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Pedro Pimpão: “Sinto-me muito feliz enquanto presidente de Junta de Freguesia”

15 de Março 2019

O deputado pombalense à Assembleia da República, Pedro Pimpão, considera “muito desafiante” a função de presidente de Junta de Freguesia e diz que é prematuro abordar a possibilidade de se candidatar à Câmara Municipal de Pombal.

 

TERRAS DE SICÓ (TS) – Faz parte de um dos órgãos máximos da Administração Pública, a Assembleia da República, e do órgão mais próximo da população, a Junta de Freguesia. Como concilia estas duas funções, sendo que uma é em Lisboa e outra em Pombal?

PEDRO PIMPÃO (PP) – Eu já era deputado quando decidi candidatar-me a presidente da Junta de Freguesia de Pombal e decidi fazê-lo para ter esta proximidade com as pessoas. Além disso, sendo eu natural de Pombal, senti a responsabilidade acrescida de também poder dar o meu contributo à minha terra, ao concelho onde cresci, frequentei a minha formação, tenho a minha família e quero que os meus filhos cresçam e se formem.

Naturalmente que, sabendo que à partida não teria o tempo todo para estar na Junta de Freguesia, tive de me rodear de uma equipa muito boa e disponível para esta missão. E efectivamente tenho uma equipa extraordinária, que me permite realizar um trabalho muito interessante e reconhecido pelas pessoas de muita entrega, de inovador e de diferenciador.

Mas, obviamente que, do ponto de vista da disponibilidade, é um pouco mais exigente, mas já sabia à partida que seria assim. Todavia, as distâncias hoje são menos problemáticas, porque temos cada vez mais facilidade em nos deslocarmos e estarmos em conexão permanente.

 

TS – Como é a gestão da Junta de Freguesia durante a sua ausência na Assembleia da República?

PP – É fácil, venho várias vezes e mantenho sempre uma relação estreita com as pessoas que estão na Junta de Freguesia. Felizmente a Junta tem colaboradores com muita qualidade e dedicação à causa, que dão muito de si em prol das funções que ocupam, tanto na educação e área social, como no atendimento. Para mim, isso é uma mais-valia e uma grande segurança.

Depois, temos um membro do executivo a tempo inteiro na junta de Freguesia. A Carla Longo (secretária) está em permanência, acompanhando as matérias de diversas áreas. Já os outros membros do executivo (Nelson Pedrosa, Renato Guardado e Pedro Roma) têm competências delegadas, assumindo as actividades desses domínios.

Além disso, todas as segundas-feiras temos reuniões de executivo e com os colaboradores para fazer o ponto de situação, estabelecer objectivos e o plano de tarefas, que vamos monitorizando ao longo da semana. Assim, tem sido muito fácil esta gestão.

 

TS – Está na recta final de mais um mandato como deputado à Assembleia da República. Que balanço faz desta legislatura?

PP – Eu vivi dois mandatos muito distintos e semelhantes em parte. O primeiro foi com a Troika, em que tínhamos um programa de ajustamento financeiro imposto por entidades externas que nos obrigava a um conjunto de compromissos muito rígidos para a população. Por isso, foi uma época muito difícil, em que houve uma diminuição notória do investimento público, mas o país conseguiu um conjunto de resultados com muitas restrições.

No segundo, o Governo mudou radicalmente o espectro político e ideológico. A Troika deu lugar a uma Geringonça e, como hoje é notório, os níveis de investimento público também foram altamente diminutos, permitindo evidenciar alguns resultados positivos que vinham de trás e outros menos positivos.

Neste contexto, esta legislatura podia ser uma oportunidade para alavancar um conjunto de ganhos em termos estruturais, que infelizmente não conseguimos maximizar. Infelizmente, temos problemas sérios e graves nas áreas da saúde, da educação e das infra-estruturas, que não foram resolvidos. Por isso, no meu entender esta não foi uma legislatura positiva. Todavia, tenho alguma expectativa que tenhamos aprendido com os erros.

 

TS – Conta fazer parte das listas do PSD para as eleições do próximo mês de Outubro?

PP – Isso é uma questão que ainda não está em cima da mesa. Esta semana tivemos o Conselho Nacional do partido para definir as listas para as eleições europeias, portanto é um assunto que ainda não abordámos e a seu tempo será debatido internamente.

 

TS – O facto de ser deputado à Assembleia da República abre algumas portas a Pombal para desbloquear algumas situações ou atrair novos investimentos e projectos?

PP – O facto de eu ser deputado à Assembleia da República ajuda a desbloquear algumas situações e a fazer valer a voz de algumas instituições do território, no sentido das preocupações poderem ter eco ao nível da Administração Central.

Ao nível da captação de investimento público, dou-lhe o exemplo do compromisso existente com a aprovação na Assembleia da República de um projecto-resolução apresentado por mim para a requalificação do IC2 e IC8. A resolução é uma recomendação ao Governo para avançar com as obras, que infelizmente ainda não avançaram.

Enquanto legislador tenho feito o meu trabalho de tentar apelar à necessidade de investimento para o território, nomeadamente colocando na ordem das prioridades a nível nacional as prioridades do nosso território, nomeadamente requalificação do IC2 e IC8, a modernização da linha ferroviária do Oeste, o nó de acesso à auto-estrada no Barracão e a abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil. Estas são algumas causas que tenho defendido e vou continuar a defender porque acho que são muito úteis ao desenvolvimento da nossa região.

 

TS – Tomou posse enquanto presidente da Junta de Freguesia de Pombal há cerca de um ano e meio. Que análise faz do trabalho desenvolvido até agora?

PP – Essa é uma pergunta interessante mas ingrata porque sou eu a falar em causa própria. Mas colocando-me na pele do executivo e das pessoas que fazem parte da Junta de Freguesia, o balanço é extraordinariamente positivo, porque apesar da Junta de Freguesia ser uma estrutura humilde e com parcos recursos tendo em conta a nossa boa vontade e disponibilidade, o certo é que temos feito muita coisa inovadora.

 

TS – O que é que tem sido feito de novo e inovador?

PP – Essa é uma boa pergunta, mas deixa-me dizer que o legado que temos é muito positivo. Eu só tenho que agradecer o trabalho que o Nascimento Lopes, o Manuel Escalhorda e todas as pessoas fizeram parte dos seus executivos tiveram ao longo destes anos e começou em 2001 com o actual presidente da Câmara, Diogo Mateus.

Agora o nosso compromisso era fazer coisas novas e adaptar o trabalho de uma Junta de Freguesia aos desafios do século XXI. Nesse sentido, temos tentado inovar em todas as áreas para melhor servir as pessoas. Fizemos isso na educação, onde temos hoje uma plataforma/ aplicação informática que permite aos pais acompanhar as refeições escolares dos seus filhos, a assiduidade, os sumários das actividades de enriquecimento curricular, etc.

Na área cultural também temos umas actividades novas, nomeadamente o “Oh da Praça” e o Bioartes, que junta no mesmo evento diversos conceitos associados à natureza, à cultura, à tradição, ao artesanato…

Na área do desporto mantivemos a Gala do Desporto e inovámos com as Pombalíadas, onde desafiamos os nossos miúdos do 1.º ciclo a competirem em diversas modalidades, distinguindo os melhores e fazendo-os perceber que o mais importante não é ganhar o jogo, mas praticarem desporto.

Já na área da cidadania, criámos a Assembleia de Freguesia das Crianças, onde incentivamos os alunos a darem ideias para Pombal, a debaterem entre elas e chegarem entre elas a uma conclusão num processo democrático.

Também inovámos nas Actividades de Enriquecimento Curricular, onde somos uma das poucas Juntas do país que têm a disciplina de Desenvolvimento Pessoal, que visa a ajudar os nossos alunos a lidar melhor com as suas emoções, um dos desafios que mais sentimos nas nossas escolas.

 

TS – Que ideias e projectos gostaria de ver concretizados ou em andamento até ao final do mandato?

PP – Felizmente temos muitos. Há algumas situações e resoluções que dependem da Câmara, mas nas quais estamos muito entusiasmados e envolvidos para que elas se concretizem. A principal é o alargamento da rede Pombus, que neste momento está a 100% na área urbana e está a ser desenvolvido um estudo que está a analisar o seu alargamento, pois temos o compromisso de o fazer chegar ao maior número possível de aldeias da nossa freguesia.

Outra questão que gostaria de ver resolvida é o IC2, mas depende de outras instituições como a Câmara e a Infraestruturas de Portugal. Neste momento está a ser elaborado o projecto de requalificação do IC2, nomeadamente na freguesia de Pombal, pelo que estamos muito empenhados na sua concretização.

Há outros projectos que dependem maioritariamente de nós, nomeadamente a Unidade Local de Protecção Civil e a valorização do parque do Cotrofe, que queremos ampliar e criar outras valências, como caravanismo ou campismo ocasional. Também pretendemos requalificar alguns lugares com asfaltagem e saneamento básico, como por exemplo a zona de Rainha de Baixo, cujo projecto que é o que está mais maduro e queremos ver implementado a curto prazo.

Além destes, temos outros projectos associados a parcerias com algumas associações que ainda não podemos falar publicamente, porque estão ainda a ser analisados.

 

TS – No ano passado a Junta de Freguesia demonstrou um grande dinamismo que se traduziu na promoção de um conjunto de actividades com incidência em diversas áreas. Pretendem manter essa dinâmica e essas actividades?

PP – Sim. O nosso objectivo é manter a maioria das iniciativas e estabelecer parcerias para todas elas com instituições, colectividades e até com as próprias pessoas do território, que através da iniciativa “Junta de portas abertas” podem utilizar a nossa sala multiusos para promoverem actividades, como por exemplo uma sessão de psicomotrocidade, a realizar por Joana Mendes esta semana ou a sessão de sensibilização sobre a limpeza de terrenos.

No final de cada iniciativa fazemos uma avaliação com os nossos parceiros para analisar o que correu bem, o que tem de ser melhorado e a periodicidade com que se deve realizar. Por exemplo, o Prémio Literário António Gaspar Serrano definimos que devia ser bianual e portanto não realizaremos este ano. As outras mantêm-se: “Oh da Praça”, comemoração dos Centros Históricos, Encontro de Gaiteiros, Pombalíadas, Gala do Desporto, Torneio de Xadrez, Assembleia de Freguesia das Crianças e Crianças ao Palco, que é o nosso programa com maior visibilidade.

 

TS – Como avalia o desempenho do executivo camarário?

PP – É positivo. Tudo aquilo que a Câmara faça só nos beneficia e numa Junta de Freguesia com uma significativa área urbana como a de Pombal, estamos muito dependentes do compromisso que a Câmara assuma connosco. Há projectos que dependem exclusivamente da Câmara e onde estamos muito empenhados, nomeadamente o Parque Verde da Cidade. Esse é o meu sonho para Pombal.

 

TS – Qual a mais-valia desse projecto e o que poderá trazer de novo à cidade e ao concelho?

PP – Bem-estar e qualidade de vida. O móbil da minha candidatura foi promover o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas para que elas se sintam melhor a viver e a trabalhar em Pombal. Nesse âmbito, o Parque Verde da Cidade é o espaço que pode fazer a diferença pela positiva no bem-estar das pessoas, das famílias, das crianças e dos idosos.

 

TS – Faz parte dos seus planos candidatar-se à presidência da Câmara Municipal de Pombal?

PP – Neste momento, não tenho razões para pensar nisso. Sinto-me muito feliz e realizado enquanto presidente de Junta de Freguesia, porque estou ao nível mais próximo das pessoas e a servir a minha terra. Enquanto deputado tenho tido a oportunidade de fazer com que os assuntos que dizem respeito à nossa terra e às pessoas da nossa região tenham eco a nível nacional. Por isso, sinto-me muito realizado com estas funções.

 

TS – Para terminar, presidente de Junta ou deputado à Assembleia da República. Qual é mais desafiante?

PP – Ambas são muito desafiantes porque vivo ao máximo aquilo que faço, mas ser presidente da Junta de Freguesia é muito desafiante, porque obriga-me, no sentido positivo da palavra, a desenvolver projectos cuja eficácia, retorno e feed-back vejo no momento da sua implementação.

 

CARINA GONÇALVES


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