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Câmara de Pombal ameaça retirar depósitos da CGD se balcão do Louriçal encerrar

7 de Junho 2018

O Município de Pombal ameaça retirar os cerca de sete milhões de euros que tem depositados na Caixa Geral de Depósitos (CGD) caso o banco encerre o balcão do Louriçal, anunciou ontem o presidente da autarquia, Diogo Mateus, na reunião de Câmara. O vereador Narciso Mota (NMPH) mostra-se “solidário com o povo do Louriçal”, mas considera que esta é uma “posição radical”. Por sua vez, Michael António (NMPH) defende “conversações com a administração da CGD” antes da tomada de posições e a vereadora Odete Alves (PS) fala em “reacções populistas”. O presidente da Junta de Freguesia do Louriçal, José Marques, alerta que “está em causa um serviço público de proximidade”, pelo que “o poder local deve estar unido na defesa das suas populações”.

“A partir de amanhã, a Câmara Municipal de Pombal deixará de trabalhar com a CGD até que esta situação seja reversiva, ficando apenas as operações que têm estrita obrigação legal, sendo que todo o operando será transferido para outras contas”, revelou Diogo Mateus, após confirmar a intenção daquela entidade bancária fechar, até ao final do mês de Junho, a agência do Louriçal, que tem “mais de 40 anos de actividade naquela sede de freguesia”.

“Os clientes do banco na freguesia do Louriçal receberam uma carta da instituição bancária a referir que por uma questão de optimização e porque tem aumentado o número de clientes na área digital, o balcão do Louriçal será transferido para Paião, na Figueira da Foz”, disse o autarca, lamentando que “não houve qualquer contacto da CGD com a Câmara de Pombal, quando outras instituições privadas costumam ter esse cuidado”.

“Não encontro justificação para o destratamento que é feito ao concelho de Pombal”, referiu Diogo Mateus, que vai “retribuir à CGD esta desconsideração para com o povo de Pombal”. Afinal, “se a relação é apenas comercial, à Câmara compete decidir onde abrir contas e, eu acrescento, onde encerrar contas”.

 

Junta promete “o mesmo tratamento”

O presidente da Junta de Freguesia do Louriçal, José Marques, está “muito satisfeito com a resposta do presidente da Câmara”, alegando que “dá-me mais força para eu continuar a lutar”. Para começar, “queremos que possam ter uma conversa connosco, já que não tiveram até agora. Depois vamos ver, tenho povo todo comigo”, salienta.

“Esperamos que esta decisão não seja irreversível”, contudo a confirmar-se “irei apelar a todos os habitantes da freguesia e a todos os clientes da CGD do Louriçal que não mudem de balcão, mas para outro banco, porque temos outras ofertas no Louriçal”. “Temos pena, mas faremos o mesmo tratamento que nos estão a fazer a nós”, assegurou ao TERRAS DE SICÓ José Marques, que teve conhecimento do fecho desta agência bancária por uma carta que recebeu enquanto cliente.

“Como é que é possível que de um momento para o outro digam aos clientes que têm de ir para o Paião, que é uma freguesia com muito menos aspecto comercial e industrial que o Louriçal?”, questionou. Mais. Apelam à utilização do digital, contudo “esquecem-se que temos pessoas que não têm essa formação”, pois “uma pessoa de 70 ou 80 anos não é propriamente conhecedora das novas tecnologias”. “Acredito na potencialidade das novas tecnologias, mas não podemos cortar com as alternativas”, defendeu.

Conhecedor da realidade local, o presidente da Junta diz que “não se percebem as razões desta decisão”, até porque “este banco hoje às 9h00, quando ainda ninguém sabia o que se estava a passar, tinha 22 pessoas para serem atendidas”, o que evidencia que “há dinamismo e há pessoas”.

 

Oposição contra

“Não concordo com a posição que a Câmara Municipal está a tomar”, afirmou o vereador Narciso Mota, argumentando que “não podemos ser radicais ao ponto de tomarmos decisões radicais”. “Estou solidário com o povo do Louriçal”, mas “é preciso analisar a situação” e “sem precipitações tentar arranjar uma solução, que deve ser ponderada” e “não intervenha com a gestão de uma entidade que é pública”.

Já Michael António não tem dúvidas de que “esta decisão teve critérios economicistas” e foi tomada por uma “entidade de crédito que tem no seu espectro lucrativo o seu objecto social”. “Evidentemente que me solidarizo com a população do Louriçal, porque já é segunda agência bancária que vai fechar num curto espaço de tempo”, porém o vereador do movimento NMPH defende que “numa primeira fase o município não perde nada em ter uma reunião com a administração da CGD”.

A mesma opinião é partilhada pela vereadora socialista. “Será bem mais importante conversar com a CGD para perceber as razões deste encerramento e se esta é uma decisão irreversível e então depois tomar as posições que entenderem”. “Estou em crer que esta direcção [da CGD] não terá tomado esta decisão de forma leviana, ou seja, terá sido ponderada certamente com base nos dados que recolheram junto da agência”, disse, frisando que “o PS está solidário com a população do Louriçal”. Mesmo considerando que “teria sido interessante que a CGD tivesse consultado o Município de Pombal e a Junta de Freguesia do Louriçal”, Odete Alves entende que “não será conveniente de todo que o município tome reacções populistas face a esta decisão”.

 

“Argumentação muito fraquinha”

O presidente da autarquia acusou a oposição de tratar de forma diferenciada situações semelhantes e de utilizar “argumentação muito fraquinha” para justificar a não concordância com a sua decisão. Afinal, para Diogo Mateus o encerramento de se serviços públicos que não se justifiquem “é uma tacanhez interpretativa, lamentável para quem dirige o que é que quer que seja do ponto de vista público”. “Isso não é o equilíbrio, não é uma gestão desconcentrada, não é tratar as pessoas todas da mesma maneira, não é dotar o nosso país com os recursos que mais precisa”, constatou, lamentando que “estamos num patamar em que os territórios importam pouco, o que importa são os números grandes”.

Posto isto, “espero que outras entidades nos acompanhem”, realçou Diogo Mateus, defendendo que “faltam acções concretizadas”.

 

PSD questiona Governo

Após ter conhecimento da eventual decisão de encerramento do balcão do Louriçal, o Grupo Parlamentar do PSD remeteu “imediatamente” uma pergunta regimental dirigida ao Ministro das Finanças no sentido de saber “quais os balcões que estão previstos encerrar em 2018 e quais os critérios que estão subjacentes à escolha destes balcões”.

“Neste momento, não podemos deixar de manifestar a nossa total solidariedade para com a população do Louriçal e toda a região envolvente pelo anúncio de uma decisão com a qual não concordamos e que pode ter consequências muito nefastas para um território com uma boa dinâmica económico-social, merecendo um melhor tratamento por parte das entidades responsáveis nos diversos sectores”, referiu o deputado do PSD à Assembleia da República, Pedro Pimpão.

CARINA GONÇALVES


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