A Câmara Municipal de Alvaiázere vai investir cerca de 460.000 euros na regeneração urbana da zona envolvente aos Paços do Concelho. A intervenção, cujo concurso público deverá ser lançado no primeiro trimestre de 2019, abrange a Praça do Município, a Rua Juiz Conselheiro Furtado dos Santos, a Rua Dr. Acúrcio Lopes e a Rua Santa Maria Madalena. O projecto é financiado a 85% por fundos comunitários.
A requalificação prevê uma “reformulação organizacional do espaço”, dando “prioridade à circulação pedonal”, explicou Mariana Batista,arquitecta responsável pelo projecto. Neste sentido, “ao nível de espaço público, foram considerados alguns pontos mais críticos, que estão mais degradados a nível urbanístico e carecem de alguma revitalização para que se consigam desenvolver as dinâmicas da vila”.
“Conseguimos perceber algumas dificuldades, não só de tráfego, como também de circulação pedonal e da própria vivência nesta zona específica”, adiantou a responsável pelo projecto, alegando que “a grande premissa é o reforço do comércio e das dinâmicas locais”.
Por isso, “houve uma reestruturação da Rua Juiz Conselheiro Furtado dos Santos ao nível do nivelamento desta via estruturante e dos sentidos de trânsito, encurtando a largura da via para apenas um sentido, deforma a ganhar espaço para uma vivência mais pedonal e fluída”.
O “estreitamento da via”, que passará a ser de calçada, vai permitir “uma diminuição da velocidade do tráfego automóvel”, bem como a“necessidade de manter e impulsionar zonas verdes, com a criação de espaços de canteiro, e algum mobiliário urbano”. “Portanto, a rua estruturante com um sentido passará a ser de calçada para criar precisamente a ideia de que estamos a chegar ao centro da vila, daí a necessidade de abrandamento da velocidade”.
Ainda na Rua Juiz Conselheiro Furtado dos Santos, o projecto prevê “alguns pormenores de alinhamento, o alargamento das escadas em frente ao edifício da Câmara Municipal e a eliminação das escadas junto ao Coreto”,possibilitando “ganhar espaço para uma eventual esplanada”. Já nas escadas junto à igreja, que neste momento fazem um semicírculo, “procurámos uma linearidade para depois ser cruzada com a Rua Santa Maria Madalena”, que “se mantém de dois sentidos e com os lugares de estacionamento”.
Também na Rua Santa Maria Madalena estão previstas algumas alterações, se bem que pouco significativas. Desta forma, “a praça de táxis será recolocada”, passando a ocupar os estacionamentos do outro lado da rua,permitindo abrir uma “nova via de sentido único que vai circundar o edifício das Finanças”, ao longo da qual serão “criados lugares de estacionamento”.
A regeneração urbana destas quatro ruas será a primeira fase de “um conjunto de projectos que está sinalizado no âmbito do Plano de Acção de Regeneração Urbana [PARU] da vila de Alvaiázere”, que “foram sinalizados e serão executados progressivamente” ao longo do quadro comunitário, explicou a presidente da Câmara Municipal.
“É nossa intenção intervir em vários espaços da vila”,reiterou Célia Marques, esclarecendo que “a ARU de Alvaiázere compreende o espaço entre o jardim norte, a rotunda nova da Seiceira, o Parque de Campismo e o Parque Multiusos”.
No que se refere à primeira fase, “a nossa expectativa é que o concurso público seja lançado no primeiro trimestre do próximo ano”, disse ao TERRAS DE SICÓ a autarca, adiantando que “ainda não temos uma calendarização,mas a nossa expectativa é que a duração da obra não exceda os 9 a 12 meses”.Por enquanto, a primeira fase “está num processo de grande maturação”, faltando apenas “realizar os projectos de especialidades”, realçou Célia Marques,salientando que o estudo prévio será agora disponibilizado para consulta da população, que poderá “sugerir alguma rectificação ao projecto”.
Projecto não agrada a comerciantes
“Os comerciantes da zona não concordam com a passagem da Rua Juiz Conselheiro Furtado dos Santos a apenas um sentido”, contestou Lurdes Mendes, proprietária de uma papelaria naquela rua, argumentando que “não percebemos essa ideia de privilegiar a circulação pedonal, quando não há pessoas para andar a pé, até porque as pessoas querem andar cada vez mais de carro”. “A vila vai ficar completamente morta e sem vida”, considera aquela alvaiazerense, constatando que “estou a ver o comércio a fechar, porque não tem sobrevivência”.
“A intenção desta intervenção não é prejudicar ninguém”,esclareceu a arquitecta responsável pelo projecto, alegando que “a tendência é privilegiar a circulação pedonal nos espaços urbanos” e, ao contrário das expectativas das pessoas, nos concelhos que já implementaram estas ideias“notou-se um reforço das dinâmicas locais, contribuindo para a abertura de novas lojas no comércio local” e não para o encerramento daquelas que já existiam.
A presidente da autarquia “já perspectivava que fossem estes os comentários”, pois “as pessoas são muito pouco receptivas à mudança” e “os comerciantes têm uma perspectiva muito individual ao invés de ter uma visão mais alargada”.
De referir que o estudo prévio está disponível para consulta de eventuais interessados, no serviço de atendimento da Câmara Municipal,devendo as sugestões ser dirigidas por escrito, através de requerimento dirigido à presidente do órgão executivo.
CARINA GONÇALVES
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