Comandantes e dirigentes de associações humanitárias convidados para a comemoração do 128.º aniversário dos Bombeiros Voluntários de Soure abandonaram, esta tarde, a sessão solene no momento em que o secretário de Estado da Protecção Civil, José Artur Neves, se preparava para usar da palavra.
Tratou-se de mais uma acção de protesto inserida na contestação dos bombeiros à nova lei orgânica de Protecção Civil proposta pelo governo e que motivou ontem um forte protesto em Lisboa, com a participação de ´soldados da paz´ de todo o país.
No âmbito da mesma contestação, também o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, não participou na sessão por nela se encontrar um membro governamental.
O momento de clamor perpassou por várias intervenções, como a do comandante dos Bombeiros de Soure, com João Paulo Contente a assegurar que os voluntários sabem quais são as suas obrigações e deveres, e pretendem apenas “não sermos colocados de parte, não sermos esquecidos, não sermos desrespeitados, não se deve lembrar dos nossos bombeiros apenas quando deles se necessita, mas sim todo ano, principalmente nas instâncias superiores. Lembrar e criar os verdadeiros incentivos ao voluntariado”, enfatizou.
Para o presidente da Direcção da corporação sourense, Hélder Carvalho, atendendo ao “trabalho, disponibilidade, entrega e profissionalismo empregues, somos credores da maior consideração e respeito do país, na pessoa dos seus governantes”.
“Os bombeiros voluntários e as suas associações humanitárias não podem cruzar os braços, por isso mesmo, ontem, marcaram presença para num grito de revolta dizerem que estão cá e que esperam mais face ao muito que já dão”, atirou o dirigente.
Perante os protestos, o secretário de Estado, José Artur Neves, surgiu em Soure com um discurso apaziguador, salientando que “os bombeiros portugueses são o principal agente da protecção civil, pelo que qualquer investimento neles feito, além de justo, é uma aposta ganha e directa no sistema de protecção civil nacional”.
Sublinhando que “o governo relançou o investimento no sector dos bombeiros”, na ordem dos 42 milhões de euros, com recursos a fundos comunitários, e “devolveu e aumentou os benefícios” para os ´soldados da paz´, José Artur Neves deixou “bem claro que não há nenhuma vontade de hostilizar os bombeiros voluntários”.
O governante referiu que “o diploma contestado contempla praticamente tudo o que foi pedido pela LBP”. Ainda assim, admitiu que o executivo não conseguiu “transmitir a bondade da proposta”, pelo que “há necessidade de intensificar o diálogo, com toda a correcção” nos próximos dias” para que “todos se sintam esclarecidos”.
Por entre promoções e condecorações a bombeiros, as comemorações dos 128 da corporação sourense foram aproveitadas pela Câmara Municipal para a entrega de distinções municipais a entidades, empresas e particulares “empenhadamente envolvidos no socorro, auxílio à população, trabalhos de limpeza e reposição da normalidade decorrentes da intempérie, denominada tempestade tropical Leslie”, salientou o autarca Mário Jorge Nunes.
Por seu turno, o bombeiro-chefe Fernando Rodrigues foi agraciado com o crachá de ouro da LBP.
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM