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Alvaiázere: Afonso tem cinco anos, mas já é piloto de motas

19 de Abril 2019

Afonso, natural de Maçãs de D. Maria, é a criança mais nova de sempre a pilotar uma mota em Portugal. Começou a conduzir com quatro anos, antes de se equilibrar numa bicicleta. Agora, com cinco anos, já é federado na modalidade de Mini GP, piloto oficial de uma equipa, frequenta uma escola de motociclismo em Vigo (Espanha) e participa em exibições. Competir e pontuar só a partir dos seis anos. Mesmo assim, em pista, o desafio é acelerar, ultrapassar e partir a meta em primeiro.

Tudo começou em Novembro de 2017. Quando fez quatro anos, os pais ofereceram-lhe uma mota como prenda de aniversário. Afinal, influenciado pelos tios, o Afonso já era um adepto acérrimo do desporto motorizado, em particular do Moto GP. “Mas sabíamos que aquilo não era um simples brinquedo”, contou ao TERRAS DE SICÓ a mãe, Catarina Dinis. Por isso, os pais decidiram procurar uma escola onde o filho pudesse aprender a conduzir. Encontraram uma em Coimbra, onde “no final de duas aulas o Afonso já andava sozinho de mota”. O objectivo inicial estava cumprido, mas o professor achou que era um desperdício não apostar no talento que aquele menino tinha nas motas, por isso incentivou os pais a apostarem naquela modalidade. E assim foi.

“O Afonso começou a andar de mota em Novembro e fez o primeiro treino de pista em Fátima, logo em Dezembro”, contou a mãe, orgulhosa do seu filho que “é o piloto mais novo de sempre em Portugal e federado”. Aliás, a Federação de Motociclismo de Portugal teve de rever os seus estatutos para poder federar o Afonso com apenas quatro anos. Actualmente, apesar de não poder competir e pontuar, “em Março, foi apresentado como piloto oficial do Clube Motorizado do Troço, que pertence ao Motogalos (Barcelos), tornando-se o piloto mais novo de sempre a ser apresentado por uma equipa”. Não compete mas participa em Espanha do VF Timing e no Campeonato Galego, já em Portugal corre no Campeonato Nacional de Supermoto.

Mas o motociclismo não é um desporto perigoso para uma criança? “Depois de entrarmos no mundo das motas, percebemos que este é um desporto mais seguro que o futebol, porque os fatos e todas as protecções garantem essa segurança, tal como as horas de aulas para aprender a cair”, respondeu prontamente o pai, Luís Santos. “E há uma grande disciplina neste desporto, por exemplo quando chagamos dos treinos as motas são arrumadas e o Afonso nem sequer as vai ver”, adiantou Catarina Dinis, salientando que a formação de piloto também lhes incute regras muito rígidas de segurança. “Já aconteceu ele estar equipado e não arrancar”, contou a mãe e o pequeno Afonso esclareceu: “eu não arranquei porque não tinha luvas, estava à espera que mas trouxesses”. Portanto, “eles sabem que não podem arrancar na mota sem o equipamento completo”. “Se é perigoso? É, mas qual é o desporto que não é perigoso?”, continua Catarina Dinis, ressaltando que “a única consequência são os acidentes muito mais mediáticos”. “É o mediatismo e o impacto do desporto em si”, acrescenta o pai, recordando que “em Março morreram duas pessoas a jogar futebol em Portugal, já no Moto GP morreu apenas um piloto este ano a nível mundial”.

Portanto, “este é um desporto seguro”, considera Luís Santos, argumentando que “nesta modalidade os pilotos têm uma progressão gradual e não passam para o escalão seguinte sem dominarem bem aquele que estão a frequentar”.

E o Afonso já caiu muitas vezes? “Já caiu algumas vezes, não muitas, mas é normal porque ele está numa idade em que vai arriscando cada vez mais e o risco provoca a queda”, refere a mãe, ressaltando que o fato protege-os bastante, pelo que “é muito difícil terem alguma fractura”.

 

Criança feliz

Dentro do desporto motorizado, “o foco do Afonso é a velocidade e ele corre em provas de pista”. Todavia, a formação inclui “todas as modalidades (cross, moto4, enduro e trial)”, o que contribui para “melhorar o equilíbrio e a performance em pista”. Além disso, “em termos de saúde o Afonso não pode praticar outra modalidade, porque o facto de ser insuficiente renal não lhe permite praticar desportos de contacto”, como o futebol e o karaté. E dentro do motociclismo, “o mais adequado é efectivamente a velocidade”.

Afonso faz cinco horas de treino duas vezes por mês em Espanha, bem como treinos combinados com outros pilotos de vários escalões do Supermoto em Portugal. Porém a formação do Afonso não se restringe às motas, “ele precisa de uma grande preparação física devido ao peso do fato e das motas, por isso faz natação duas vezes por semana e ginásio uma vez por semana”, actividades que são “patrocinadas pelo Grupo Desportivo de Alvaiázere que dá todo o apoio de backoffice imprescindível ao treino”.

“Mas nós só apostamos neste desporto enquanto ele quiser, porque achamos que não há nada melhor que ver uma criança feliz”, realça Catarina Dinis, evidenciando que “o Afonso é uma criança muito calma e tranquila, mas no ambiente das motas tem uma personalidade completamente diferente, é muito extrovertido”.

Por isso, muito provavelmente o futuro do Afonso vai passar pelo Moto GP, uma vez que “ele quer ser piloto como o Miguel Oliveira e cozinheiro (influência do pai)”, disse a mãe.

Mas tal como noutros desportos, também os pilotos de moto precisam de apoios para progredirem. Afinal, “este é um desporto que fica muito dispendioso e não tem apoios do Estado, nem de empresas”, lamenta Luís Santos, constatando que “Portugal está agora a despertar para este desporto, que já está muito enraizado em Espanha”.

 

Prova e pista em Maçãs de D. Maria

“É fundamental promover uma consciencialização para este desporto motorizado”, considera Luís Santos, alegando que com esse objectivo as pessoas ligadas ao mundo das motas estão a unir esforços, com vista a “criar o máximo de eventos descentralizados de Lisboa e Porto”.

Nesse sentido, “este ano serão realizadas provas em Maçãs de D. Maria (Alvaiázere), Figueira da Foz, Anadia e Santarém”. No caso de Maçãs de D. Maria, a prova está agendada para 25 de Agosto e será integrada no programa das festas em honra de S. Paulo e Senhor dos Aflitos, que decorrem no último fim-de-semana de Agosto.

Para a realização desta prova, “será criada uma pista de raiz, cujo local já está definido”, referiu Luís Santos, sublinhando que “a prova em Maçãs de D. Maria será para manter, realizando-se anualmente integrada no Campeonato Nacional de Supercross”, contudo o local pode ser alterado dependendo de como correr este ano “a prova extra, que será a finalíssima para definir os pilotos que vão representar Portugal lá fora”.

Esta prova vai colocar Maças de D. Maria na rota do desporto motorizado. Mas esta modalidade prevê um crescimento mais acentuado naquela freguesia do concelho de Alvaiázere. Afinal, “o nosso objectivo é criar em Maçãs de D. Maria uma pista de velocidade à semelhança daquelas que existem em Espanha, idêntica a um kartódromo”. Para isso, “já se avaliou os locais e já há pareceres da federação” para “avançar com este projecto a médio longo prazo (4 a 5 anos)”. “É uma infra-estrutura que vem colmatar uma carência a nível nacional”, para a qual “a federação já garantiu ocupação para mais de 30 fins-de-semana em 52 disponíveis por ano”, o que permite “potenciar muito o turismo local”.

CARINA GONÇALVES


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