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Pombal:Diogo Mateus destaca investimentos e riscos ao desenvolvimento do concelho

25 de Julho 2019

Diogo Mateus faz o balanço do mandato, destacando “um conjunto de investimentos em diferentes matérias” que visam o desenvolvimento o concelho, que pode ser “gravemente prejudicado” com o encerramento das escolas com contrato de associação.

 

TERRAS DE SICÓ (TS) – Que balanço faz deste mandato que já vai quase a meio?

DIOGO MATEUS (DM) – Faço um balanço positivo. Genericamente estamos a cumprir o programa apresentado e há actividades em que já estamos a ultrapassar largamente o previsto. Portanto, estou muito tranquilo no que se refere à prestação de contas e as execuções dos últimos dois anos mostram bem esse cumprimento, quer seja do ponto de vista da receita, quer do ponto de vista da despesa.

No que toca à oposição acho que não há uma grande discussão das opções municipais do ponto de vista das principais matérias. Em termos práticos tem havido uma sintonia em grande parte das matérias, seja na aquisição de imóveis, nas prioridades de algumas intervenções ou na cooperação com as instituições. Genericamente manifestam-se diferenças que são perfeitamente saudáveis no regime que temos na Câmara Municipal com o PSD e mais duas representações políticas e na Assembleia Municipal com o PSD e mais seis.

 

TS – Está em curso a requalificação urbana da cidade de Pombal. Que investimentos destaca?

DM – Todos os investimentos. Este é um trabalho que foi programado há alguns anos, tendo já algumas obras feitas.

Por fazer temos a requalificação do Jardim do Cardal, que considero muito importante, porque é uma operação ao coração da cidade e num local com grande importância para o seu desenvolvimento.

Também importante é o Interface Rodoferroviário, que vai modificar a ligação da cidade com o rio, da cidade com o jardim e o jardim enquanto espaço de acesso rápido ao rio, acesso esse que hoje não temos. Portanto, é uma alteração que vai aproximar a Biblioteca do centro da cidade, da mesma forma que vai ampliar o espaço à volta da Biblioteca e da própria zona da central de camionagem, conferindo à cidade uma nova vitalidade e grande destaque.

Destaco também a requalificação da zona mais velha da Várzea para que possa impulsionar os investimentos privados como aconteceu no Largo do Cardal, onde foram intervencionados todos os prédios nestes últimos quatro anos.

 

TS – E no resto do concelho, quais os projectos estratégicos que vão avançar até 2021?

DM – Há coisas que estão lançadas e outras que estão a ser acabadas.

Os projectos das escolas são essenciais, faltando fazer escolas na Pelariga e em Vila Cã, que serão lançados em breve, e na Guia, que tem de ser revisto.

Além disso, temos um reforço da rede de saneamento na Bacia de Carnide, que é a zona que está menos protegida. Com a construção da Estação Elevatória de São João das Tábuas, que está em execução, vamos ter hipótese de pôr a funcionar o Emissário de Carnide, que serve Almagreira, Pombal, Louriçal, Carnide e Guia, Ilha e Mata Mourisca, ou seja, talvez 30% da população do concelho. Depois queremos lançar nos próximos meses as redes de saneamento de Assanha da Paz, Barros da Paz, Penedos, Gregórios e Ladeira, bem como a ligação dos esgotos na margem direita e esquerda da ribeira de Carnide. Estas obras vão permitir aumentar em 1.500 as habitações que passam a ser servidas pela rede de saneamento.

Por outro lado, temos a expansão de parques industriais com a criação de mais 60.000 m2 na Guia e mais 100.000 m2 num lado e 90.000 m2 noutro em Pombal.

Temos ainda os projectos de requalificação que estão a ser lançados. Na Guia vai abrir em breve a escola secundária completamente remodelada, no Carriço está a terminar o projecto da renovação urbanística e em Almagreira vamos ter o novo Museu Etnográfico a funcionar em Outubro. Já no Louriçal está a começar a obra do Centro de Saúde e na Redinha vamos fazer a drenagem das águas residuais para deixar de utilizar a ETAR da Redinha como destino final e utilizar a ETAR de Almagreira. Em Abiul, temos o projecto do novo parque desportivo e a conclusão dos trabalhos na Casa do Povo de Abiul para reconverter aquele espaço para actividades de carácter social. Em Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze têm sido realizadas várias intervenções, está a acabar o projecto do Parque de Arborismo do N.A.D.A. e vamos recuperar os campos do ARCUDA e da Guia.

Na área da saúde pretendemos estudar com a ARS a reorganização dos Centros de Saúde, que será uma matéria a tratar após as eleições legislativas.

Portanto, temos um conjunto de investimentos em diferentes matérias que se espalham um pouco por todo o concelho.

 

TS – Ainda há pouco falou do alargamento das zonas industriais. Há perspectivas de criação de novos investimentos no concelho?

DM – Há. Ainda a semana passada foi lançada a primeira pedra da Maxiplás, que corresponde a um investimento de três milhões de euros. Espero, daqui a meia dúzia de meses, estar a inaugurar a Doce Reina, que é uma ampliação nova já feita no anterior mandato. Ainda nesta matéria alterámos o loteamento Manuel da Mota para acolher a nova unidade de incubação, a mais moderna do grupo Lusiaves, que vai produzir anualmente mais de uma dezena de milhões de ovos para fornecer Portugal e o estrangeiro.

Na Guia, a Valsteam também vai ampliar as suas instalações para o dobro e vendemos um lote à EPW.

Nos últimos cinco anos vendemos mais de 100.000 m2 de terrenos industriais e estamos a negociar mais 190.000 m2. Portanto, temos procura e, por isso, reforçámos a relação com a AICEP para assegurar uma ligação directa com investidores estrangeiros que venham a Pombal para divulgar as nossas condições.

Ao mesmo tempo, temos esta ligação do ensino profissional às empresas para garantir capacidade de adequação ao longo da vida, mas também preparação adequada das crianças e jovens ao nível do 12.º ano para entrar nas linhas de produção das empresas.

 

TS – E em relação ao turismo, que trabalho é que tem sido desenvolvido?

DM – Imensas coisas. Desde logo a questão da Quinta de Santana. Depois a requalificação do parque de estacionamento da Praia Osso da Baleia e a ampliação do apoio de praia, cujos projectos já estão aprovados. Também a Praia do Urso tem capacidade de funcionamento, mas o projecto está atrasado porque o ICNF ainda não autorizou a construção da via rodoviária e dos passadiços correspondentes.

Já na serra, o CIMU Sicó retoma entretanto a sua construção e vamos garantir a abertura da unidade e da componente hoteleira que lhe está associada. Aqui temos também a candidatura do GPS para construção do Centro de BTT de Sicó e da rede ciclável, que foi reprovada, mas vamos reunir brevemente com a Câmara de Condeixa e o GPS para desenvolver e concluir este projecto.

Além disso, temos o renascimento do processo de beatificação da madre Maria do Lado, fundadora do Mosteiro do Desagravo das Irmãs Clarissas, no Louriçal, que já tem marcação nas vias principais.

Portanto, neste aspecto estamos lançados.

 

TS – A requalificação do IC2 é uma preocupação do município. Já há uma data para arranque das obras?

DM – Espero que para o ano haja condições para lançar as obras na primeira fase entre as Meirinhas e Pombal. Por outro lado, já lançámos a base para fazer a segunda fase do IC2 que vai de Pombal até à Redinha.

 

TS – Está preocupado com o encerramento de turmas no Instituto D. João V? As escolas de Pombal e da Guia estão preparadas para receber todos os alunos do concelho?

DM – Evidentemente que uma das matérias que mais me preocupa nesta altura é esta política do Governo sobre os contratos de associação e os riscos que temos de ver gravemente prejudicado o desenvolvimento do concelho a partir do momento em que quatro núcleos muito importantes (Redinha, Louriçal, Meirinhas e Albergaria dos Doze) percam estas escolas, obrigando que as crianças tenham de fazer mais quilómetros para frequentar escolas públicas, que não estão capacitadas para receber todos estes alunos. Preocupa-nos a falta de espaço, condições e qualidade para garantirmos o sucesso educativo, que está num processo de regressão que nos leva para antes do 25 de Abril.

Se a capacidade instalada da Gualdim Pais, Marquês de Pombal, Escola Secundária e Escola da Guia conseguissem acolher todos os alunos, porque é que fizeram mais quatro escolas? É metade. Além do mais temos um território com 640 km2 com zonas distantes umas das outras. É uma situação muito preocupante.

 

TS – Como “vê” o concelho e a cidade de Pombal daqui a 10 anos?

DM – Há uma coisa inevitável por mais esforço que façamos, vamos ter uma cidade mais envelhecida e, portanto, temos de a preparar para viver esses tempos. Mas será um ciclo onde o conforto, a mobilidade e a segurança têm de estar na linha da frente.

Depois temos de ter em atenção as características dos cidadãos. A nossa cidade tende a ser vivida por pessoas de outros locais portugueses e estrangeiros, uma tendência que já se sente ligeiramente e tende a crescer nos próximos anos. Esta tendência vai contribuir para aumentar a população, as características dos serviços e a riqueza local, exigindo das entidades públicas, desportivas e do comércio e serviços outro tipo funções que não temos neste momento.

Sob o ponto de vista económico temos empresas que estão a fazer investimentos de longo prazo, por isso acho que vamos começar a viver de forma mais presente os sinais da indústria 4.0, obrigando-nos a estar mais atentos à formação, não tanto dos mais novos, mas dos mais velhos, para responder às necessidades das indústrias.

Já na área cultural podemos viver tempos que nunca vivemos, tanto em termos de intensidade como de diversidade. Acho que esta questão da Capital Europeia da Cultura vai mexer com todos os territórios. No turismo acontece a mesma coisa, pois os números serão muito mais para crescer do que para decrescer.

Finalmente, no sector da educação daqui a 10 anos teremos menos quase 40% dos alunos que tivemos este ano, o que significa que vai mudar muita coisa. Temos de perceber até que ponto é que esses 40% não serão decisivos para podermos ampliar a capacidade produtiva do nosso concelho.

CARINA GONÇALVES


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