A riqueza do artesanato nacional, os sabores inconfundíveis da gastronomia local e a cultura popular portuguesa vão andar de mãos dadas na Feira Nacional de Artesanato e Tasquinhas de Pombal, que decorrem no Expocentro, entre hoje e domingo (30). O evento, que vai já para a 25.ª edição, atrai anualmente milhares de visitantes à descoberta do artesanato genuíno e da gastronomia tradicional.
Decoração, brinquedos, livros, vestuário, calçado, malas e carteiras, bijutaria, bordados, mantas, tapeçaria, cestaria, olaria, mobiliário, pintura, azulejos… Durante três dias, o Expocentro transforma-se num grande atelier, onde artistas vindos de Norte a Sul do país mostram as peças mais tradicionais, mas também as novidades das novas gerações de artesãos que deixam marca com grandes e inovadoras produções. A variedade é enorme, mas independentemente de serem mais ou menos tradicionais, mais ou menos irreverentes, uma coisa têm em comum: são artefactos feitos manualmente. E prova disso é que muitos artesãos transformam o espaço de exposição no seu atelier, mostrando ao vivo o processo de construção das suas peças.
De referir que esta feira é representativa do artesanato de todo o país, prevendo a participação de 180 expositores, donde se destacam 154 artesãos de quase todos os distritos de Portugal. No ano das Bodas de Prata deste certame, e perante a grande afluência de candidaturas, a organização entendeu criar uma nova área de exposição na galeria, opção que contribui para a valorização do artesanato local e das artes manuais do concelho de Pombal.
Mas nem só de artigos originais feitos manualmente se faz este certame. À riqueza do artesanato nacional juntam-se os sabores inconfundíveis da gastronomia local numa conjugação de saberes e sabores únicos e genuínos. Falamos das tasquinhas, onde 14 colectividades, representantes das freguesias do concelho, vão servir algumas das iguarias típicas da região. Além disso, há ainda espaço para os produtores que trazem consigo os vinhos, queijos, enchidos, licores e doçaria oriundos de todo o país.
Ao artesanato e à gastronomia junta-se ainda a cultura popular portuguesa num programa de animação diversificado, com destaque para a promoção de três espectáculos do Festival de Música Popular 2018, do INATEL.
Enfim, durante três dias o Expocentro enche-se de produtores e artesãos num evento que pretende valorizar o artesanato nacional, promovendo a sua divulgação e comercialização tanto nas vertentes tradicional, como contemporânea. A Feira Nacional de Artesanato, que assinala este ano as bodas de prata, propõe-se ainda fomentar o aparecimento de jovens artesãos e de novas actividades na área dos ofícios tradicionais, envolvendo a comunidade pombalense na dinamização de iniciativas de cariz educativo, de animação e de promoção de produtos locais, ao nível do turismo e da gastronomia.
“A organização deste certame tem tido, ao longo destes 25 anos, uma preocupação constante na selecção e convite dos artesãos participantes, no sentido de garantir uma elevada qualidade dos expositores presentes, destacando-se a nível regional e nacional como uma das Feiras de Artesanato de referência”, realça uma nota da autarquia, salientando que têm sido “presença assídua artesãos de várias regiões do continente e ilhas, apresentando artesanato diversificado nas áreas do têxtil, olaria, cestaria, escultura, tecelagem, cerâmica figurativa, cantaria, azulejaria, ourivesaria, entre outros”.
“E dando continuidade a essa opção, a organização escolheu dar um destaque especial aos finalistas e vencedores do Prémio Nacional de Artesanato 2017, do Instituto de Emprego e Formação Profissional, nas áreas do ‘Grande Prémio Carreira’, ‘Prémio Inovação’ e ‘Prémio Empreendedorismo Novos Talentos’, criando um núcleo expositivo para a promoção dos seus trabalhos, integrado no stand do Município”, adianta a mesma nota.
Considerando que 2018 foi eleito o Ano Europeu do Património Cultural, e que o Figurado de Estremoz, um ex-libris do artesanato nacional, foi classificado Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, a organização optou por seleccionar uma peça daquela produção para ser a imagem da 25.ª edição deste certame, destacando o figurado “Amor é Cego”, de Jorge Conceição, um artesão de Estremoz, que também marcará presença nesta Feira.
A Feira Nacional de Artesanato e Tasquinhas de Pombal pode ser visitada no Expocentro na sexta-feira (28) das 18h00 à 01h00, no sábado (29) das 14h00 à 01h00 e no domingo (30) das 14h00 às 22h00. A entrada é gratuita.
ADAP nasceu para valorizar artesanato de Pombal
A Feira Nacional do Artesanato de Pombal vai já para as 25.ª edição, atraindo anualmente centenas de artesãos do concelho e fora dele. E são muitas as pessoas que no território pombalense se dedicam a esta actividade, que tem vindo a crescer nos últimos anos. Contudo, faltava no concelho uma associação representativa deste sector. Faltava, mas já não falta. Em Maio, a ideia que nasceu no âmbito do projecto Rosa dos Ventos, passou do papel para a realidade: foi criada a Associação de Artesãos de Pombal (ADAP).
“Há muitos artesãos em Pombal, mas não havia uma associação especificamente dedicada ao artesanato”, explicou ao TERRAS DE SICÓ Clotilde Antunes, presidente da ADAP, adiantando que foi a equipa do projecto Rosa dos Ventos que os “incentivou a criar uma associação que juntasse todos os artesãos de Pombal, envolvendo-os em várias actividades”. “No início não havia muita vontade, mas com o passar do tempo percebemos que poderia ser vantajoso” e puseram mãos à obra.
Neste momento, apesar do projecto estar ainda no início, a ADAP já tem “cerca de 30 sócios e várias pessoas interessadas”, realça Clotilde Antunes, salientando que “só aceitamos sócios que sejam mesmo artesãos e não pessoas que façam do artesanato apenas negócio”. Afinal, o objectivo da associação é promover as artes e ofícios, desenvolvendo a valorização dos artesãos e das actividades artesanais no município de Pombal.
E projectos? “Já começámos a trabalhar, apresentando a associação às juntas de freguesia, participando na BioArtes e noutras feiras, criando uma página e marcando presença na Feira Nacional de Artesanato de Pombal, tanto com os artesãos individualmente como com um expositor da ADAP, que vai aproveitar para se apresentar e angariar novos sócios”.
Porém, não querem ficar por aqui. Tanto que estabeleceram “uma parceria com a Junta de Freguesia de Pombal e vamos desenvolver outra com o Cearte, para fazer cursos profissionais no próximo ano e ajudar os artesãos a adquirir a Carta de Artesão e de Unidade Produtiva Artesanal, necessária para participar em muitas feiras”.
Além disso, estão à procura de um espaço para sediar a ADAP e “mais tarde também queremos abrir uma loja em Pombal, onde os artesãos associados poderão expor e comercializar os seus produtos”, revelou Clotilde Antunes, salientando que “o desafio agora passa por incentivar os artesãos a inovar e fazer coisas genuínas, marcando pela diferença para possibilitar dar continuidade aos seus projectos”.
“O artesanato é uma actividade em crescimento, mas ainda há muito trabalho a fazer, nomeadamente incentivando as pessoas a especializarem-se apenas numa coisa, desenvolvendo peças de artesanato originais e genuínas, também para fazer a diferença em relação a outros artesãos e outras regiões do país”, considera Clotilde Antunes, frisando que “cada região tem o seu próprio artesanato e em Pombal o mais representativo são os cestinhos da Ilha”.
Portanto, ideias há muitas, todavia são para ir implementando, pois “muitos artesãos desenvolvem esta actividade como hobby e poucos são os que fazem dela actividade principal”. Para já, estão a preparar a participação na Feira Nacional do Artesanato de Pombal, que encaram como “uma mais-valia no sentido em que é mais um evento em que os artesãos podem mostrar e vender os seus produtos”. Além disso, “estas feiras são também importantes porque há sempre pessoas que vêm, não com o intuito de comprar, mas de recolher contactos de artesãos para participar noutros eventos ou fazer parcerias com lojas onde poderão expor e comercializar as suas peças”.
Eco-evento
Este evento iniciou em 1994, agregando a “Feira de Alimentação de Pombal” e a “Feira de Artesanato”, que se realizava na cidade de Pombal, no Pavilhão das Actividades Económicas e na zona envolvente.
Em 1998, a Feira foi transferida para o Parque TIR, onde se realizou até 2004, altura em que o pavilhão foi remodelado, passando a disponibilizar uma área total coberta de 8.000 m2 e a designar-se por Expocentro.
Hoje, este certame resulta de uma organização entre o Município de Pombal e a ADILPOM – Associação de Desenvolvimento e Iniciativas Locais de Pombal, e conta com o apoio da PMUGest – Pombal Manutenção Urbana e Gestão, E.M., do IEFP e da Caixa de Crédito Agrícola. Este ano, contará também com a parceria do CEARTE, do INATEL e da VALORLIS, que reconheceu a Feira como um Eco-Evento.
Apostado cada vez mais na promoção e divulgação da cultural local de Pombal e do seu território, o Município assume a importância deste evento na concretização deste objectivo, apostando numa divulgação alargada quer a nível local, como a nível nacional, através dos principais canais televisivos.
O Município pretende, assim, posicionar-se como um concelho promotor da cultura e da tradição, sendo o artesanato uma marca forte da identidade local, regional e nacional do território pombalense.
CARINA GONÇALVES
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