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Pombal “já era um exemplo” no sector florestal

18 de Maio 2018

O interesse pela floresta e o empenho em aplicar boas práticas nestes espaços são preocupações que na maior parte dos concelhos a nível nacional chegaram há poucos meses, sobretudo depois dos incêndios que assolaram o país no ano passado. Mas Pombal não faz parte dessa maioria, pois há já vários anos vem apostando no sector e prova disso é que “o fogo de 15 e 16 de Outubro parou logo que entrou no concelho de Pombal”.

“No nosso concelho, o trabalho ao nível das florestas não é de agora”, realça o presidente da Associação de Produtores Florestais de Pombal (APFP), Carlos Silva, argumentando que “o trabalho que se está a fazer este ano a nível nacional já nós fazemos em Pombal há vários anos, com custos para o próprio Município, e a Feira Nacional da Floresta surge exactamente no contexto desse trabalho desenvolvido pela Câmara Municipal”.

Aliás, “a primeira Feira da Floresta divulgou muito o trabalho que é feito em Pombal ao nível das florestas, com uma comparticipação do Município há já vários anos, nomeadamente nas faixas de gestão de combustível”. Contudo, apesar do certame ter contribuído para “algumas mudanças, em Pombal não foram tão notórias, porque o concelho já era um exemplo nessa área”, frisa Carlos Silva, argumentando que “a própria evidência é que o fogo de 15 e 16 de Outubro parou logo que entrou no concelho de Pombal”.

“Este facto quer dizer alguma coisa, quer dizer que os matos estavam limpos”, considera aquele dirigente, constatando que “a floresta no concelho de Pombal está muito bem tratada, porém ainda podia estar melhor, mas para isso eram precisos incentivos”.

“Continuo a dizer que enquanto não houver um estímulo por parte das entidades públicas a floresta não nos dá rendimento”, defende Carlos Silva, reiterando que “os produtores florestais têm de ser apoiados pelo nosso Governo”. “Tal como o sector agrícola é apoiado, o sector florestal também o devia ser”, pois é inconcebível que “os proprietários florestais sejam tributados pelo valor da madeira que vendem e não possam deduzir em IRS a despesa efectuada com a floresta”.

Aliás, “isso era uma mais-valia e um estímulo para as pessoas limparem a floresta, porque neste momento os proprietários só estão a fazer essa limpeza com medo das multas, passando esta onda e a época de fogos volta tudo ao mesmo, pois o pequeno propriétário florestal não consegue tirar rendimento”.

Actualmente, “são as pessoas de mais idade que continuam a trabalhar a floresta” e são elas que “sabem o trabalho que dá cortar o mato, limpar, desbastar e preparar a floresta para depois ter algum rendimento, que vai todo por água abaixo quando o fogo passa”. “Ora, é aqui que o Estado tem de dar garantias para que o custo da madeira seja sempre o mesmo, independentemente de estar ou não queimada”, tal como “é aqui que o Estado tem de dar uma comparticipação àqueles que cuidam a sua própria floresta”, refere Carlos Silva, salientando que “toda a gente fala dos fogos, mas muita dessa gente não sabe o trabalho que dá cuidar dela”.

Por isso, “a Feira Nacional da Floresta também serve para chamar a atenção para todas estas questões”, considera aquele responsável, salientando que o certame “tem como objectivo divulgar as novas tecnologias aplicáveis à floresta, quer ao nível dos novos equipamentos, quer ao nível das boas práticas”.

Mas afinal de que forma é que os proprietários poderão tirar proveito desta feira para valorizar e tirar mais partido das suas parcelas florestais? “Só vejo uma forma dos proprietários tirarem algum proveito deste certame, é virem à Feira Nacional da Floresta para adquirirem os conhecimentos que lá estão a ser divulgados”. Todavia, “essas mais-valias serão para executar o próprio serviço”, alerta, deixando uma interrogação: “haverá rentabilidade na própria floresta para o proprietário a cuidar? Eu continuo a dizer que enquanto não houver um estímulo por parte das entidades públicas e do nosso Estado, a floresta não nos dá rendimento”.

 

“APFP está muito bem”

A Associação de Produtores Florestais de Pombal é uma associação sem fins lucrativos que tem como objectivos apoiar os produtores e proprietários florestais, bem como promover os recursos florestais, a defesa da floresta contra incêndios e a valorização ambiental e cultural do espaço florestal, através de boas práticas florestais. Além disso, a APFP está também a colaborar na gestão das faixas de combustível, que estão a ser feitas com a colaboração do Município de Pombal e das juntas de freguesia do concelho.

Actualmente, “a APFP está muito bem”, assegura Carlos Silva, alegando que “tínhamos duas equipas de sapadores e fomos contempladas com uma terceira”. Contudo, a APFP “está mal nos pagamentos prestados, o que atrasa os pagamentos aos nossos sapadores e isso está a complicar a vida da associação”. “De resto está bem”, afinal “a APFP não deve nada a ninguém, tem mais de 400 sócios, 15 funcionários, instalações próprias e equipamentos próprios”.

CARINA GONÇALVES


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