O marketing e a comunicação são, cada vez mais, instrumentos essenciais para modelar a percepção sobre um determinado produto ou serviço. Corre nas redes sociais, a história de um jovem inglês que, literalmente, resolveu inventar um restaurante, criar um logo, um site, juntar alguns cúmplices e publicitá-lo através da conhecida plataforma Trip Advisor.
Depois de condimentar a brincadeira, com excelentes fotos de pratos falsos, de muitos excelentes comentários dos cúmplices e de muitas negas aos clientes que tentavam reservar, o dito pretenso restaurante, chegou ao primeiro lugar do ranking de Londres, na referida plataforma. Quando lá chegou, o jovem inglês resolveu divulgar a mentira e afirmou que depois de conseguir transformar o seu jardim no melhor restaurante de Londres, nada é impossível.
A história vem a propósito das percepções. E falando de percepções, vale a pena analisar a política nacional. O investimento público é o mais baixo dos últimos anos, a economia é impulsionada pelo estímulo ao consumo que, obviamente, estimula o capital e, finalmente, a carga fiscal por via dos impostos indirectos aumentou, o que significa que não há diferença na carga fiscal dos mais pobres e dos mais ricos. Esta é a fórmula para fazer crescer a economia e controlar o défice público em Portugal.
São políticas estranhas para um governo suportado por partidos de esquerda, mas a percepção é que terminou a austeridade e que tudo corre bem. Aquelas políticas não têm nada de esquerda, mas não é essa a percepção pública. Se juntarmos a este caldo, o facto da dívida pública em valor absoluto continuar a aumentar, que mais de metade dos países da União Europeia cresce mais do que Portugal, que os serviços públicos se têm manifestamente degradado ou ainda que, simplesmente, não se reforma uma palha na estrutura do Estado, não estou assim tão optimista sobre o que se irá passar dentro de alguns anos.
Talvez o marketing político nos vá ditando coisa diferente, talvez o actual governo esteja preocupado com questões estruturantes, mas os princípios de base destas políticas não coincidem com a retórica. Na realidade, quando a economia corre bem e o desemprego diminui, a política interessa menos e a análise fica menos clara, mas, não nos enganemos porque o jardim não é, de todo, um restaurante.
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