O novo presidente da Associação Terras de Sicó, Luís Matias, definiu como “prioridade dar continuidade ao trabalho” assente “em quatro eixos” que tem vindo a ser realizado por “todos” e que visa a “defesa intransigente do território”, que é “um exemplo” de coesão territorial. Para ele, a alavancagem da região deve ser feita através da identidade cultural, patrimonial e económica, que esteve em evidência na Exposicó, que se realizou ontem, em Alvaiázere.
“Enquanto presidente da Terras de Sicó assumo aqui como prioridade dar continuidade ao trabalho que é do Nuno [Moita, presidente cessante,] e de todos aqueles que nos acompanharam nas reuniões de direcção” , realçou Luís Matias, reiterando que “estamos todos empenhados na defesa intransigente do território”, onde “é muito mais aquilo que nos aproxima do que aquilo que nos pode afastar”.
“Desenganem-se aqueles que pensam que agora muda o presidente da Terras de Sicó e muda tudo, não vai mudar quase nada, naturalmente há aqui um trabalho de continuidade”, assegurou o também autarca de Penela, defendendo que “é difícil perspectivar como seria este território sem o trabalho da Terras de Sicó”, que muito fez para a “alavancagem do território”.
Porém, ainda “há muito para fazer” numa região com “dificuldades, mas também potencial” que, depois dos incêndios do ano passado, “passou a fazer parte da agenda política nacional”.
Assim, “são quatro os eixos que entendemos que devem continuar a existir”, continuou Luís Matias, destacando desde logo a importância “da transparência e da inovação dos territórios” com “uma agenda ligada à inovação de base rural nos processos de transferência de conhecimento das universidades e politécnicos para as empresas”.
A “gestão sustentável dos recursos naturais e ambientais” é outro dos eixos que pretende dar continuação, gerindo “de forma sustentável, eficiente e ordenada” o biótico de Sicó, que é “eventualmente dos bióticos mais interessantes do país”. Para isso, “precisamos de criar uma linha muito focada na dimensão socioeconómica do espaço rural”, que valorize também “todo o nosso património cultural material e imaterial”, que se apresenta como outro eixo que “deve ser dinamizado enquanto alavanca para o desenvolvimento socioeconómico”.
Não menos importante é o “eixo ligado à animação territorial e aos processos de cooperação cada vez mais necessários e exigíveis para que um território se possa desenvolver de forma natural e sustentável”.
Para a concretização destes objectivos “é essencial recuperar os processos de certificação dos nossos produtos endógenos de maior notoriedade, nomeadamente o cabrito, o mel e o azeite”, delineou Luís Matias, adiantando que “é essencial também melhorar o sistema de ordenamento e gestão integrada do território de Sicó”, “constituir uma paisagem de âmbito regional”, bem como “melhorar os produtos turísticos culturais e de natureza da região, estruturá-los, capacitá-los e qualificar a sua oferta” assente em “dois eixos fundamentais” já existentes: a rede de aldeias do calcário e o eixo da romanização.
O novo presidente da Terras de Sicó chamou ainda a atenção para a necessidade de “um reforço das verbas geridas pelos Grupos de Acção Local (GAL)”, nomeadamente o Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo e ao Emprego (SI2E), no âmbito da reprogramação do quadro de apoio, sobretudo para os que “têm uma procura muito superior à oferta”. Para o autarca, “é essencial melhorar a agilidade e o tempo útil das candidaturas” para evitar que fiquem “mais de meio ano à espera de uma resposta da Comissão de Desenvolvimento Regional”, o que “prejudica a economia e a sociedade local”.
“Tenho de facto a convicção que a chave-mestra para abrir as portas que hoje nos parecem estar fechadas são, de facto, os recursos endógenos, ou seja, os recursos do território”, afirmou a presidente da Câmara de Alvaiázere, Célia Marques, referindo-se “a tudo o que é autêntico e identitário do território”, nomeadamente “à paisagem, à gastronomia, à cultura, ao património nas suas diferentes dimensões (natural, arquitectónico, histórico), às actividades económicas tradicionais e específicas da região”.
“E permitam-me que vos diga que as Terras de Sicó encerram um conjunto de recursos que têm um tremendo potencial de valorização”, concluiu Célia Marques.
CARINA GONÇALVES
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