A imprensa regional é, para mim, um elemento preponderante na construção e na vida da democracia portuguesa e aos mais variados níveis, enquanto espaço de informação/debate plural e apartidária/o.
Não escondo a defesa pública que faço dos (bons) meios de comunicação social, locais ou regionais. Aliás até os destaco regularmente, via blogosfera ou nas redes sociais. No meu blogue a boa imprensa tem lugar de honra, pois afinal a qualidade merece ser destacada! Da mesma forma, não escondo de modo algum os maus exemplos que infelizmente ainda se vão vendo em alguma imprensa regional, guiada, por vezes, por interesses pouco dados ao interesse público e muito dada aos interesses partidários ou interesses económicos pouco dados à ética e ao interesse da população, algo que contraria as próprias funções e responsabilidades da imprensa e fere gravemente a ética jornalística.
Não menos importante, o espaço de debate que os (bons) meios de comunicação social regionais têm promovido tem sido muito profícuo, na medida em que tem representado um espaço onde cidadãos apartidários e muito activos no exercício da cidadania têm partilhado aquelas pequenas coisas que fazem toda a diferença na hora de mudar a nossa região para melhor. Dar um espaço para os bons influenciadores é actualmente algo de fundamental para a democracia. As fake news ainda não inundaram a imprensa regional, sendo, por isso, importante mitigar essa questão, garantindo assim a qualidade na hora de informar ou debater sobre o nosso dia-a-dia e sobretudo o que de interesse vai ocorrendo.
E nem o advento da era digital derrubou a boa imprensa regional que ainda conseguimos ter, graças não só ao apoio que a mesma ainda consegue, bem como, e acima de tudo, ao jornalismo de qualidade. Claro que não é fácil, já que todos sabemos que um meio de comunicação social pode ser uma “arma” poderosa nas mãos de interesses pouco dados ao interesse público. Há casos onde o virtuosismo se perdeu graças ao clubismo político, algo que lamento profundamente. Mas também há casos onde este virtuosismo se mantém, mesmo tendo em conta a pressão, mais ou menos dissimulada, de certos interesses económicos. Por isso é fundamental apoiarmos os bons meios de comunicação social regional que temos, seja através da compra das edições em papel, digital, ou ambas.
Não basta dizer que há bom ou mau jornalismo, há que apoiar quem é bom, pois a imprensa não vive do ar. E seria particularmente interessante ver crescer a componente do jornalismo de investigação na imprensa regional, já que há muita questão para escrutinar, mesmo que incómoda, ou não, para alguns. Para isso precisamos de mais bons jornalistas, jornalistas dedicados a este escrutínio e apoio por parte de cada um de nós. Apoiar a imprensa regional é por isso, fundamental!
Os últimos anos têm sido particularmente interessantes de ver, já que o advento da era digital presenteou a imprensa regional com desafios peculiares, como por exemplo a imensa disponibilização de conteúdos gratuitos por parte de uma série de fontes, credíveis ou não. Já a blogosfera foi outrora apontada como uma outra ameaça à imprensa regional, contudo, e como o tempo mostrou, além de não se ter confirmado a ameaça, a (boa) blogosfera acabou por ser uma boa fonte de notícias para os próprios meios de comunicação social, ou seja uma espécie de “terreno de caça livre” onde os (bons) meios de comunicação social têm conseguido alguns bons “espécimes”. O paradigma mudou e quem se adaptou tem conseguido aguentar o barco. E as edições de papel continuam vivas, ao contrário do que alguns vaticinavam há alguns anos.
Sempre preferi as edições em papel, que não ficam sem bateria ao final de umas horas de utilização nem partem o vidro quando as deixamos cair para o chão. Querem mais ecológico do que isto?! Claro que as edições digitais são importantes e complementam as edições em papel. É esse o caminho que os (bons) meios de comunicação social têm seguido e, diga-se, com sucesso, pois tem ampliado de forma quase exponencial a sua mensagem.
Posto isto, os meus parabéns ao Jornal TERRAS DE SICÓ pelo seu 5.º aniversário. Acompanho-o com interesse desde a sua primeira edição e tem sido gratificante ver o caminho que traçou em termos jornalísticos, nomeadamente o destaque que tem dado à temática do património natural. O extraordinário património de Sicó merece!
Terminando, agradeço o facto de continuarem a escrever em bom português, sem desacordo ortográfico à mistura.
* Geógrafo Físico e Blogger
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