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Paulo Júlio

O Estado desta nação

20 de Julho 2018

Já sabemos que em 28 países da União Europeia, há 20 que crescem mais do que Portugal. Obviamente que não temos milagres económicos e evidentemente que apesar dos juros baixos, preços de petróleo baixos, turismo em níveis de desenvolvimento altos, Portugal não cresce como deveria crescer, mesmo após um pedido de ajuda externa que nos afectou gravemente entre 2011 e 2015. Não vou entrar por questões de análise política, mas é importante analisar esta enfermidade que prejudica o nosso desenvolvimento.

Há alguns factores que prejudicam o desenvolvimento económico português há cerca de duas décadas, momento em que a entrada na Zona Euro nos impediu de voltarmos a usar a nossa moeda para regular a nossa economia, variável que não sendo estrutural, nos foi embalando. O primeiro factor é a enorme carga de impostos sobre os rendimentos dos cidadãos e empresas, impostos indirectos sobre automóveis, sobre os produtos petrolíferos, portagens de autoestradas, impostos de transacção de imóveis, impostos sobre os imóveis, preços de energia eléctrica altíssimos, etc, etc.

Obviamente que a conclusão deste primeiro factor é que uma enorme parte dos rendimentos serve para alimentar o Estado que, em troca, nos deverá dar um conjunto de serviços de qualidade. A pergunta que se impõe é se não é possível ter um Estado competente com menos carga fiscal, mais exigente e atento a variáveis que se relacionam com produtividade e foco na redução de despesa inútil. Não sou contra os direitos de ninguém, mas este Governo tem dado péssimos sinais na gestão do Estado e agravado a dicotomia entre público e privado. Um exemplo? As trinta e cinco horas semanais para alguns dos sectores do Estado, num tempo em que este precisa de poupar, ser melhor gerido e baixar a sua imensa dívida. Segundo factor relaciona-se com a burocracia do Estado que obviamente cerceia competitividade e adia, algumas vezes, projectos de investimentos.

Apesar da evolução, continua a haver pouca prioridade à Economia, nos serviços do Estado e no da maioria dos municípios, por manifesta falta de ferramentas e de recursos humanos alocados a esse objectivo, sem que ninguém se incomode particularmente. O terceiro factor é o nível médio da educação em Portugal e o desfasamento entre os conteúdos de muitos cursos superiores e as necessidades de uma organização empresarial ou até mesmo de um Estado moderno. Se juntarmos a isso, uma cultura generalizada de facilitismo e de algum porreirismo, e uma educação empresarial baseada em muitos pequenos negócios e, nalguns casos, pouco informada, temos aqui mais uma variável essencial que deve ser melhorada no comparativo com vários países da Europa.

Poder-se-ia ainda falar de um País com poucos recursos para se promover, com pouca aptidão para os seus actores públicos e privados se associarem para ganhar escala e resolverem problemas comuns. Assim, completa-se um leque de pontos em que definitivamente deveríamos ser melhores.

Como mudar? Diria que já seria um bom começo se não continuássemos a tapar o sol com a peneira porque a melhor forma de fazer melhor, é ter consciência que não se está a fazer bem.


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