8 de Setembro de 2024 | Quinzenário Regional | Diário Online
PUBLICIDADE

Entrevista a Sérgio Fonseca: “Não vamos subir a qualquer custo”

18 de Maio 2019

O Clube Condeixa ainda festeja o título de campeão distrital de futebol de Coimbra, garantindo o direito a disputar os campeonatos nacionais, mas o líder da centenária colectividade diz ter “os pés bem assentes na terra” e não dá a subida como certa.

TERRAS DE SICÓ (TS) – Agora mais a frio, qual é importância deste título de campeão e a possibilidade do Clube Condeixa disputar um campeonato nacional?

SÉRGIO FONSECA (SF) – Já andávamos a lutar há três anos pelo título de campeão, era um dos nossos objectivos colocar a equipa sénior masculina nos campeonatos nacionais, o que na nossa visão é o alicerce principal para depois alavancar outras equipas da formação e também as subir aos “nacionais”. A equipa sénior estar a disputar um campeonato nacional é muito importante para o crescimento do clube.

TS – Quais foram as maiores dificuldades neste percurso?

SF – As dificuldades são enormes em matéria de orçamentação do clube. O clube cresceu demasiado nestes cinco anos, sobretudo nos últimos três, sem ter a estrutura bem definida, com bons alicerces, em termos financeiros. Vivemos um bocadinho da carolice de todos que o ajudam, mas o principal patrocinador financeiro é a Câmara Municipal de Condeixa, que tem vindo a aumentar o apoio, mas este não vem como nós queremos, pois estamos a acabar a época e ainda falta receber bastante dinheiro atribuído ao clube. E também nos subsídios atribuídos pela Câmara ao desporto federado o Clube Condeixa tem o maior montante, o problema é que este ano reduziram 26% ao subsídio geral para todos os clubes e a fatia que nos foi retirada é muito grande. Já falei com o presidente Nuno Moita, que me disse que vai ajudar. E estamos a definir as coisas para ver se vamos subir de divisão ou não, porque isto tudo tem os seus custos e quem fica mal visto é o Sérgio Fonseca, porque é o presidente, sou eu que dou a cara, e depois não é o clube que fica a dever, é sim o Sérgio Fonseca e eu não quero isso. Até meio de Junho temos que ter o orçamento feito, ver se temos alicerces, sem ser só a câmara municipal, pois não podemos pensar só na autarquia, mas também noutros patrocinadores que temos em carteira e querem ajudar o clube a crescer.

TS – Estamos a falar de que montantes financeiros para garantir essa subida de divisão?

SF – A direcção está a finalizar uma estimativa orçamental, temos uma perspectiva de 150.000 euros, porque estamos a falar em muitas despesas. De organização de jogos, deslocações, tudo tem custos e a direcção não quer ir assumir esses custos sem ter as coisas bem definidas e ter tudo em carteira para depois conseguir honrar os seus compromissos, tanto com jogadores, como com treinadores, autocarros, pensões, restaurantes, organização de jogos, temos de ter muita atenção para não fazermos asneiras e não ficarmos a dever.

TS – Qual é actualmente o orçamento geral do clube?

SF – Para todas as modalidades, onde temos perto de 600 atletas, ronda os 300.000 euros. É um esforço muito grande, se não for a Câmara a ajudar-nos a crescer, que ajuda com um pouco mais de um quarto desse valor, nós não conseguimos. Também não vamos pôr tudo em cima dos patrocinadores e da carolice de mim próprio e de outras pessoas que querem ajudar.

TS – As palavras do presidente da Câmara a assumir um maior apoio para já não são suficientes para vocês assumirem a subida de divisão?

SF – Acredito no presidente e ele disse que me ia ajudar e ao clube, por isso vou mostrar-lhe qual é o custo da subida e vamos ver o que ele nos diz, mas com garantias reais. Estou confiante, mas tenho os pés bens assentes na terra e não vou cometer os erros que cometi no passado, vou tomar as minhas decisões não de forma precipitada, que passam por não subir a qualquer custo. O clube já não é uma brincadeira em termos financeiros e desportivos. Só tomaremos uma decisão no sentido da subida se tivermos 100% de certeza que as coisas não falham.

TS – Para que essa eventual subida não possa representar um futuro negro para o próprio clube, como há outros casos por aí?

SF – Claro.

TS – Mas com um orçamento da dimensão que referiu não pode contar só com a autarquia. Como é que que o tecido empresarial do concelho tem reagido às solicitações do clube?

SF – Muito bem. Quer os empresários de Condeixa quer de fora do concelho têm dado uma ajuda enorme, e por isso também é que esta época as contas têm estado, mais ou menos, em ordem em matéria financeira, porque se estivéssemos à espera do apoio da Câmara teríamos ainda mais dificuldades. É verdade que está aprovado, mas ainda não foi entregue ao clube.

TS – Como está o projecto de requalificação do antigo campo de jogos Sotto Mayor Matoso?

SF – É um projecto que ronda um milhão e meio de euros, com campo de futebol, pista de atletismo e edifício de apoio, mas temos ainda de negociar com a família Sotto Mayor a aquisição do terreno onde está implantado. Está tudo a rolar, mas temos que ir passo a passo. Agora, se não for no antigo campo tem de ser noutro local, a Câmara tem é que definir também o que quer para os clubes de Condeixa, porque faltam pavilhões, faltam campos, faltam várias infra-estruturas para o desporto. Espero que a visão das pessoas que estão à frente da Câmara seja para crescermos ainda mais.

TS – Já admitiu não se recandidatar nas eleições para os órgãos sociais que se aproximam. Isso é um cenário real ou é só uma forma de pressão?

SF – É real, porque começo a ficar cansado. Tenho alguns compromissos que assumi e quero cumpri-los, coisas em atraso, mas o Clube Condeixa vai pagar a todos quantos deve. Ficamos mal vistos e o Sérgio Fonseca não quer ficar mal visto, porque também estou no ramo empresarial em Condeixa e no distrito de Coimbra e ando a ficar um bocado mal visto por não honrar a tempo e horas alguns compromissos que devia honrar, mas queremos ver se levamos isto a bom porto. Vamos marcar o fecho de contas, já devíamos ter feito eleições em Janeiro, vou falar com o presidente da assembleia-geral para ver se as marcamos para serem realizadas em Junho. Andamos a trabalhar na alteração dos estatutos do clube, que já são de 1969, tem várias situações que estão muito desactualizadas. As formas de financiamento do clube, estando nos patamares nacionais, tem que ver mais além. Temos de ter a visão de constituir uma SAD [Sociedade Anónima Desportiva], há investidores a querer investir e entendo ser este o futuro de qualquer clube que esteja a crescer como está o Clube Condeixa, agora dependerá sempre da vontade dos sócios e irei levar esse assunto já à próxima assembleia, nuns estatutos feitos quase de raiz.

TS – Está consciente das dificuldades, mas apesar disso, a vontade é continuar?
SF –
A vontade é continuar se tiver o apoio fundamental da Câmara, do dr. Nuno Moita, que já o reafirmou, tendo disponíveis os valores acordados, ter na conta o dinheiro para honrarmos os compromissos daquilo que contratarmos com jogadores, treinadores e outras obrigações. Sem isso, vai ser muito difícil subirmos e continuarmos, porque as situações levam a um desgaste pessoal, familiar e profissional muito grande e eu não quero isso.

TS – A eventual subida de divisão vai obrigar a muitas mudanças no plantel?

SF – Se eu ficar, o mister Pedro Ilharco é o meu treinador e naturalmente temos que fazer bastantes alterações no plantel.

LUÍS CARLOS MELO


  • Director: Lino Vinhal
  • Director-Adjunto: Luís Carlos Melo

Todos os direitos reservados Grupo Media Centro

Rua Adriano Lucas, 216 - Armazém D Eiras - Coimbra 3020-430 Coimbra

Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox

Powered by DIGITAL RM