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Paulo Júlio

Ideologia ou isto

3 de Agosto 2018

O sistema político é tão mais rico quanto mais estiver ocupado por diferentes ideologias sociais e económicas. É nessa diversidade ideológica que cada cidadão informado deve escolher para além da espuma dos dias. Depois, é óbvio que os protagonistas de cada uma das forças políticas devem ser coerentes nos seus posicionamentos face à sua vida.

À esquerda do espectro político temos como principais protagonistas dois partidos cuja génese e história são diferentes. Independentemente da divergência de ver a sociedade, sobre o papel do Estado e das empresas na economia, considero que o PCP é uma força política estável, coerente e credível. Diz-se, por Lisboa, nos meandros do poder, que o PCP é certo e não vacila perante a palavra.

Sem ser injusto, nunca tive a mesma opinião do BE. Muitos chamam-lhe a “esquerda caviar”, eu digo simplesmente que a maioria das pessoas, não todas, evidentemente, defende um conjunto de ideais que não têm aderência com a sua própria realidade de vida.

Não quero bater no que está morto. Não comungo nada da ideia que a demissão foi uma atitude sensata. Não considero sensata uma acção tomada após se ter dito e defendido o contrário. A demissão era a única saída desde o primeiro dia. Não está em causa a compra de um imóvel, as suas obras e as suas consequentes mais-valias, tudo feito ao abrigo de legislação, mesmo nos seus efeitos com os inquilinos. O que está em causa é a incoerência total e desavergonhada entre o que se diz e o que se faz.

O problema não é que o jovem vereador da Câmara de Lisboa tenha praticado algum acto ilegal ou diferente do que fazem tantos outros cidadãos, beneficiando do mercado e das suas dinâmicas. O problema reside no facto que o dito autarca berrava e insultava contra quem tinha esse tipo de comportamento económico. O problema agudiza-se ainda mais quando a coordenadora do BE vem tentar defender o indefensável, expondo-se ao ridículo e à comédia generalizada. Um partido não é uma tribo. Um partido deve ter ideologia e defendê-la. Mas, um partido, se quer ser credível, não pode ter dirigentes assim.

Para concluir, o cidadão Robles poderia ter feito o que fez, sem que alguém lhe pudesse apontar o que quer que seja, a não ser, alguém do BE que destrata quem o faz. Neste caso, pelos vistos, basta ser do BE e “especular” que já merece a devida e justa defesa dos seus dirigentes, ou, pelo menos, de alguns deles.

Com esta história, o PCP ri-se, o PS encolhe os ombros, o CDS disse o que deveria ter dito, e o PSD disse que a demissão foi sensata, quase colocando o dirigente Robles num pedestal de boa conduta.

Também não compreendi. Se há algo que tem de ser criticado, em nome do bom nome da democracia portuguesa, é que não pode, isso, não pode haver actores políticos que dizem uma coisa de manhã e façam o seu contrário à tarde. Isso é a total ausência de credibilidade e a demissão não resolveu coisa nenhuma no que a isso diz respeito.

Termino com uma pérola de outra jovem dirigente do BE: “é preciso perder a vergonha de ir buscar a quem está a acumular dinheiro”. Espero que o Robles tenha sorte!


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