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Penela: Paulo Júlio recebeu medalha de mérito e descarta regresso à política

29 de Setembro 2018

O antigo presidente da Câmara de Penela e ex-secretário de Estado, Paulo Júlio, agraciado hoje com a medalha de mérito municipal daquele concelho, descarta um regresso à política. Em declarações ao TERRAS DE SICÓ, à margem da distinção que marcou a sessão solene comemorativa do Dia do Município, referiu que “a política fez parte de uma parte da minha vida, que assumo com grande orgulho e satisfação, mas isso não é assunto”.

“Isso” fora trazido à liça minutos antes, pelo (seu) ex-ministro, Miguel Relvas, que numa mensagem de vídeo reproduzida na sessão afirmara que “Paulo Júlio fez um interregno na política, mas tenho a certeza que mais dia, menos dia, mesmo com os sucessos que está a ter na vida profissional, [voltará, porque] o país e o PSD bem precisam dele, com a sua capacidade, o seu discernimento e a sua ousadia”.

Os “reconhecidos méritos organizacionais e de liderança”, o “elevado sentido de serviço público que sempre cultivou”, “a frontalidade com que defende as causas em que acredita, indiferente aos dissabores pessoais que daí possam advir, o “enorme papel que teve de transformar o futuro de Penela” foram algumas das razões que levaram o Município a avançar para a atribuição da medalha de mérito.

“É indiscutível que os patamares de qualidade que Penela atingiu nos últimos anos são o resultado de um contrato social muito claro entre a autarquia e os que escolheram Penela para viver, trabalhar ou investir e que teve no sonho e na visão que trouxeste para a nossa terra o maior contributo”, salientou o presidente da Câmara, Luís Matias, de olhos postos no agraciado.

Para o autarca, Paulo Júlio não vai ser recordado na história como um político ou personalidade consensual. “E, ainda bem. Esse papel está reservado para os que fazem da actividade política um exercício que vive exclusivamente dos afectos, da consensual indulgência, da aparente aquietação social”, sentenciou.

“O dia de hoje é de reconhecimento e de gratidão pelo que já fizeste por Penela, mas é, também, um acto de justiça. Para que na política possa haver lugar para a ética e não apenas para a astúcia. O modo como exerceste os cargos que ocupaste e a forma como os deixaste revelam aquilo que és: um homem a quem nunca faltaram ideias nem ideais”, disse Luís Matias, dirigindo-se ao homenageado.

Convidado para a sessão solene do Dia do Município, o conselheiro de Estado Luís Marques Mendes também elogiou Paulo Júlio, considerando-o “há muitos anos, uma excelente referência”. Como “autarca modelo”, pela obra que fez em apenas seis anos de mandato; como governante, que em dois anos “produziu mais trabalho, mais acção e mais resultados que, às vezes, muitos secretários de Estado e ministros durante uma vida inteira”; e, finalmente, como cidadão, pelo “exemplo cívico” de quem “não precisou da política para se afirmar, para subir na vida, para se projectar”.

Por seu turno, o presidente da Assembleia Municipal de Penela, Fernando Antunes, “responsável” pela chegada de Paulo Júlio à vida política e autárquica, sublinhou que “o povo do concelho tem na memória e no coração o que nos destes com entusiasmo, com generosidade e competência”.

Perante uma vasta plateia, que encheu o auditório municipal e onde marcaram presença, entre outros, antigos e actuais autarcas, deputados da Nação e antigos governantes, como Miguel Relvas, o homenageado, que apontou a amizade como “a principal razão pela qual estamos aqui hoje”, agradeceu a muitos que o acompanharam ao longo da vida política e profissional, deixando também uma palavra aos jovens. “ Tenham sempre a humildade para aprender, nunca desistam de sonhar e de ter planos, construam-nos e lutem por eles; e esqueçam a sorte, nada se faz sem trabalho e dedicação”, preconizou.

Ao TERRAS DE SICÓ, Paulo Júlio expressou a felicidade do momento e a alegria de ver tantos amigos. “É bonito nos momentos bons juntarmo-nos, e hoje foi um momento bom, especial, da minha vida e da minha família”, afirmou.

O antigo autarca depositou nas mãos do actual presidente da Câmara a medalha de mérito recebida. “Ficará contigo até ao teu último mandato, quando saíres devolves-ma. Esta é a forma simbólica de fazer aqui o principal agradecimento, agradecer a todos os penelenses, a cada um de vós, por este momento de felicidade que tenho oportunidade de viver com a minha família e os meus amigos presentes”, justificou, perante uma prolongada salva de aplausos.

Paulo Júlio foi presidente da Câmara de Penela entre 2005 e 2011, cargo que deixou para assumir a secretaria de Estado da Administração Local e Reforma Administrativa durante um período de quase dois anos. Actualmente é director-geral da empresa Frijobel, sediada naquele concelho.

Falta coesão territorial

A coesão territorial, ou a falta dela, marcou também parte dos discursos dos intervenientes na sessão solene.

“Em Penela temos remado contra a maré, mas a verdade é que as políticas governativas seguidas acentuaram o binómio que parte o país em dois, um onde há pessoas e outro onde a tendência é para um deserto”, afirmou o antigo presidente da Câmara e ex-deputado, Fernando Antunes, realçando a necessidade de “exigir profundas alterações de mentalidade (…) e inscrever de vez a coesão territorial e social como preocupação activa, precursora de novas políticas”.

Para o autarca Luís Matias, “a correcção das assimetrias e a coesão territorial que tanto enche a boca dos nossos governantes nunca se constituiu, verdadeiramente, como uma prioridade do país”.

“Aliás, o país grande apenas agora se mostrou preocupado com o país pequeno, fruto das repetidas tragédias dos grandes incêndios da região Centro e mais recentemente de Monchique. Lamentavelmente percebemos que é apenas pela dimensão da nossa desgraça que o país se sobressalta, e tão depressa se sobressalta como se esquece”, afirmou.

O presidente da Câmara de Penela defende que “inverter o ciclo de recrudescimento da desertificação económica, social e demográfica dos territórios de baixa densidade, colocando de uma vez por todas o desígnio da coesão territorial, deveria ser uma causa nacional que unisse os portugueses”.

Pelo mesmo diapasão alinhou Marques Mendes, evidenciando que “Portugal precisa de medidas mais radicais, porque as medidas anteriores todas falharam e os paliativos não resolvem nada”.

Reconhecendo que a coesão territorial “não é um problema novo”, nem exclusivamente português, e que “a máquina do Estado é terrivelmente centralista”, o antigo líder social-democrata apelou a um “consenso políticos nestas matérias” e aos autarcas “dos vários partidos” que se unam e constituam “um grande movimento de defesa desta causa, que pugnem por este desígnio”.

LUIS CARLOS MELO

(Na foto acima, Luís Matias, Marques Mendes e Fernando Antunes, no momento de agraciar Paulo Júlio)

 


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