A freguesia do Carriço e o concelho de Pombal contam, desde o início deste mês de Setembro, com mais 37 camas na recém-inaugurada Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI). Esta nova valência do Centro Social do Carriço veio contribuir para reforçar o apoio à população sénior, todavia está a funcionar sem acordo com a Segurança Social, lamentou o presidente da direcção, Fernando Rufino, acusando este Governo de ser “muito forte a anunciar, mas muito fraco a concretizar”.

A ERPI do Carriço entrou em funcionamento a 1 de Setembro, mas “não existe ainda acordo de cooperação” com a Segurança Social, queixou-se Fernando Rufino, explicando que a instituição que dirige apresentou uma candidatura ao Programa de Celebração ou Alargamento de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de Respostas Sociais (PROCOOP). “Se tudo decorrer como anteriormente, demorará cerca de dois anos para a conclusão dos resultados”, disse, salientando que “este processo, sendo demasiado longo, obrigará os utentes e os seus familiares a um maior sacrifício financeiro para que possam ter acesso àquilo que o Estado lhes devia proporcionar”. Por isso, considera que este processo “é o protelar no tempo as responsabilidades e as obrigações que o Estado Social deve assumir”.

Além disso, aquele dirigente afirmou ainda que “é preciso rever os acordos de cooperação e alargá-los a todas as respostas sociais e para as suas capacidades máximas”, uma vez que “as baixas mensalidades pagas pelos utentes e os acordos de cooperação com o Instituto de Segurança Social são insuficientes para o necessário equilíbrio financeiro” destas instituições, que vivem com “dificuldades financeiras”.

“Sabemos que o apoio anual de 270.000 euros fica aquém das expectativas, mas esperamos que num futuro próximo possamos contribuir mais significativamente para esta obra tão relevante”, afirmou a directora do Centro Distrital de Leiria do Instituto da Segurança Social, Maria do Céu Mendes, garantindo que “a tutela tem uma grande preocupação com os mais desfavorecidos e fragilizados”. “Qualquer situação sem suporte familiar é assumida, acompanhada e acarinhada pela Segurança Social”, tranquilizou aquela responsável, assegurando que “ninguém fica de fora”.

De referir que a construção desta estrutura residencial representou um investimento global de 1,5 milhões de euros, que contou com o apoio superior a 564.000 euros do Município, bem como das verbas transferidas pela Junta de Freguesia, de aproximadamente 24.000 euros de capitais próprios e mais de 107.000 euros provenientes da Rede Energética Nacional (REN).

A abertura da ERPI vem alargar o leque de serviços prestados pelo Centro Social do Carriço, que já prestava apoio nas valências de Centro de Convívio (10 utentes), Centro de Dia (32 idosos), Serviço de Apoio Domiciliário (56 pessoas) e creche (39 crianças). A entrada em funcionamento desta estrutura residencial, com capacidade para 37 camas distribuídas por 16 quartos duplos e cinco individuais, representa a concretização de um “objectivo antigo” do Centro Social do Carriço.

Obra do povo

O presidente da Câmara de Pombal, Diogo Mateus, sublinhou que a ERPI do Carriço representa o “esforço de uma comunidade” e criticou a ausência de alguém do Governo, que “apesar de ter sido convidado”, optou por não comparecer. “Eu percebo que é muito mais fácil quando se apoia, mas é muito mais reconhecido quando o povo se organiza e consegue deitar mãos àquilo que precisa para fazer os trabalhos que anseia”, defendeu o autarca, consciente de que “há ainda um trabalho extenso a desenvolver” no concelho na área social.

Por isso, “o Município tem acompanhado o enorme esforço que as nossas IPSS’s têm desenvolvido no âmbito da melhoria das suas instalações” e considera “justo” reclamar da parte do Governo “uma maior atenção para a afectação de mais recursos financeiros” para apoiar estes projectos.

CARINA GONÇALVES