal, somos um território que ao nível da educação já tinha investido nos dois centros escolares, por isso neste sector não fomos buscar qualquer financiamento. Na saúde também já tínhamos construído a nova Unidade de Saúde Familiar, pelo que foi mais uma área em que não conseguimos verbas. E no património cultural, este quadro comunitário apoia exclusivamente património classificado pela UNESCO ou Nacional, todavia o Município de Alvaiázere tem apenas património classificado municipal, que não tem qualquer financiamento. Por outro lado, este quadro comunitário só tem apoio financeiro para reabilitações nos centros urbanos das sedes de concelho, mas temos alguns espaços urbanos fora da sede de concelho que precisam de ser requalificados, como o centro de Maçãs de D. Maria e Cabaços, para os quais não conseguimos financiamento. O mesmo acontece com a praia fluvial de Maçãs de D. Maria.
Assim, sentimos muito esta mudança, pois no passado conseguíamos financiamento para os projectos que apresentávamos e nesta altura não. Sem apoio comunitário, temos de olhar para estes projectos de forma diferente e redefini-los para que a autarquia tenha autonomia para os executar.
TS – Quais os projectos que vão avançar até ao final do mandato?
CM – Muitos. Temos muitos em fase de projecto que espero, entretanto, avançar para obra. Desde logo a Zona Industrial (ZI) de Rego da Murta e a 1.ª fase do PARU, para os quais vamos lançar concurso público em Outubro, enquanto esperamos pelo visto do Tribunal de Contas para iniciar os trabalhos.
Também as obras para o Mercado de Sicó, em Almoster, deverão arrancar este ano. Estamos apenas à espera da abertura de candidaturas para submeter o projecto no âmbito da Associação Terras de Sicó, em parceria com o município.
E temos outros projectos com as obras a decorrer, que deverão estar concluídas até ao final do ano. Falo da Plataforma Empresarial e da Loja do Cidadão previstos abrir ainda este ano. Também as Piscinas Municipais estão a ser alvo de intervenções e as expectativas é que estejam terminadas até Dezembro.
TS – Com a abertura da Loja do Cidadão, o edifício das Finanças fica apenas com o último piso ocupado com a incubadora…
CM – O Município quer ficar com a posse desse edifício. Já foi a pensar nisso que aceitámos a transferência de competências de gestão dos edifícios do Estado. Temos todo o interesse em gerir esse espaço e o antigo centro de saúde, que está desocupado. Tanto um como outro estão muito bem localizados no centro na vila, pelo que temos toda a ambição em chamar a nós esses espaços e dar-lhes outra centralidade.
TS – Como está o processo de construção da ZI de Rego da Murta?
CM – O Município fez um grande investimento para a nova ZI de Rego da Murta que não é perceptível a grande parte da população. Este era um projecto que não estava previsto em Plano Director Municipal (PDM), o que obrigou o executivo a reestruturar o plano no sentido de criar uma nova zona industrial naquele espaço e a adquirir cerca de 16 hectares de terrenos na ordem de meio milhão de euros. De Janeiro a Junho conseguimos suspender PDM, fazer novo plano por forma a viabilizar esta obra, elaborar o projecto, adquirir os terrenos, registar o novo loteamento e submeter uma nova candidatura. Foi um trabalho hercúleo, mas felizmente conseguimos cumprir os prazos estipulados pela Comissão de Coordenação. Agora, estamos com muita expectativa que esta candidatura de quase dois milhões de euros seja aprovada. Fará toda a diferença para o futuro deste território, pois temos muitas empresas interessadas, o que significa que acreditam no potencial deste concelho.
A nossa expectativa é iniciar as obras da urbanização ainda este ano. Para isso, já veio a Assembleia Municipal uma revisão ao orçamento 2019 no sentido de incluir este projecto, cujo concurso público será lançado este mês.
Tenho-me focado imenso no desenvolvimento empresarial. E prova disso é a incubadora que tem cerca de 15 empresas e muitas outras sediadas virtualmente com projectos apoiados no quadro comunitário. Estamos a falar de investimentos na ordem de 30 milhões de euros, o que é muito positivo. Neste âmbito, o Município está também a apoiar financeiramente o início da actividade empresarial de muitos jovens para mantê-los no concelho.
A população não tem esta percepção porque realmente é algo que não se vê e só dará o seu fruto daqui a 15/20 anos. Grande parte das pessoas está habituada a obra física (estradas, edifícios…), mas Alvaiázere precisa de empresas, de criar actividade económica e de ter um tecido empresarial forte, daí ter escolhido este como o meu grande foco, mesmo em detrimento de outras áreas.
No próximo ano já se vai começar a sentir a diferença, na medida em que já vamos ter empresas a executar. Aliás, há empresas que têm de começar a executar este ano, porque têm financiamento do quadro comunitário para iniciar as obras ainda em 2019.
TS – A ZI está preparada para estes empresários começarem a executar as obras nos próximos meses?
CM – Tenho esperança que sim e estamos todos focados nisso, tanto que já realizámos hastas públicas para entregar lotes, precisamente porque estas empresas têm de provar que têm terrenos em Alvaiázere. Estou certa de que 2020 será um ano de muitas mudanças para Alvaiázere, começando já este ano com as primeiras empresas a começarem a executar os seus investimentos.
TS – Falou da incubadora “Alvaiázere +”. E a Plataforma Empresarial?
CM – A Plataforma Empresarial está quase pronta e será inaugurada brevemente.
TS – Já há empresas interessadas em fixar-se neste espaço?
CM – Sim, já há empresas interessadas principalmente em salas de cowork. Por isso, assim que seja inaugurada entrará logo em funcionamento.
TS – Que outras medidas têm sido tomadas para incentivar o desenvolvimento do concelho?
CM – Estamos a terminar o projecto para construção de um loteamento no antigo espaço do bairro social (ao pé do supermercado Dia) para disponibilizar lotes a preços mais acessíveis aos nossos jovens. Acredito que no início do próximo ano conseguiremos concretizar esta vontade, cumprindo mais um objectivo do executivo. Inicialmente vamos disponibilizar apenas quatro lotes com vista a perceber o seu interesse e se houver procura já temos sinalizado outro espaço.
Temos ainda um conjunto de projectos na área turística que também serão potenciadores e poderão fazer a diferença. Neste momento, temos dois projectos aprovados em Câmara e que ainda não foram lançados, porque infelizmente a candidatura do Valorizar foi chumbada. Falo da Casa do Pai Natal e do Museu das Duas Rodas, que no conjunto totalizam mais de um milhão de euros.
Assim, e à semelhança do que acontece com os projectos da Praia Fluvial e da regeneração urbana de Cabaços e de Maçãs de D. Maria, o município não tem condição económica para avançar com estas obras de forma isolada. Por isso, vamos tentar executá-las de forma faseada.
Gostava de abrir estes dois espaços durante este mandato, mas não queria criar falsas expectativas. Os projectos estão elaborados, mas não sei se teremos condições para os concretizar. Afinal, são dois projectos muito ambiciosos que têm muitas especificidades. Por exemplo, a Casa do Pai Natal foi um projecto pensado à escala das crianças, que pretende transportar os visitantes para o mundo da fantasia. Se o abrir como está vai defraudar as expectativas, pelo que estamos a tentar submeter nova candidatura.
Afinal, tanto a Casa do Pai Natal como o Museu das Duas Rodas são projectos totalmente diferenciadores, que não existem na região Centro, logo deveriam ter o apoio de entidades supramunicipais. Apesar de não serem identitários de Alvaiázere, são diferenciadores para a região Centro e criam uma nova área de interesse e visitação. Por isso, não os vamos abandonar, vamos antes fazê-los faseadamente.
TS – E que outros projectos turísticos tem o município?
CM – Estamos a apostar na parte do património natural, nomeadamente na criação de um Parque Botânico na Mata do Carrascal e na mancha do carvalho-cerquinho. São projectos para os quais conseguimos financiamento e nos quais faz sentido apostar porque são diferenciadores e identitários do território. Efectivamente são os produtos da nossa região que fazem a diferença e permitem canalizar visitantes.
Depois estamos a trabalhar num conjunto de requalificações que potenciarão o tecido económico, que tem sido a nossa bandeira. Falo do Mercado de Sicó, que pretendemos criar em Almoster, mas também da reestruturação do mercado de Alvaiázere e de Maçãs de D. Maria, que visam dotar aqueles espaços de melhores condições.
TS – Em que fase está o projecto de criação do Parque Botânico?
CM – O projecto está elaborado e a candidatura submetida. Ainda não sabemos o valor de investimento, mas a ideia é criar um Parque Botânico na nossa Mata do Carrascal, transformando-a num espaço muito mais fruível. A Mata do Carrascal tem 13 hectares porém, neste momento, a sua utilização cinge-se à zona do parque de merendas e balneários. A nossa intenção é criar circuitos, pavimentos e pontos de interesse em vários espaços da Mata do Carrascal com sinalética a identificar as espécies.
TS – Criar uma estratégia de desenvolvimento da floresta era uma das apostas para este mandato. Como está este projecto?
CM – Estabelecemos um protocolo com o Instituto Superior de Agronomia de Lisboa para nos ajudar nessa matéria. Neste momento, ainda não temos um projecto estruturado, mas estamos a trabalhar no sentido de perceber o que poderemos fazer para motivar os nossos proprietários a olhar para este produto endógeno e perceber o potencial que existe de forma a torná-lo mais resiliente.
TS – E na educação que trabalho tem sido desenvolvido?
CM – Na área da educação temos tentado ir ao encontro das necessidades dos pais, nomeadamente na ocupação das crianças no período de férias. E continuamos a dar apoio nos transportes escolares, material didáctico, manuais e refeições escolares.
Além disso, estamos a desenvolver o programa de apoio e combate ao insucesso escolar.
Nesta área estamos ainda a trabalhar com o Agrupamento de Escolas no sentido de avançar com obras no edifício da Escola EB 2,3 e Secundária Dr. Manuel Ribeiro Ferreira. Neste sentido, estamos a promover algumas diligências para promover estas obras tão necessárias neste equipamento, que já ultrapassou há muitos anos o seu período de vida útil.
TS – Em termos de saúde, como está o concelho?
CM – Ao nível da saúde, adquirimos a unidade móvel, que está a ser utilizada pelo nosso quadro técnico do centro de saúde, e implementámos o serviço Move, que assegura o transporte da população das freguesias.
No âmbito desta área quero ainda destacar a assinatura de um protocolo com a Associação Dignitude, integrada na abertura do Alvaiázere Capital do Chícharo, com vista a avançar com o programa Abem, através do qual o município se compromete a suportar o pagamento de medicamentos para a população mais carenciada.
TS – Qual é a situação financeira da Câmara de Alvaiázere?
CM – Neste momento estamos com uma situação económica estável, não estamos em incumprimento com quaisquer obrigatoriedades legais e estamos a pagar a 10 dias. Apesar de estarmos com muitos projectos em carteira, estamos a fazer uma gestão muito assertiva e realista para não corrermos riscos.
TS – Pretende recandidatar-se em 2021?
CM – É muito cedo para pensar nesse assunto. Neste momento, o meu foco é conseguir concretizar aquilo que tenho planificado. Como referi existem muitos projectos em desenvolvimento, que espero concretizar. Por enquanto, a recandidatura não é um assunto que me preocupe, estou focada em executar aquilo que tenho previsto e preconizado. Não balizo a minha actividade em função das Legislativas ou das Autárquicas. Agora, o meu foco é apenas aquilo que pode fazer a diferença para Alvaiázere.
CARINA GONÇALVES
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