Incentivar a redescoberta do universo de Fernando Namora e mostrar “outras dimensões” do escritor são “dois grandes desígnios” para as comemorações do centenário do seu nascimento, a assinalar no próximo ano, afirmou António Pedro Pita, presidente da comissão cultural da casa-museu daquele vulto condeixense, durante a apresentação da reedição do livro “Minas de San Francisco”, realizada no passado dia 26, no auditório do museu PO.RO.S.
“Em primeiro lugar, o desígnio de incentivar uma redescoberta do universo de Fernando Namora. Talvez agora haja melhores condições do que quando morreu ou nos anos seguintes à sua morte, [porque] a distância faz milagres e agora a esta distância porventura Namora possa ser lido não só como aquele que reinventou uma noção da vida rural versus vida citadina portuguesa, que redescobriu a Europa e o mundo, mas que finalmente possa começar a ser efectivamente lido numa outra escala, a do grande escritor que, de facto, foi”, realçou o professor universitário, sublinhando que a reedição das obras do escritor, “o retorno de Namora ao mercado livreiro”, é um factor decisivo.
António Pedro Pita destacou também o trabalho de pesquisa em curso, a apresentar durante as comemorações e que visa “mostrar dimensões, facetas desconhecidas ou pouco conhecidas do percurso, da intervenção cultural da obra de Namora”, como as caricaturas por si desenhadas, aprofundar o modo como o escritor “pode ser também um guia cultíssimo da paisagem portuguesa, sobretudo da que está relacionada com as grandes áreas geográficas namoreanas e tudo o que se relaciona com o grande viajante que foi”.
Segundo aquele responsável, “a exposição pública da própria Casa Museu também vai sofrer uma actualização, sobretudo pela edição de um livro-álbum que guie o visitante no espaço, o interesse em conhecer a sua história e a própria existência da casa”.
As comemorações do centenário de Fernando Namora arrancam a 15 de Abril de 2019, dia em que completaria 100 anos, com a quarta edição do Jantar Namoreano e a abertura de uma exposição que constituirá um roteiro para uma viagem pela geografia literária do escritor.
“A exposição será apresentada em Condeixa, mas o objectivo, além de ser itinerante pelos locais da rede namoreana, é que possa desenvolver-se e dar a conhecer toda a obra de Namora”, adiantou a vereadora da Cultura, Liliana Pimentel.
Por entre uma “programação riquíssima”, a autarca destacou ainda um concurso literário e de expressão plástica destinado aos alunos dos agrupamentos de escolas dos municípios por onde o escritor passou na sua vida profissional e artística, bem como um “grande congresso internacional”, entre 25 e 27 de Outubro.
Novas reedições
O ano de 2019 vai trazer ainda a reedição de novas obras de Fernando Namora, anunciou José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores, revelando para breve a chegada aos escaparates de “A noite e a madrugada”. “A literatura que nos deixou é hoje celebrável como um espaço de liberdade”, enfatizou o também professor universitário.
Disponível já está “Minas de San Francisco”, com prefácio da eurodeputada condeixense Marisa Matias e, novamente, a chancela da editora Caminho, apostada em relançar a obra literária de Namora.
LUÍS CARLOS MELO
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