A Câmara de Penela voltou a colocar na agenda local e regional o projecto da cobertura da Villa Romana do Rabaçal. Voltou, e bem. Na realidade, aquele espaço arqueológico tem sido desenvolvido e valorizado ao longo dos últimos 20 anos, sobretudo devido à vontade política dos vários Presidentes de Câmara que foram eleitos e que revelaram sensibilidade cultural e política para, apesar dos parcos recursos municipais, nunca deixar cair o sonho.
Existe um espaço Museu singelo mas digno, para ajudar a interpretar a estação arqueológica, no centro do Rabaçal, aldeia também conhecida pelo seu queijo. É justo, para além de referenciar o Presidente de Câmara que iniciou este projecto, Fernando Antunes, cujo trabalho foi prosseguido pelos sucessores, sempre no sentido da valorização daquele espaço, nomear aqui também o Dr. Miguel Pessoa e a Liga dos Amigos da VR do Rabaçal.
Muitos voluntários passaram por aquele espaço, deixando o seu carinho, conhecimento e saber, tornando possível uma continuidade de trabalho que tem 20 anos. Ao longo de mais de 20 verões , jovens do concelho, mas também fora dele, ocuparam ali os seus tempos livres, sempre comandados pelos arqueólogos da Câmara Municipal e pelo Dr. Miguel Pessoa.
Na realidade aquela estação arqueológica é, no verdadeiro significado da expressão, um espaço patrimonial do Povo, paulatinamente adoptado pelos locais que, é bom dizer, num primeiro momento acharam estranho aquela atenção e dispêndio público.
A cobertura daquela estação arqueológica e a valorização dos achados Romanos, nomeadamente dos mosaicos, é essencial se quisermos deixar para os vindouros um pouco mais de passado e de história. É um projecto dispendioso. É um projecto que mesmo com fundos europeus obrigará o Município a um esforço financeiro que não pode suportar.
O projecto de cobertura do espaço em questão, evitando pilares que estraguem os vestígios romanos, terá de ser realizado tendo como exemplo aquilo que existe e que visitámos em Espanha.
Este é um espaço singular da nossa região que deverá envolver todos ou não se passará das intenções. Há 10 anos, havia escolas, requalificações urbanas, alguma rede viária, projectos de espaços empresariais para dar prioridade, razão para, apesar da possibilidade de acesso a fundos europeus, não lhe ter sido dada prioridade. Se fosse hoje, teria feito o mesmo. Procurámos ainda fundos que pudessem complementar os fundos europeus, mas estávamos a entrar na famosa crise e o processo ficou ali.
Dez anos depois, faz sentido recuperar a ideia, pelo que daqui felicito o Presidente de Câmara de Penela, porque aquele pode ser um projecto verdadeiramente diferenciador e internacional, ligado a Coimbra e a Conímbriga. Penso mesmo que a solução passa por procurar fundos internacionais, convidando-os a visitar o espaço, explicando o património e o projecto. Pode haver outras formas originais, com fundos privados que possam estar interessados em associar-se de forma solidária ou a patrocinar a actividade de exploração que lhe poderá estar associada.
Uma coisa será certa. O projecto só irá para a frente com ambição e com disponibilidade para averiguar os vários cenários possíveis. Com mais do mesmo, a pensar comezinho, terá de esperar mais umas décadas, embora a região precise de antecipar acções como esta, desenvolvendo-se e fixando pessoas. É uma boa oportunidade e as condições são, hoje, muito mais propícias.
Desejamos muita sorte nesta viagem ao mundo Romano, que Penela pretende fazer. É um trabalho de diplomacia política e económica que poderá ser uma das imagens de marca do Luís Matias, na sua passagem pelo Município. Confio nessas suas capacidades que, neste caso, serão mesmo muito necessárias porque este não é um projecto qualquer.
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