Ao analisarmos a nossa história recente, é normal que todos desejemos que em 2019, não se passe o que se passou em 1999 e em 2009. Todos estes anos têm em comum o facto de serem anos de eleições legislativas, estar no governo o partido socialista e de se terem tomado decisões que em muito agravaram o estado do Estado, nos anos seguintes. Em 2001 foi o pântano do Eng. Guterres, em 2011 foi a bancarrota e a consequente chamada da Troika.
Nos últimos quase vinte e cinco anos, o PS vai governar praticamente dezassete anos, deixando repetidamente Portugal em situação pouco recomendável. Por isso, o desejo colectivo é que a história não se repita e que, desta vez, António Costa deixe Portugal preparado para tempos de menor crescimento económico e, sem retóricas, independentemente das estatísticas que cada um interpreta como lhe dá mais jeito, consciente do verdadeiro estado dos vários serviços públicos.
Os sinais que têm dado não são auspiciosos. É essencial para a “política partidária” que o Orçamento de 2019 passe e para que tal aconteça, o PS precisa dos votos do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda. E, por sua vez, para que tal aconteça, vão existir exigências que podem ser comprometedoras para o futuro.
Naqueles anos de 1999 e 2009, o PS ganhou as respectivas eleições legislativas e dois anos depois estava a entregar a governação do País, com graves problemas sociais e económicos. Esta história ensina-nos que num País com as nossas debilidades de periferia, com uma dívida pública enorme, com uma economia frágil e demasiado exposta por escassez de mercado interno, um par de anos pode ser suficiente para nos levar do suposto céu ao inferno.
Os problemas estruturais ainda por cá estão, nestes últimos anos foram-se gerindo as reformas que vinham de trás, dizendo mal, mas aproveitando os resultados que daí advieram. Por outro lado, há alguns comportamentos que regressaram como o endividamento excessivo e a especulação imobiliária que coloca o preço por metro quadrado da habitação num nível incomportável para um País cujo salário médio está bem abaixo dos 1.500€.
No sistema bancário, talvez haja mais segurança, mas sem suporte do BCE, as taxas de juro subirão e muitas empresas não aguentarão esses custos financeiros porque também os seus problemas são os velhos problemas de défice de gestão. E não, não se trata de uma mensagem pessimista, mas tão-somente trazer à discussão pública que a realidade não é bem como a pintam.
Na realidade, será essencial que Portugal não volte a tomar de forma irresponsável as mesmas decisões de há 10 ou 20 anos. É nisso que quero acreditar e é isso que deveremos exigir, mesmo negando alguma eventual benesse e nunca deixando de exigir que o dinheiro proveniente dos imensos impostos que todos pagam seja aproveitado com competência e responsabilidade.
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM