11 de Outubro de 2024 | Quinzenário Regional | Diário Online
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Belmiro Moita

A Juventus fez um bom negócio com Ronaldo?

2 de Novembro 2018

“Toda a gente recebe dinheiro pelo que vende e usa esse dinheiro para comprar o que deseja. Se há um bem mais desejado, digamos sapatos, haverá uma enchente de novas encomendas de sapatos. Isto fará com que os seus preços aumentem e se produzam mais. Do mesmo modo, se há um bem, como o chá, mais disponível do que a procura que tem, o seu preço descerá em virtude da concorrência. Com um preço mais baixo, as pessoas vão beber mais chá e os produtores vão deixar de produzir tanto. Assim, o equilíbrio entre a oferta e a procura será restabelecido.

O que é verdade para os mercados de bens de consumo também é verdade para os mercados de factores de produção, tais como trabalho, propriedade e capital”.

O trecho acima foi escrito por um dos mais respeitados economistas do século XX e Prémio Nobel da Economia, P. Samuelson, e não é mais do que uma descrição do conhecido princípio da oferta e da procura.

Em geral, de acordo com o referido principio, os preços ajustam-se para cima e para baixo, o que mantém a oferta e a procura em equilíbrio, bem como permitir uma afectação de recursos óptima, o que leva, como se sabe, os teóricos liberais a minimizar ou até mesmo a eliminar todas as formas de interferência junto dos processos de funcionamento dos mercados.

Porém, facilmente se encontram exemplos para contrapor aos mercados bem comportados. São exemplos os mercados de preços de arte e de activos de luxo (o caso Cristiano Ronaldo), onde a procura é, por norma, estimulada, porque a oferta não pode ser aumentada de modo a garantir a eficiência do mercado. Quem pagaria 120.000.000 € por Ronaldo ou por um quadro de Picasso se a oferta de Ronaldos ou Picassos pudesse ser aumentada na proporção da procura? Ou seja, nestes mercados não é a procura que estimula a oferta, mas antes a falta de oferta que estimula a procura e, portanto, a provocar um aumento elevado do preço do bem raro.

Mas como tudo o que é raro é desejado, quem possui esse bem raro pode pô-lo à disposição de quem o deseja ter ou aos produtos derivados desse bem, como as camisolas e outros baseados na marca do atleta, o que pode render milhões de euros.

Ronaldo é, como se sabe, uma marca que centenas de milhões de pessoas consomem, pelo que o acréscimo de rendimentos anuais para a Juventus é enorme.

Vamos, por isso, tentar demonstrar que a “Juve” fez um bom negócio com a aquisição de Cristiano Ronaldo.

Assim, supondo que o custo do capital investido (120.000.000 €) em Cristiano foi de 4% (valor muito razoável nos tempos que correm), que o contrato é por cinco anos, que o vencimento anual é de 30.000.000 de euros, que a contratação de Ronaldo evitou a contribuição de outro jogador que ganharia, por exemplo, 10.000.000 de euros/ano e que o valor de venda de Ronaldo, daqui a cinco anos, é nulo (hipótese muito conservadora), pergunta-se: Qual o rendimento adicional anual, em termos actuais, que a contratação de Ronaldo deve proporcionar para que o investimento, em termos financeiros, recompense a Juventus

Em termos matemático, tem-se:

onde R representa o valor presente dos rendimentos anuais proporcionados por Ronaldo, pelo que:

€ 120.000.000 = R 4,452 – € 30.000.000 x 4,452 + € 10.000.000 x 4,452

= R 4,452 – € 20.000.000 x 4,452

= R 4,452 – € 89.040.000, donde

R 46.955.000 euros.

Ou seja, se a “Juve” aumentar, em termos presentes, os seus rendimentos (aumento de vendas de camisolas, de sócios no estádio, de contratos desportivos, etc.) relacionados com a aquisição de Ronaldo em cerca de 47.000.000 de euros anuais (450.000 camisolas por ano…), terá um resultado positivo e, por isso, fez um bom negócio.

Porém, o futuro a…


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