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Alexandre Carril

Até o/ao lavar dos cestos

14 de Setembro 2018

Aproximam-se em breve as muito esperadas vindimas.

A cada ano há um renovar de esperança e uma expectativa infinita em relação aquilo que será a colheita. Se o ano anterior foi bom, espera-se que o seguinte seja igual ou melhor, se foi mau tem-se a expectativa que este possa recuperar as perdas anteriores. Tudo isso interligado com a variação de qualidade existente em cada ano, dá uma amálgama de sensações que só quem as vive sabe o que quero dizer.

Desde miúdo que ouço dizer: “até ao lavar dos cestos ainda é vindima”, isto quer dizer que, mesmo depois das uvas apanhadas ainda há muito trabalho pela frente até que possamos fazer um aaaahh após a prova do primeiro gole. Da minha experiência como enólogo e como produtor de vinho, confirmo que assim é. Depois de apanhadas as uvas ainda temos na adega muita hora de trabalho e cuidados para aproveitar ao máximo todo o bom potencial das nossas uvas.

Resultado de todos estes anos de trabalho, cada vez mais me convenço que temos de fazer uma pequena alteração ao provérbio e eliminar a expressão “ao” pelo artigo definido “o” e deste modo passaremos a dizer: “até o lavar dos cestos é vindima”. Porque acontece que muito boa gente acha que lavar é passar uma mangueirada de água nas vasilhas e utensílios de vindima/adega e está a lavagem feita, mas preparar-se para a vindima consiste em limpar a zona circundante da adega, as instalações (chão, paredes, tectos etc.), maquinaria e utensílios (baldes, poceiros etc.), em suma tudo o que contacte com o vinho ou que esteja nas proximidades.

Só assim se poderá ter uma “casa” devidamente asseada para receber tão importantes visitas das quais está à espera há quase seis meses. Reforço este assunto da higiene, porque se ele falhar, todo o trabalho que tivemos desde o dia em que demos a primeira tesourada a podar a primeira videira foi em vão. É certo e sabido que muitos vinhos que conhecemos só não são melhores, porque quem o faz não sabe limpar e com isso perde grande parte do trabalho e investimento que teve durante o ano.

Para dar umas dicas, aqui ficam as várias etapas da higienização e que são cinco. A saber:

1 – Pré-enxaguamento, pode ser com máquina de pressão e serve apenas para eliminar a sujidade mais grossa.

2 – Detergência, corresponde à aplicação de um detergente que irá eliminar a sujidade, atenção que, sarro também é considerado sujidade.

3 – Enxaguamento, serve para eliminar a sujidade dissolvida pelo detergente e os resíduos de detergente.

4 – Desinfecção tem a função de eliminar micróbios que ainda tenham ficado à superfície.

5 – Enxaguamento para eliminar os resíduos de desinfetante.

Cumprindo com máximo rigor estes cinco passos se tiver uvas sãs, precisa de pouco mais para fazer um bom vinho, em caso contrário, mesmo com as melhores uvas do mundo irá fazer um produto que ao fim de pouco tempo não se poderá chamar vinho.

Votos de boas limpezas e de boas uvas.


  • Director: Lino Vinhal
  • Director-Adjunto: Luís Carlos Melo

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