Uma administrativa, uma enfermeira e três médicos (um dos quais a meio tempo) para prestar serviços de saúde primários a mais de 5.000 utentes da União de Freguesias de Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze. Este é o cenário que se vive naquelas três ex-freguesias do concelho de Pombal, que totalizam uma área de perto de 70 quilómetros quadrados. “A situação já não é nova”, denunciou o presidente da União de Freguesias, Manuel Nogueira Matos, salientando que o problema surgiu em Albergaria dos Doze e agravou-se com o encerramento da extensão de saúde de São Simão de Litém. O autarca fala num “estado de saúde quase caótico” com problemas que se arrastam desde 2013.
“Está tudo muito mal organizado”, acusa Nogueira Matos, advertindo que na área da sua freguesia “os meios humanos são muito escassos e fazem uma itinerância por diversas extenções de saúde”, o que contribui para um “estado de saúde quase caótico” que se arrasta “desde o início do mandato anterior”.
“Neste momento, a extensão de saúde de Albergaria dos Doze está a funcionar em determinados dias quando deslocam para ali a enfermeira e a administrativa de Santiago de Litém”, refere o autarca, frisando que nesses dias a unidade de Santiago fecha por falta de profissionais. Já o posto de saúde de São Simão de Litém encerrou temporariamente em Dezembro de 2016, data em que a médica se aposentou, deixando a população sem a prestação de cuidados médicos primários, tal como noticiou o TERRAS DE SICÓ em Maio do ano passado. “Entretanto, os utentes de São Simão foram transferidos para Santiago, onde são atendidos por um médico colocado ali a meio tempo para os utentes de São Simão”, uma solução que as pessoas “não entendem”, pois “obrigam os utentes a deslocarem-se”.
“As pessoas estão completamente saturadas”, refere Nogueira Matos, argumentando que, além das deslocações que são obrigados a fazer, “não conseguem marcar consultas por falta de disponibilidade”. O problema agrava-se pelo facto de se tratar de “zonas rurais, sem meios de transportes públicos e com populações envelhecidas”, adianta, ressaltando que “podemos estar a falar em distâncias pequenas, mas para pessoas que não têm mobilidade, dois quilómetros já é muito”.
“As pessoas não reclamam que as extensões de saúde funcionem a tempo inteiro, reclamam sim é que continuem a funcionar as três unidades num determinado número de dias fixos”, realça Nogueira Matos, alertando que “eventuais reestruturações nos serviços têm de ser comunicadas”, de modo a evitar que “as mudanças no funcionamento dos serviços criem condições anómalas”, como tem vindo a acontecer na sua freguesia.
O facto das extensões de saúde “não terem dias certos de funcionamento” e “toda esta falta de esclarecimentos gera contestação”, considera o autarca albergariense, avisando que a não resolução deste problema pode levar à revolta popular.
Para o presidente da Câmara de Pombal, Diogo Mateus, “não é admissível que os municípios e as freguesias não sejam tidos em conta na reorganização territorial dos serviços de saúde”, pelo que “a Assembleia Municipal devia pronunciar claramente” contra “essas imposições”, que contribuem para colocar “tudo isto em polvorosa”, chamando depois “os municípios para resolver os problemas”.
“Não me peçam para subscrever propostas de unidades de saúde familiar que vão de Carnide a Abiul”, pois “não me parece que seja razoável”, afirmou o edil, alegando que “o nosso território é grande e temos de ter em linha de conta a rede de transportes”. Posto isto, “acho que o nosso povo tem tido muita paciência”, rematou Diogo Mateus.
CARINA GONÇALVES
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