As freguesias de Chão de Couce e Alvorge estão a contestar o eventual encerramento das extensões de saúde. Como forma de protesto, a Junta de Chão de Couce colocou a circular um abaixo-assinado. A Junta do Alvorge fez o mesmo e colocou ainda duas lonas (uma em frente à unidade de saúde local e outra junto à EN347-1).
O possível encerramento da unidade de saúde iria obrigar cerca de 1.900 utentes a deslocações de vários quilómetros para terem cuidados médicos ou de enfermagem, acusa o presidente de Chão de Couce, Fernando Rodrigues, que foi informado de que foi proposto o encerramento do centro de saúde da freguesia, que também serve Pousaflores.
Face a essa informação, aquela edilidade lançou um abaixo-assinado, garantindo que o mesmo está a ter uma “forte adesão” por parte da população.
“O que sabemos é que pretendem que fiquem apenas os centros de saúde de Ansião, Avelar e Santiago da Guarda, obrigando estes utentes a deslocarem-se, quando não há uma rede de transporte eficiente para estas freguesias”, denunciou o presidente, considerando que “seria mais fácil deslocar um médico, um enfermeiro e um administrativo” do que os utentes, até porque se trata de “uma população idosa, com dificuldades e fracos recursos económicos”.
“Quando se fala da defesa do interior e da desertificação, fechar este serviço será mais um passo para contribuir para a saída de pessoas”, alertou Fernando Rodrigues, constatando que “até a farmácia que existe na freguesia poderá vir a fechar”.
Posto isto, “queremos entregar o abaixo-assinado quando for realizada a reunião com a ARS [Administração Regional de Saúde] do Centro para lhes mostrarmos como a população está contra. Acredito que a Câmara está do nosso lado e que irá fazer todos os esforços para que o encerramento não se concretize”, referiu o autarca.
Também o presidente da Junta de Alvorge pretende fazer tudo o que estiver ao seu alcance para evitar este encerramento, que obrigaria perto de 1.500 utentes a deslocarem-se até Ansião ou Santiago da Guarda, sobrecarregando aquelas unidades. “Este é um serviço essencial que queremos manter”, assegura José Barbosa, alegando que “as pessoas idosas são as que mais recorrem a este serviço, mas não têm transportes para se deslocarem”.
Apesar de até ao momento não ter recebido qualquer informação oficial sobre o assunto, como forma de protesto “colocámos umas lonas e estamos a fazer um abaixo-assinado, que está a ter boa adesão”, garante o autarca, salientando que “as condições do centro de saúde do Alvorge, comparado com outros da zona, são boas”. A mesma opinião não terá a médica que presta serviço naquela unidade, que “enviou uma carta à ARS Centro a denunciar a falta de condições do centro de saúde”, alegando que “o barulho da sala de espera se ouvia no consultório e perturbava o seu trabalho”, disse ao TERRAS DE SICÓ José Barbosa, desconfiando que o eventual fecho poderá estar relacionado com essa queixa.
Para o presidente da Câmara Municipal de Ansião, “encerrar dois pólos de saúde, obrigando à deslocação de 3.962 pessoas (quase um terço da população do concelho) em freguesias que cumprem os rácios médico/utente, é comprometer o futuro destas terras e contrariar as políticas orientadoras deste governo, no apoio e incentivo ao desenvolvimento dos territórios de baixa densidade e na intenção da promoção da coesão territorial”.
Por isso, “não entendemos as opções em prol do desenvolvimento dos territórios mais desertificados”, refere António José Domingues, adiantando que “não podemos aceitar que se encerrem serviços descentralizados da administração pública, que não têm em consideração o envelhecimento da população e a inexistência de um sistema de transportes facilitador da mobilidade”.
ARS não equaciona encerramentos
Questionada pela Agência Lusa, a ARS Centro adiantou que “não se equaciona encerrar nenhuma unidade de saúde no concelho de Ansião”. “Nesta altura, perspectiva-se a criação de uma Unidade de Saúde Familiar [USF], estrutura organizativa do SNS [Serviço Nacional de Saúde], na área dos Cuidados de Saúde Primários, com autonomia de gestão técnica-assistencial, que visa melhorar o nível de saúde da população abrangida, garantindo mais qualidade e eficiência dos serviços prestados”, acrescenta a ARS.
Nesse sentido, a ARS confirmou que “está prevista, em breve, uma reunião entre o Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Interior Norte e a Câmara Municipal para apresentação e discussão do projecto da USF”.
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