A Câmara Municipal de Pombal está preocupada com o encerramento de turmas no Instituto D. João V no próximo ano lectivo, o que obriga à transferência de parte dos alunos para o Agrupamento de Escolas da Guia. Com vista a tentar reverter esta situação, o presidente da autarquia já enviou uma comunicação à secretária de Estado da Educação solicitando uma reunião e pedindo a revisão dos critérios.

Diogo Mateus mostrou “preocupação e apreensão” pela nova proposta com o número de turmas financiadas no âmbito dos contratos de associação para o Instituto D. João V. “Estava previsto para o Louriçal duas turmas para 2018/2019 e duas turmas em 2019/2020”, recordou o autarca, salientando que “o que estava programado não tem nada a ver com a nova proposta”, que prevê a redução de uma turma no 2.º e 3.º ciclos já no próximo ano lectivo.

“Isto preocupa-me muito”, porque “os estabelecimentos de ensino com contrato de associação têm sido uma parte importante no modelo de ensino do 2.º e 3.º ciclos e do secundário no nosso concelho”, explicou o edil, certo de que estas escolas “vão fechar se deixarem de ter interesse económico” e as escolas públicas da cidade de Pombal e da Guia “não têm condições para acolher todos estes alunos”.

Por isso, Diogo Mateus não tem dúvidas de que “este processo vai ter consequências muito tristes para o nosso concelho”, logo “temos de estar todos unidos nesta luta”. Afinal, o encerramento destas escolas vai “fazer com que os alunos abandonem as suas localidades com 10 anos, as famílias pensem se vale a pena ir para um sítio onde a escola mais próxima está a 11 ou 12 km de distância e os jovens não se fixem”, alertou o autarca, constatando que com o encerramento destes estabelecimentos também “fecham os serviços de apoio, o pequeno comércio e papelarias, reduz a capacidade de criar novas habitações e prédios para fixar população jovem, diminui a importância política e agrava as consequências sociais”. Ou seja, “este modelo é mau para o país”, uma vez que contribui para “um mau desenvolvimento”, logo “não pode ser pensado numa lógica simplesmente escolar, porque tem consequências no território”.

“É completamente impensável não só pelo esvaziamento em termos territoriais, como também pelas questões sociais de redução da qualidade de vida das pessoas”, defendeu a vereadora da Educação, Ana Cabral, frisando que “nada disto era espectável” e “não é nada disto que queremos para o desenvolvimento estratégico do nosso concelho e do nosso país”.

Também a vereadora socialista, Odete Alves, está “completamente solidária com a escola, os alunos e as famílias”, argumentando que “isto não tem nenhuma justificação, nem nenhuma fundamentação credível”, até porque “o Instituto D. João V tem alunos suficientes para as duas turmas na sua área de influência que é Louriçal e o Carriço”. Por isso, não tem dúvidas de que se trata de “uma opção penalizadora não só para os alunos e pais, mas também para o território”, pelo que assegurou “todo o apoio do PS para tentar reverter esta situação”.

“É lamentável que isto aconteça de um dia para o outro com prejuízo para os alunos e famílias, mas também para os territórios”, constatou o vereador do movimento Narciso Mota – Pombal Humano (NMPH), Michael António, reiterando o “interesse do Instituto D. João V para o concelho e para o país”.

Já a vereadora Anabela Neves, também eleita do NMPH, afirmou que “os professores já andam a alertar para esta situação desde 2005”. “Não há alunos e abriram-se valências que agora não se conseguem suportar”, acusou, avisando que “isto ainda vai piorar”.

De salientar que a Assembleia Municipal e Pombal aprovou, no passado dia 28 de Junho, uma moção de censura contra o encerramento de turmas.

CARINA GONÇALVES