O presidente da Associação Terras de Sicó, Luís Matias, considera que “os desafios colocados ao nosso território são enormes e de alguma complexidade”, mas estes seis concelhos têm uma “visão muito estruturada” para a região que passa por desenvolver, a “médio longo prazo”, “vários projectos mobilizadores para todos”. Alguns desses projectos foram apresentados na Exposicó, que se realizou no último fim-de-semana (18 e 19 de Maio), em Ansião.
Assim, a Associação Terras de Sicó está a construir dois mercados de gado em Almoster (Alvaiázere) e no Rabaçal (Penela) que, juntamente com o já existente em Vila Cã (Pombal), pretendem “melhorar as condições das pessoas que têm rebanhos”. Já no que toca aos produtos locais, a empresa Sicógest está a trabalhar na “notoriedade da marca” Terras de Sicó, com vista à promoção e comercialização de todos os produtos endógenos desta região.
Ainda com vista à valorização dos produtos, a Associação de Desenvolvimento regional está a implementar a “estratégia de eficiência colectiva dos queijos da região Centro”, num projecto de cooperação territorial com os queijos DOP da Serra da Estrela e da Beira Baixa. Esta estratégia inclui a “criação do Vale Pastor”, que prevê a atribuição de um “incentivo àqueles que pretendem iniciar a actividade de pastorícia”, e a “constituição da escola de pastores da Terras de Sicó”.
Já no que toca ao património, as Terras de Sicó estão a trabalhar na criação da rede de aldeias calcárias de Sicó, numa “estratégia conjunta de valorização turística das nossas aldeias”. Neste âmbito, “a criação de uma paisagem protegida de âmbito regional e o reconhecimento da paisagem cultural de Sicó” é outro projecto “essencial” para “proteger os nossos valores ambientais, paisagísticos e naturais”, que se “prevê terminar no prazo de sensivelmente um ano”. Por fim, surge a “candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade dos muros de pedra seca de Sicó”, que visa “valorizar o território e um dos seus elementos mais distintivos e diferenciadores”.
Dignificar o sector primário
“A riqueza destes espaços rurais está exactamente nas tradições”, evidenciou o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, constatando que “o vinho e o azeite são produtos projectados em todo o mundo, chegando a mais de 150 mercados a nível mundial”. Todavia, no que toca ao queijo ainda “há muito espaço para fazer melhor”, pelo que “o trabalho e o esforço conjunto” da região Centro “é essencial para que também o queijo possa ser projectado a nível mundial”, permitindo “gerar mais riqueza para estes territórios”.
Mas, para isso, é fundamental “dignificar o conjunto de actividades que estão em torno destes produtos”. Ora, precisamente com esse objectivo, o Governo está a desenvolver “dois grandes projectos” que poderão “contribuir para dar essa dignidade àqueles que são, não só produtores, mas também construtores de paisagem”. Afinal, “os nossos produtores agrícolas e florestais não apenas produzem os bens transaccionáveis que comemos, como também constroem a paisagem que vemos”, trabalhando activamente na “importante valorização destes territórios”.
Neste sentido, o Governo pretende criar o “estatuto de agricultura familiar”, possibilitando aos “pequenos produtores abastecer uma cota parte das nossas cantinas públicas”, nomeadamente hospitais, centros de saúde, cantinas escolares e IPSS’s.
O segundo grande projecto para “valorizar estes territórios e as pequenas produções” passa pelo “lançamento em breve de organizações de produtores multiprodutos”, que “com um pacote de multiprodutos possam ter dimensão para vender de forma organizada”.
“Portanto, estes são dois projectos para podermos apoiar aqueles que já cá estão, mas acima de tudo para poder atrair aqueles que querem vir”, realçou o governante, convicto de que “estamos no momento de gerar novas oportunidades” e “o interior deve ser agora a grande prioridade do país”, pois trata-se de “um território mais deprimido e onde estamos a perder mais população e a gerar menos riqueza”.
Faltam “apoios e estratégias”
O presidente da Câmara Municipal de Ansião desafiou o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, a “fazer tudo por esta região”, que mais do que “conselhos ou afectos, precisa de apoios e de estratégias” para “alavancar o seu desenvolvimento e a sua economia local”.
“O mundo rural não precisa apenas de conselhos ou afectos, precisa é de apoios e de estratégias, precisa de fazer parte de um plano estratégico nacional”, enfatizou António José Domingues, defendendo que “precisamos de deixar de ser invisíveis”. Afinal, a região é “lembrada apenas quando as imagens da seca e dos incêndios entram pelas televisões”, lamentou.
“Além do esforço permanentemente feito pelos autarcas, estes territórios ditos de baixa densidade necessitam também do apoio do Estado e do Governo”, reiterou António José Domingues, argumentando que “é importante continuar a aposta de incentivos e apoios a esta região”, tal como “é importante continuar a descentralizar os serviços do Estado” e a responder a outras necessidades deste território.
“Nas infra-estruturas continuamos a reivindicar há anos a requalificação do IC8 e a diminuição das taxas de portagem da A13”, recordou o edil ansianense, que aproveitou para reclamar ainda “políticas fiscais de descentralização positiva para estes territórios”, a “valorização do SNS” e a “descentralização da educação abrindo, por exemplo, um pólo do IPL nesta região que beneficie os concelhos envolventes”.
CARINA GONÇALVES
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