Nasceu mais um grupo de cantares em Ansião. “Olhos de Água” vem complementar a oferta que já existia no concelho nesta área, propondo-se cantar “à capella” ou acompanhado por instrumentos. As suas canções podem ser originais ou não. E têm uma particularidade: algumas são dedicadas a Ansião, ao seu património e cultura.

O projecto “Olhos de Água” é um “objectivo antigo” que retrata a “visão musical” do maestro António Simões, que já dirigiu grupos musicais da Associação Liagra, da Câmara Municipal de Ansião e da Sociedade Filarmónica Ansianense de Santa Cecília. Mais recentemente, após ter deixado o Coral Ansianense, chegou o tempo de se dedicar a um projecto inteiramente seu. Nasce assim o grupo “Olhos de Água”, que embora seja uma valência cultural inserida no Rotary Club de Ansião, é independente da Universidade Sénior, permitindo incorporar qualquer membro.

Mas afinal o que diferencia este de qualquer outro grupo? “Nos ‘Olhos de Água’, além de cantarmos ‘à capella’ ou acompanhados por instrumentos, cantamos a quatro vozes e com elementos solistas”, explicou ao TERRAS DE SICÓ António Simões, adiantando que “temos vários projectos musicais dentro do nosso repertório”.

Desta forma, além de “canções originais ou já implantadas cujo tema seja o património cultural ou turístico do concelho de Ansião”, do seu repertório fazem também parte marchas das freguesias do concelho, canções dedicadas aos padroeiros de cada freguesia, cantigas populares e outras que vão ficando na história da música portuguesa. Além disso, “não deixaremos de continuar um trabalho coral ligado à música polifónica”.

Mas apesar de “estarmos ainda numa fase de implantação, em que continuamos a aperfeiçoar o nosso trabalho”, António Simões considera que já “temos uma aceitação indiscutível”, que justifica com o facto de “tratarmos temas que dizem respeito a todos” e que a todos interessa, inclusivamente “a professores, como um tema de interesse didáctico”.

Porém, ao contrário do que seria de esperar, “não pretendemos ser um grupo com demasiadas participações, até porque, sendo um grupo não profissional, está sempre dependente da disponibilidade dos seus elementos”. Todavia, já têm alguns espectáculos marcados e esperam que a sua agenda seja reforçada, sobretudo na época natalícia.

De referir que “o grupo de cantares tem actualmente 30 elementos”, adiantou António Simões, salientando que “estamos abertos aos que pretendam fazer parte do nosso projecto, quer sejam jovens ou adultos, pois cantar não tem idade”. Contudo, o maestro tem noção de que “não é tão fácil” angariar gente “numa sociedade concelhia relativamente limitada” e onde já existem “duas sociedades filarmónicas que absorvem muitos jovens”.

“Mas o nosso projecto é abrangente e não tem limites de idade”, realça António Simões, considerando que se trata de “uma ideia concretizável”, que pode “complementar o projecto turístico Ansião Coração de Sicó”.

E projectos para o futuro? “Desde início que pensamos em ter um grupo instrumental de acompanhamento”, afirmou o maestro, sublinhando que “a nossa intenção é criar uma escola de instrumentos populares e lançarmos a Orquestra Regional Coração de Sicó”, que poderá acompanhar o Grupo de Cantares Olhos de Água ou actuar de forma independente. Com vista a concretizar esse objectivo, no passado dia 10 de Novembro deram início às aulas, que decorrem aos sábados de manhã, no espaço das antigas escolas de Ansião.

CARINA GONÇALVES