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Entrevista a António Domingues: “Comigo a linguagem é a da verdade e do rigor”

8 de Agosto 2019

O presidente da Câmara Municipal de Ansião, António José Domingues, fala dos projectos para concluir até 2021, que permitirão criar “riqueza e atractividade” para afirmar o concelho.

 

TERRAS DE SICÓ (TS) – Mais uma edição das Festas do Concelho de Ansião. O que é que este evento pode trazer ao território?

ANTÓNIO JOSÉ DOMINGUES (AJD) – As Festas do Concelho são um momento importante de afirmação, promoção e divulgação do concelho, das suas gentes, da dinâmica associativa e empresarial. São uma referência única cuja importância assume um vector essencial na orientação estratégica e política deste executivo. Considero que a aposta feita num novo formato, num espaço dedicado e organizado para o evento, foi ganha, configurando um novo paradigma das festas do concelho. Este é o momento de valorizar a nossa cultura, as empresas, o artesanato, o desporto, o associativismo, dando e recebendo afectos e partilhando com todos os que participam na “Expo Ansião Coração de Sicó” ou simplesmente nos visitam. Este é o momento alto para o nosso concelho se revelar convidando todos a partilhar, a cooperar e a trazer mais um abraço.

 

TS – Quantos expositores estarão presentes? E quais as novidades desta edição?

AJD – Este ano estarão presentes cerca de 85 expositores, desde empresas associações e artesanato. As várias freguesias estarão representadas ao mais alto nível com um stand expositor por Junta.

Uma das novidades vai no sentido de alertar para a importância de protegermos o nosso planeta, de optimizarmos os recursos naturais, de sermos mais respeitadores desta causa comum. Neste sentido, promoveremos a aquisição do copo reutilizável, que estará disponível nos bares do recinto, ficando à consciência de cada um a sua aquisição.

Novidades, também, são sempre os espectáculos culturais, envolvendo o nosso folclore com outros grupos folclóricos convidados. Depois é sentar as nossas filarmónicas no “Coreto” e desfrutar do trabalho que preparam ao longo deste ano e que tão briosamente foi levado por esse país nas festas e romarias que abrilhantaram, é sentir o abraço apertado do emigrante que vem rever a família, é reconhecer a dinâmica das nossas empresas e das nossas associações e orgulharmo-nos da qualidade do trabalho dos nossos artesãos.

É um ano em que as Festas não têm o seu cortejo alegórico, que é um momento alto e importante de envolvimento associativo, por isso queremos valorizar o cartaz com as alterações ao primeiro dia do certame (quinta-feira, 8), dando uma abrangência a este dia e envolvendo mais pessoas.

Estou expectante e confiante relativamente ao espectáculo “Entre Terras” que envolverá o movimento associativo do concelho, as nossas gentes, numa valorização dos nossos costumes e tradições, em busca sempre da afirmação da nossa identidade enquanto povo.

Teremos também no domingo (11) um espectáculo de hipismo que decorrerá ao longo do dia na Quinta das Lagoas, suscitando, esperamos, a curiosidade e a presença de muitos amantes da arte equestre. Expectativas em alta, numa novidade que se pretende manter em próximos certames.

Por fim, e porque assumimos o compromisso de valorizar aqueles que ao longo da vida muito deram de si ao concelho, iremos inaugurar o “Consultório Memória” numa homenagem ao Dr. Fernando Travassos, no edifício da antiga cadeia, juntando ali todo o seu espólio, com a finalidade de perpetuarmos a sua obra, recordando a todos a vida e obra deste insigne homem de bem.

Ora, acreditamos que as Festas do Concelho 2019 serão uma forma de juntar os ansianenses, os que aqui residem e os que anualmente regressam para matar saudades dos seus, bem como os nossos emigrantes. E desta forma envolvermo-nos num abraço fraterno, que identifica e é traço destas gentes das Terras de Sicó. Esperamos que de fora e desta região que partilha connosco o maciço de Sicó e ainda de concelhos vizinhos, muitos nos visitem por ocasião desta Expo Ansião Coração de Sicó. O êxito das festas, destas ou de outras, tem muito que ver com a capacidade de as tornar suficientemente atractivas, por forma a trazer pessoas às mesmas.

 

TS – Está praticamente a meio do mandato. Está satisfeito com o trabalho desenvolvido?

AJD – Após quase dois anos de mandato, o balanço que se pode fazer é sempre redutor e exíguo, mas possível. Temos a plena consciência de que o caminho se faz caminhando e de que muito ainda está por fazer.

Sentimos no início as dificuldades decorrentes da adaptação a uma nova realidade, até porque não tínhamos experiência autárquica, embora não tivéssemos deixado por fazer nada de relevante que no passado era feito. Sempre afirmámos que a experiência de vida de cada um de nós ajudaria na integração e na adaptação aos novos cargos. Orgulho-me de liderar uma equipa solidária, motivada e competente. Entendo a função de autarca como uma vivência diária de proximidade e de ligação permanente com as pessoas, que trabalha diariamente para a resolução dos seus problemas e desta forma concorre para a melhoria do seu bem-estar. Cada um terá o seu estilo, este é o meu, como me identificava na resposta a uma das questões anteriores. Comigo a linguagem é a da verdade, da proximidade, da seriedade e do rigor. Detesto a hipocrisia, a falsidade e o cinismo e como tal, não pactuo com certos movimentos, grupos ou tendências.

Farei o caminho da tranquilidade, procurando realizar-me todos os dias nesta missão que os ansianenses decidiram entregar-me. E eu entregar-me-ei às minhas funções, com dedicação, satisfação e orgulho, por eles.

 

TS – Que projectos estratégicos tem o executivo até ao final do mandato?

AJD – Existem três ou quatro obras emblemáticas a realizar até ao final de 2021, nomeadamente a ampliação do Parque Empresarial do Camporês; a requalificação da Av. Dr. Vítor Faveiro, da Rua Dr. Domingos Botelho de Queiroz e da rua de acesso ao Mercado Municipal; bem como a requalificação e remodelação do Mercado Municipal.

Depois temos o PAMUS – Plano de Acção de Mobilidade Urbana Sustentável, cujo projecto foi submetido recentemente no âmbito do Pacto da Comunidade Intermunicipal de Leiria, com o apoio do Centro2020, pretendendo responder a uma visão de desenvolvimento assente em políticas de mobilidade sustentáveis que contribuirão para o desenvolvimento económico, social e ambiental do concelho. Neste âmbito, estão previstas obras de melhoria de acessibilidades pedonais e a criação de uma rede de ciclovias em diversas zonas do concelho, a construção do interface concelhio e a construção da circular norte de Ansião.

Como vê, são muitos os projectos para concluir e que trarão mais-valia ao concelho, criando riqueza, atractividade e contribuindo para o desenvolvimento do território. Poderia falar ainda das obras que, no âmbito do compromisso com as freguesias, iremos realizar até ao final do mandato e cujo investimento rondará um milhão de euros, mas elas são diversas e são conhecidas porque estão incluídas no orçamento e GOP para os próximos anos.

 

TS – No âmbito do plano estratégico de desenvolvimento económico do concelho foram estabelecidas como áreas prioritárias a captação de investimento de empresas inovadoras, alicerçadas nas novas tecnologias. Que instrumentos e medidas estão a ser aplicados para captação desse investimento?

AJD – Nesta área, o trabalho estrutura-se em função de um plano e de uma agenda. O município de Ansião está em conversações com o NERLEI e a Statup Leiria, no sentido de potenciar conhecimentos e sinergias, após um primeiro trabalho de avaliação das potencialidades do concelho.

Pretendemos avançar a curto prazo e numa perspectiva de longo prazo, com a realização de um trabalho que defina estrategicamente uma visão para o concelho para a próxima década, a que podemos ou iremos chamar Estratégia Ansião 2030. Em função deste trabalho e dos resultados a apresentar com maior e melhor consistência, definiremos as políticas de captação de investimento e outras, nomeadamente em questões de inovação e desenvolvimento.

 

TS – Referiu a ampliação do Parque Empresarial do Camporês. Como está este projecto?

AJD – Estamos a trabalhar arduamente para avançar com o procedimento concursal da obra. É verdade que há aqui um ligeiro atraso no cronograma da mesma, quer em relação ao que são as expectativas da oposição, quer também em relação às nossas próprias expectativas. Por vezes, há situações que criam atrasos e foi o que aconteceu. O estudo de impacto ambiental que decidimos realizar, de acordo também com a sugestão da própria gestora do programa operacional do Centro 2020, iria conduzir a atrasos na sua concretização e isso já todos sabíamos. Apesar disto, é sempre moroso e, por vezes difícil, obter no tempo desejado os pareceres das entidades que regulam estes projectos e investimentos. Estamos numa fase final para daqui a semanas podermos levar a reunião de Câmara o projecto final de execução e abertura do procedimento concursal do mesmo.

Relativamente à ligação que facilitará a acessibilidade ao parque, quer a norte quer a sul, a solução negociada com as Infraestruturas de Portugal, como é, já do conhecimento de todos, a construção de uma rotunda, solução que já foi comunicada em anterior Assembleia Municipal. Falta assinar o acordo de gestão com as Infraestruturas de Portugal, que definirá as regras e o modelo de execução da obra. Não será a solução ideal, mas é a melhor das soluções que o município conseguiu negociar, por forma a ultrapassar a realidade actual que, efectivamente, essa é que não serve a ninguém, seja empresários, investidores ou utilizadores do espaço. Veremos no futuro e a médio e longo prazo, no quadro do Plano Nacional de Investimentos 2030, o que se perspectiva para o troço que liga Pombal ao Pontão. Teremos certamente muitas lutas para travar e muitos objectivos para concretizar. Este será seguramente um deles e nada fácil.

 

TS – E no turismo. Que caminho já foi feito para a promoção turística e valorização do território? Neste sector, Ansião está no bom caminho?

AJD – Entendo que o caminho é o apropriado e o mais correcto para a afirmação do território. A aposta na promoção turística concorrerá para o desenvolvimento do concelho e, para isso, iremos dar grande relevância a projectos de afirmação turística. Um deles é a valorização do Rio Nabão, com a criação do Centro Interpretativo e Ambiental do Rio Nabão para todas as idades. O projecto foi submetido no final de Dezembro ao Programa Valorizar – Linha de Apoio à Sustentabilidade, num investimento total de 372.599,60€, com apoio comunitário de 80%, cabendo ao município uma verba a rondar os 74.500€. É um investimento que permitirá valorizar o espaço da Nascente do Nabão e criar um espaço lúdico centrado no rio e na água.

Estamos a preparar também o projecto de desenvolvimento turístico da Serra da Portela/Anjo da Guarda, em Pousaflores, que integrará o Ciclo do Pão, mas que pretende ser mais abrangente transformando aquele belíssimo local num espaço de atracção para as pessoas, com a elaboração do projecto Montain Club – Moinhos da Sicó, que pretende criar uma oferta lúdica, aprazível e recreativa que permita alavancar de forma integral o concelho, nas suas vertentes económica, social, natural, gastronómica e ambiental. É um produto final integrado que tem um nome “Ansião Coração de Sicó”.

 

TS – Então já começaram a implementar a estratégia “Ansião Coração de Sicó”? Quais as medidas e iniciativas que pretendem levar a cabo até ao final do mandato?

AJD – De alguma forma na parte final da anterior questão acabei por responder a esta questão. A estratégia de desenvolvimento turístico “Ansião Coração de Sicó” é identidade pessoal, social e territorial. É uma estratégia que está a ser concebida com planeamento e não para produzir um resultado imediatista, como erradamente a oposição pretende, porque não conseguiu ainda ver o essencial.

Todos nós lemos e relemos “O Principezinho”, de Saint-Exupéry, e relembramos o diálogo do pequeno príncipe com a raposa, recordando o ensinamento: “o essencial é invisível aos olhos”. Nem sempre traduzimos correctamente o que vemos e a oposição em Ansião mantém sobre o essencial do concelho um olhar superficial, pois está condicionada pela sua visão política e ideológica, numa atitude egocêntrica e altiva, como se fossem os únicos donos da verdade. E não o são. Isso, obviamente, assusta-os e intranquiliza-os e dizem estas e outras incongruências.

Também diz a sabedoria popular, com toda a profundidade e eloquência do provérbio, que “não há pior cego que aquele que não quer ver”. Assim, o que posso dizer, é que é preciso dar tempo ao tempo e compreendo a atitude da oposição: não pretendem ir mais fundo, pois percebem que estamos a percorrer o caminho certo e que o que pretendemos fazer dará os seus frutos, por isso mantêm-se nesta análise superficial das questões, sem as aprofundar muito.

 

TS – No final de 2018, o Município decidiu adquirir o edifício do Instituto Vasco da Gama. Como está este processo?

AJD – O IVG foi um investimento muito importante para o desenvolvimento do concelho e principalmente da freguesia de Santiago da Guarda. Lamento que a oposição não tenha entendido que com esta aquisição queremos manter este equipamento ao serviço da freguesia de Santiago, criando emprego e dinâmica social e económica.

O negócio ainda não está concretizado por atrasos verificados por parte da entidade financeira que se dispôs a financiar a aquisição do imóvel. Mas está para muito breve a concretização e assinatura deste acordo financeiro que permitirá proceder à transferência do imóvel para propriedade do município.

No entretanto, a estabelecer contactos e a estudar projectos para o espaço. Não quero adiantar nada em concreto, pois por vezes há projectos que devem ser mantidos em certo sigilo até estarem concretizados que é, no caso concreto, o que acontece. É preciso ter alguma paciência, apenas quem gere e tem responsabilidades à frente de um município sabe valorizar a pertinência desta expressão. E paciência é uma virtude de quem não desiste facilmente, que acredita e é persistente.

 

TS – Este executivo tem apostado no apoio e incentivo à prática desportiva e à cultura. Estes incentivos são uma marca deste mandato?

AJD – É como diz e a pergunta encerra. Há efectivamente nestes quase dois anos de funções uma aposta clara no desporto e na cultura. O desporto e a cultura são essenciais para o bem-estar e o equilíbrio de uma comunidade. Por isso, promovemos práticas saudáveis, incentivamos e fomentamos as várias iniciativas no âmbito desportivo, onde destaco como diferenciadoras e valorativas de o projecto “Eu posso correr”, um apoio claro ao desporto escolar numa parceria com o Agrupamento de Escolas de Ansião e a valorização do associativismo desportivo, com o apoio no pagamento das inscrições dos jovens da formação, que pretendemos alargar a todas as modalidades de formação do concelho. Depois temos ainda o protocolo celebrado com instituições do concelho para o apoio ao tratamento de pequenas lesões resultantes da actividade desportiva, os “Domingos + Activos”, as Férias Desportivas e a criação do Campeonato Municipal de Trail, que são um sinal inequívoco da importância que damos ao desporto concelhio.

Prova disso é também o excelente espectáculo da Gala do Desporto e dos 20 anos dos Jogos Desportivos, que decorreu no passado dia 12 de Julho, sendo um exemplo da pujança desportiva do concelho e uma justa homenagem a quem, e são muitos, se dedicaram e dedicam à promoção e prática do desporto e desta maneira contribuem para a valorização do concelho.

 

TS – A saúde é uma das grandes preocupações da população ansianense. Que trabalho tem sido desenvolvido nesta área?

AJD – A saúde é uma das preocupações dos ansianenses e deste executivo. Deixando de lado as questões relativas ao encerramento dos pólos de Chão de Couce e Alvorge, que serviram apenas para denegrir a imagem do presidente da Câmara, porque um ano depois a normalidade está instalada e os mesmos a funcionar. A oposição quis dramatizar a situação nitidamente para tentar fragilizar o executivo do PS, o que se veio a tornar infrutífero.

A saúde é sem dúvida uma preocupação central porque é essencial à qualidade de vida da população. Temos mantido uma excelente articulação, quer com o ACES-PIN, quer com a ARS Centro, no sentido de encontrarmos as melhores soluções para o bom funcionamento multidisciplinar dos serviços de saúde na área territorial do concelho.

A questão central é a capacidade de resposta que tem de por uma equipa multidisciplinar, que no todo ainda não existe, porque há dificuldades de colocação de recursos humanos por parte das entidades. É este diálogo profícuo com a ARS e com o ACES-PIN que certamente dará os seus frutos para que possamos olhar com segurança e confiança para esta área tão sensível da sociedade.

 

TS – Ansião tem qualidade de vida? O que é que os ansianenses podem esperar do seu território em  2021?

AJD – Ansião é um concelho que ao longo dos últimos anos tem concretizado um conjunto de investimentos com o propósito de criar condições de qualidade de vida aos seus habitantes e aos que nos visitam. É indiscutível este esforço realizado ao longo dos últimos vinte anos. O que teremos de fazer é acrescentar, melhorar, inovar e realizar o que ainda não foi feito para melhorar a oferta de serviços e infra-estruturas, que permitam consolidar e aumentar os níveis de qualidade de vida conseguidos, mas agora num tempo de enormes exigências e competitividade entre territórios e regiões.

Como já referi anteriormente, uma aposta diversificada e abrangente no desporto, na cultura e na oferta turística concorrem para melhorar esta qualidade de vida. É o que estamos visivelmente a fazer.

Em 2021, esperamos que Ansião possa oferecer um conjunto de serviços e produtos turísticos e culturais que se afirmem também pela regularidade e qualidade da oferta. Esperamos também poder começar a contrariar a perda de população dos últimos 10 anos, um grande desafio que teremos para a próxima década através da captação de investimento e de pessoas para o território.

Com os investimentos a realizar nos próximos dois anos, o concelho de Ansião será mais atractivo e conseguirá começar a afirmar-se no contexto regional.

Queremos, em 2021, um concelho mais inclusivo, com maior coesão social e mais amigo do ambiente para que cada ansianense se sinta mais orgulhoso do seu concelho.

CARINA GONÇALVES


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