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Penela: Regeneração florestal problemática (também) na Serra do Espinhal

14 de Setembro 2018

A Serra do Espinhal, no concelho de Penela, não foge ao cenário repetido um pouco por todas as zonas afectadas pelos incêndios de 2017 e está a ser “invadida” por eucaliptos, acácias e áquias, que nascem agora de forma descontrolada, ameaçando tornar a floresta ainda mais vulnerável, com consequências também para a segurança das populações.

“Após cada incêndio é normal que haja espécies invasoras a tomarem um pouco conta do território, mas é cada vez mais um cenário preocupante e as pessoas não têm atenção a isso”, alerta Luís Dias, presidente da FLOPEN – Associação de Produtores e Proprietários Florestais do Concelho de Penela, defendendo uma intervenção política que ponha cobro ao problema.

O dirigente lembra que “antigamente, quando o eucalipto era novidade, os proprietários iam arrancando os que estavam a mais, desbastavam alguns e a situação estava controlada. Agora não, as pessoas estão a marimbar-se para o que daí advém, cada vez os terrenos estão mais infestados e depois não há nada a fazer”, avisa.

À regeneração natural das árvores que arderam e que vão rebentando ao longo da base, juntam-se as sementes daquela espécie exótica trazidas então pelo vento, que estão a germinar de forma avassaladora, transformando, por exemplo, antigos pinhais em novos eucaliptais.

“Na Serra do Espinhal muitos, mas muitos, dos eucaliptos que ali estão foram ´plantados´ pelos incêndios ao longo dos anos”, afirma o também presidente da Junta de Freguesia local, recordando que a praga começou depois do grande incêndio de 1983.

Luís Dias explica igualmente que a semente das acácias “pode durar 100 anos na terra e ao fim desse tempo ainda renascer”. Enquanto estiver à sombra não nasce, mas quando a vegetação arde e a semente fica exposta ao sol “abre e fica por tudo o que é sítio”.

Muitos milhares de sementes que não foram destruídas à passagem do fogo ou foram levadas pelo vento naquela altura espalharam as espécies que agora nascem e crescem ajudadas por uma completa exposição ao sol, tendo os nutrientes resultantes da combustão como o melhor adubo.

“No último Inverno já nasceram muitas e no próximo vão nascer muitas mais, deixando os terrenos incultos, tanta é a quantidade. Nem sequer dá para qualquer produção de madeira”, frisa.

O líder da FLOPEN pede uma “intervenção política que permita neutralizar a situação”, mas não antecipa “grande solução à vista” para erradicar o problema, potenciador de novos incêndios.

Recentemente, também o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, apelou ao Governo para travar o fenómeno da regeneração natural do eucalipto nas zonas afectadas pelos incêndios, considerando que “se não for definida rapidamente uma estratégia nacional, não há dúvidas de que num futuro próximo vamos ter aqui autênticos barris de pólvora em matéria de risco de incêndio rural”.

LCM


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