A Al-Baiäz – Associação de Defesa do Património denunciou a “eventual destruição do património histórico móvel dos Correios”, que considera de “alta gravidade”, tendo por isso solicitado “diligências” por parte do Presidente da República, primeiro-ministro, ministra da Cultura e grupos parlamentares.
Num texto endereçado a Marcelo Rebelo de Sousa, a Al-Baiäz alerta para “a eventual destruição total do património histórico móvel dos Correios que está em curso”, solicitando “as diligências que, perante a alta gravidade do caso, urge empreender”.
De acordo com o presidente daquela Associação de Defesa do Património, Mário Rui Rodrigues, “existiam nas estações dos CTT milhares de objectos de valor histórico, com dezenas e, nalguns casos, com centenas de anos”, nomeadamente “mobiliário, malas, sacos, fardas, bicicletas, caixas de correio, marcos de correio, carimbos, cofres, placas de sinalização, etc.”.
Consciente da “importância histórica que Alvaiázere teve na história dos Correios nos séculos XVII e XVIII”, a Al-Baiäz tentou adquirir “alguns desses objectos” para criar um núcleo museológico. Afinal, “por se situar a meio caminho entre Lisboa e Porto”, era no concelho que se efectuava a “troca dos sacos de correio que vinham do Norte com os que vinham do Sul”.
Todavia, a associação “viu-se confrontada com a impossibilidade de o fazer, pelo facto dos materiais de todas as Estações do país terem sido vendidos, pela actual administração dos CTT, a empresas de sucata”, lamentou Mário Rui Rodrigues, que pretende impedir a “destruição irreversível de um património histórico de incalculável valor”.
“Não sendo possível, nem necessário, preservar tudo o que é do passado, em vez de venderem para a sucata todos os materiais antigos que estavam em depósito, deveria fazer-se uma triagem, oferecendo-se aos museus alguns objectos seleccionados”, defende aquele dirigente, sustentando que “sem essa triagem e sem a preservação dos objectos de maior valor, perde-se mais uma memória do passado, desaparecendo materiais que poderiam enriquecer dezenas de museus de todo o país”.
Por isso, pede a intervenção do Presidente da República, primeiro-ministro, ministra da Cultura e grupos parlamentares, alegando que “os Correios, especialmente os CTT, são uma importante entidade da história portuguesa”.
No caso concreto de Alvaiázere, a Al-Baiäz pretende “formar um espólio de história dos correios para doar ao Museu Municipal”, onde poderia ser criado um núcleo museológico “semelhante ao do Museu das Comunicações em Lisboa, obviamente de menor dimensão”, “à escala de um pequeno concelho”, explicou Mário Rui Rodrigues, defendendo que este poderá ser mais um atractivo ao concelho por ser “algo incomum, diferenciador e quase único”.
De referir que o TERRAS DE SICÓ contactou os CTT para perceber o destino final do património existente nas estações de Correios que encerraram, todavia não obteve resposta até ao fecho desta edição.
CARINA GONÇALVES
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