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Pediatria de Leiria alerta para falta de formação na reanimação de bebés

29 de Novembro 2018

O director do serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, Bilhota Xavier, alertou hoje para a falta de formação dos futuros médicos especialistas na reanimação em neonatologia e pediatria em Portugal.

“A maior parte dos pediatras, quando acaba a especialidade, não sabe reanimar um bebé”, adiantou Bilhota Xavier, nas XXV Jornadas de Pediatria de Leiria e Caldas da Rainha.

Em declarações à agência Lusa, o director da Pediatria do hospital de Leiria explicou que “com a evolução da pediatria, em geral, e da neonatologia, em particular, conseguiu-se das menores mortalidades do mundo quer no bebé quer na criança”.

Segundo o pediatra, “passam-se meses e meses em que não há oportunidade de um futuro pediatra aprender a reanimar um bebé”.

Se, por um lado, “é bom, porque não tem sido preciso reanimar bebés e crianças”, por outro “haver+a sempre um momento em que vai ser necessário e “os pediatras têm dificuldade em fazê-lo”.

“É preciso apostar muito na formação com cursos de reanimação, não só neonatal, como de crianças e adolescentes, e fundamentalmente manter actuante esse curso. Por isso, cada vez mais, em vários pontos do país, se criam espaços de simulação para que se possa manter actuante a formação adquirida durante esses cursos”, informou Bilhota Xavier.

O pediatra acrescentou que os cursos são caros e o “Estado deve comparticipá-los, com o apoio da União Europeia”. A dificuldade em realizá-los prende-se também com a falta de pessoas acreditadas em Portugal para darem esses cursos e garantir o seu financiamento.

A comemorar 25 anos de jornadas pediátricas, Bilhota Xaxier, um dos organizadores do evento, considera que o balanço é “muito positivo.

“Estas jornadas representam em muito aquilo que fazemos todos os dias no serviço de Pediatria, que é insistir na formação dos profissionais. A formação é fundamental para nos actualizarmos, para todos termos a mesma linguagem e actuarmos da mesma forma numa situação semelhante, sem prejuízo de cada caso ser um caso”, analisou.

O director da Pediatria de Leiria lamentou, contudo, que “não seja fácil” fazer, actualmente, jornadas em Portugal. “O Ministério da Saúde, com falsos moralismos, proibiu que este tipo de formação, tão importante para os profissionais, seja realizada nas instituições do Ministério da Saúde, o que é ainda mais difícil, porque tem custos importantes”.

Bilhota Xavier alertou ainda que “é difícil comportar esses custos com mais esta agravante: o Ministério da Saúde acha que os profissionais de saúde são corruptíveis se este tipo de formação for feita nas instalações do Serviço Nacional da Saúde, mas se for feita em espaços não do Ministério da Saúde já não há problema nenhum”.

“Somos os mesmos profissionais. Espero que rapidamente revejam esta questão, porque estão a pôr em causa a formação dos profissionais, que não é paga pelo serviço público”, rematou.

LUSA


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