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Paulo Júlio

As dúvidas que ficam

19 de Julho 2019

Esta semana, alguém disse que com a actual conjuntura, qualquer governo obteria estes resultados, nomeadamente no que concerne a emprego, crescimento económico, ainda que pequeno, e défice a tender para zero. Centeno veio a terreiro dizer que agora até parece fácil, mas isso é discurso de demagogo.

Em Espanha, houve eleições em Abril, mas não há governo porque, até agora, quem ganhou não conseguiu os entendimentos políticos necessários, havendo mesmo o risco de haver novas eleições em Novembro. Apesar disso, a economia foi revista em alta e cresce 2,3%, mais do que Portugal que se ficará por 1,8-1,9%, a taxa de desemprego nunca foi tão baixa, fazendo com que o consumo interno aumente, e, finalmente, a máquina do Estado cumpre. Mesmo sem Governo! Parece fácil, diria Centeno.

Na realidade, em países como Portugal ou Espanha, com dívidas públicas muito altas e dependência energética com o exterior, quando os juros estão historicamente baixos, o preço do petróleo está baixo, a economia cria emprego, o consumo interno aumenta, é natural que alguns dos indicadores sejam bons. O ponto é saber para onde caminhamos e que bases estamos a construir. É saber que qualidade e sustentabilidade têm estes resultados, quando os juros subirem ou a economia mundial não crescer ou crescer quase nada. O ponto é saber que Estado temos e que Estado queremos. A dúvida é entender se existe uma estratégia para libertar recursos para que a economia cresça o suficiente para competir com os países europeus do nosso campeonato.

O Governo diz que estamos melhor porque crescemos mais do que a média da Zona Euro. É verdade. O problema é que crescemos menos do que os países do Leste, do que a Irlanda, até mesmo do que Espanha que assim nos ajuda a aguentar, dada a histórica dependência das nossas exportações com o país vizinho. Precisamos atrair investimento externo porque somos um pequeno País. Precisamos equilibrar o território para que Portugal aproveite todos os seus recursos. Precisamos de muito melhor educação e perceber que mudaremos a página somente com recursos qualificados e empenhados, com cultura de trabalho e até de algum sacrifício. Precisamos continuar a reformar e a renovar a máquina do Estado que consome quase metade do PIB nacional.

Voltemos aos indicadores e ao Governo. Este Governo que tomou posse em 2015, tem tido a melhor conjuntura económica e financeira das últimas décadas, reduziu 12,5% o trabalho da função pública, cativou recursos financeiros porque era necessário continuar a trajectória descendente do défice público, deixou correr o marfim em várias matérias sectoriais, mas teve o dom de não estragar muito. Quando se chega assim a três meses de eleições, coincidindo com o seu principal opositor a ziguezaguear e com laivos de altivez, não será surpreendente que apesar de ser um “não governo” pela ausência de estratégia futura em relação a Portugal, ganhe as eleições folgadamente.

A dúvida que nos fica é saber o que é que teriam feito se não tivessem estado, por necessidade política de sobrevivência, agarrados a partidos de esquerda radical. Vamos ver na próxima legislatura.


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