Os Bombeiros Voluntários de Ansião concretizaram a ambição antiga de ampliar o quartel. A inauguração da obra, que permitiu melhorar as condições dos soldados da paz, marcou a sessão comemorativa do 61.º aniversário daquela Associação Humanitária.
“A palavra que se impõe hoje é conseguimos”, enfatizou o presidente da direcção da Associação Humanitária, visivelmente satisfeito por dar por concluída a ambição de ampliar o quartel, que se arrastava há anos.
“Em 2014 demos o primeiro grande passo com aquisição do terreno”, recordou Rui Rocha, salientando que a obra “permitiu a refuncionalização de vários espaços do actual quartel”, dotando-o de um mini-ginásio, instalações necessárias para a boa guarda dos veículos de grande porte, oficina, lavandaria e rouparia, salas de formação, gabinete de crise e deslocalização dos serviços administrativos e da central de comando. Além disso, a empreitada contempla ainda a instalação de uma torre técnica e uma parada com 3.200 metros quadrados.
Salientando que “não conseguimos apoio comunitário para todo o investimento”, que “não andará muito longe de um milhão de euros”, o dirigente apelou à “solidariedade” da população ansianense, que poderá contribuir para esta causa através da campanha de angariação de fundos ‘Missão Quartel’, que foi prolongada pelos primeiros meses do ano.
Em dia de aniversário, a corporação apresentou também mais uma ambulância do INEM, uma viatura para transporte de doentes não urgentes e um veículo florestal contra incêndios, que custou mais de 200.000 euros,suportados maioritariamente pelo Município de Ansião. “Mas queremos mais”, frisou Rui Rocha, alegando que “pretendemos manter os níveis de qualidade”, por isso“aprovámos o nosso orçamento para 2019 no valor de quase 700.000 euros, onde prevemos a possibilidade de no próximo ano adquirir mais uma ambulância de transporte de doentes”.
O ex-autarca alertou ainda o secretário de Estado para “algumas das repetidas reivindicações dos bombeiros”, nomeadamente o “financiamento das associações humanitárias com critérios justos e rigorosos” e a “atribuição de incentivos aos bombeiros”. Afinal, “não é justo que haja uma diferenciação entre ser bombeiro num ou noutro concelho e, mesmo assim, redutor se apenas contemplando a concessão de benefícios, isenções ou redução de impostos, taxas e tarifas de âmbito local”. Por isso, defende que “o cartão social de bombeiro seja de aplicação universal no território nacional”. Não obstante, o dirigente aproveitou para desafiar o presidente da Câmara a cumprir o compromisso assumido no último aniversário, salientando que “continuamos à espera, com elevada expectativa, da proposta do Município de Ansião sobre esta matéria”.
“O Município de Ansião está a trabalhar nessas propostas”, garantiu António José Domingues, salientando que “serão apresentadas até meados do próximo ano”, com vista a “motivar os bombeiros a permanecer na Associação Humanitária”.
“Há um ano iniciámos um novo desígnio”, realçou o presidente da Câmara Municipal, referindo-se o aumento do subsídio ordinário anual para os bombeiros e a atribuição de um subsídio extraordinário de 150.000 euros, que permitiu adquirir o veículo florestal contra incêndios.
E não pretendem ficar por aqui. “Queremos gradualmente, ano após ano, ir aumentando esse valor”, disse António José Domingues, revelando que o Município está também disponível para reforçar a comparticipação para a Equipa de Intervenção Permanente, assente em 30.000 euros, e financiar uma segunda.
Mas há mais. A autarquia está a preparar a revisão do Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, criou a Comissão Municipal de Protecção Civil e está a rever o Plano Municipal de Protecção Civil datado de 2004, tal como pretende cumprir os compromissos relativos à criação e limpeza das faixas de gestão de combustível, onde investiram 120.000 em 2018 e têm prevista uma verba a rondar os 100.000 euros de investimento para os próximos anos. “Queremos continuar o trabalho executado na abertura de caminhos e na construção de postos de abastecimento de água”, assegurou o autarca, consciente do “quão é importante investirmos na protecção civil”.
Socorro mais longe
O comandante da corporação de Ansião, Neves Marques, teme que “no futuro o socorro poderá estar mais longe, mais centralizado, logo menos eficaz”, devido à “criação recente de entidades” integradas na protecção civil nacional e ao “parco investimento e incentivos em estruturas operacionais como os Bombeiros Voluntários”.
“A sociedade actual não está educada para a protecção e para a segurança, tal como não está preparada para que o socorro lhes falte”, pelo que “as populações deveriam estar permanentemente preocupadas com a manutenção destas instituições para que o tal socorro não lhes falte”, considera Neves Marques, constatando que “parece que por vezes não é bem assim”.
“Verifica-se que existe algum alheamento por parte das pessoas, mas também por parte do Estado”, denunciou o comandante, advertindo que os corpos de Bombeiros Voluntários “estão a atravessar momentos muito difíceis, que começam a ser preocupantes, carecendo num curto prazo de intervenções profundas ao nível da legislação”.
O secretário de Estado da Protecção Civil, José Artur Neves,disse que o Governo tem abertura para dialogar sobre os vários diplomas e não desvaloriza o papel dos bombeiros voluntários, que continuam a ser “um pilar central”,pelo que “qualquer aposta nos bombeiros é naturalmente uma aposta ganha no seio da protecção civil”.
CARINA GONÇALVES
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM